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Meu nome é Gal: dos palcos à eternidade; quem foi Gal Costa

Uma das maiores cantoras da história da música brasileira, Gal morreu aos 77 anos.

Por Eric Luis Carvalho, g1 BA — Salvador


Gal Costa no show 'As várias pontas de uma estrela' — Foto: Manu Scarpa / Divulgação

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aria da Graça Costa Penna Burgos. Uma voz, um amor à primeira vista. Uma das maiores cantoras da história da música brasileira. Nascida em 26 de setembro de 1945, em Salvador, Gal sai de cena precocemente neste 9 de novembro de 2022 aos 77, deixando o país em choque e em luto.

Filha de Mariah Costa Penna, Gal dizia ter sido a mãe a sua maior incentivadora. Em 1959, Gal escutou pela primeira vez João Gilberto, e a partir de então seria uma eterna seguidora.

Em 1964, participa ao lado dos parceiros Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé e outros de 'Nós, por exemplo', aclamado espetáculo que marcou a inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador.

Três anos depois, ao lado de Caetano Veloso, forma a dupla 'JoaoGilbertiana' de que mais se orgulharia. Juntos lançam 'Domingo', primeiro disco de ambos. Já ali a voz de Gal ecoa por todos os cantos de um país que começa a reconhecer uma estrela.


João Gilberto, Gal Costa e Caetano Veloso reunidos durante apresentação em julho de 1980 — Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo

Seu primeiro disco solo de estúdio viria no ano seguinte, carregando seu nome. Com composições do próprio Caetano, Roberto e Erasmo, Tom Zé, Jorge Ben, Gil, Torquato Neto e Rosil Cavalcanti, Gal Costa se tornou uma das figuras mais importantes da Tropicália. 

A partir daí, foi história. Gal deu voz a canções históricas na música brasileira. Lupicínio Rodrigues, Adoniran Barbosa, Dorival Caymmi, Waly Salomão, Jards Macalé, Luiz Melodia, Caetano Veloso. Artistas clássicos ou novatos, pouco importava, Gal deu voz a todos. E teve papel fundamental em elevá-los uma grandeza ímpar na história da música.

A voz que dizia 'Meu nome é Gal, eu amo igual' seguiu ampliando horizontes e parcerias. Djavan, Chico Buarque, Edu Lobo, Tunai, Sérgio Natureza, Moraes Moreira, Milton, Fernando Brant, Lulu Santo, Arnaldo Antunes, João Donato, Marília Mendonça. Por onde andou, Gal agregou, somou. Cantou o amor e histórias de mulheres fortes, tigrezas. 

Em 1985, se apresentou pela primeira vez no Carnegie Hall de Nova York, onde 23 anos antes, Tom Jobim e João Gilberto apresentaram a Bossa Nova ao mundo.


Gal Costa e Caetano Veloso se abraçam durante gravação do 'Altas Horas' — Foto: Divulgação/Globo/Arquivo

De seios à mostra, nos anos 90, Gal cantou Brasil, de Cazuza, Nilo Romero e George Israel. Fatal, Gal nunca parou de dar a seu público mostras de que seguia firme no seu propósito de cantar o amor, as alegrias, os dramas. 

Ao lado de Gil, Bethânia e, de novo, Caetano, Gal fez dos Doces Bárbaros o seu 'quadrado mágico', a maior parceria. Em cima de um trio no carnaval de Salvador ou nos palcos, ajudou a mostrar ao mundo o que de melhor havia na Bahia.


Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa e Caetano Veloso durante apresentação dos Doces Bárbaros em agosto de 1978 — Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo

Após viver por mais de 20 anos no Rio, voltou para a Bahia na década de 1980 e ficou até o meio da década de 2010. Se mudou para São Paulo, e passou a dividir o amor à música com um amor ainda maior, a Gabriel, o filho, hoje com 17 anos.

Apesar da precoce e chocante partida, Gal nos deixa com a mensagem de quem viveu com prazer por toda a vida.

"Eu gosto da vida que eu tenho. Eu não quero parar. Quando a gente fica mais velho, a gente gosta, principalmente aquela pessoa que não quer se entregar, mas eu gosto do que eu faço", disse à TV Bahia, em 2020.


Gal costa — Foto: Arquivo pessoal

A mulher que sai dos palcos e deixa o Brasil enlutado nesta quarta-feira será para sempre reconhecida como uma voz potente da música, no candomblé, do terreiro dos Gantois, da liberdade, das mulheres, do seu povo. Como cantou o histórico samba da Mangueira de 1994, Gal foi "a flor na festa do interior". Uma flor agora eterna. 

 

túnel do tempo: A HISTÓRIA POR TRÁS DO APELIDO GAL COSTA E O VERDADEIRO NOME DA CANTORA


Imagem da artista Gal Costa - Reprodução
 

O Brasil recebeu a dura notícia da morte de Gal Costa nesta quarta-feira, 9. Aos 77 anos, a cantora, que se tornou um dos maiores nomes da música popular brasileira, deu seu último suspiro. A informação foi confirmada pela equipe da artista ao site Aventuras na História, que ainda não informou maiores detalhes sobre a causa da morte da cantora.

Com uma voz única e talento notável, Galfascina diferentes gerações. A artista se apresentaria no último final de semana no festival Primavera Sound, todavia, a sua participação no festival fora cancelada de última hora. A equipe da cantora informou que ela se afastaria dos palcos para se recuperar da retirada de um nódulo.

Nasce o apelido

Em entrevista ao Jô Soares em 2013, a cantora falou sobre o tema. "Eu inseri no meu registro o Gal. Ficou Gal Maria da Graça Penna Burgos Costa, porque quando eu viajava ficava Borges Maria, e quem é Borges Maria?", disse a cantora em tom bem-humorado.

Mas quem a apelidou assim? O nome Gal foi uma ideia de Guilherme Araújo, produtor, que removeu o 'Maria da Graça' dos shows. Todavia, a escolha não agradou a todos. O site Memória da Ditadura repercute que o ilustre Caetano Veloso não achou uma boa escolha. 

Isso porque 'Gal' é uma abreviatura de 'General', assim relacionando indiretamente a cantora ao General Costa e Silva, então presidente do Brasil durante a ditadura militar.

Quem foi Gal Costa? Conheça a história e as músicas mais famosas da cantora

Considerada uma das principais vozes da MPB e ícone da cultura brasileira, a artista morreu aos 77 anos nesta quarta-feira, 9 

Cantora cancelou apresentação marcada para semana passada; causa da morte ainda não foi divulgada (Fernando Frazão/Agência Brasil) 

Gabriel Aguiar 

 


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 cantora Gal Costa, considerada uma das principais vozes da música brasileira, morreu aos 77 anos nesta quarta-feira, 9. Distante dos palcos desde setembro, quando se apresentou durante o festival Coala, em São Paulo, a artista se recuperava de uma cirurgia para retirada de nódulo na fossa nasal direita e deveria ficar afastada até novembro. Recentemente, cancelou a participação no Primavera Sound, realizado no último fim de semana, sendo substituída nos palcos por Liniker. 

Como começou a carreira de Gal Costa 

Nascida em Salvador em 26 de setembro de 1945, Maria da Graça Costa Penna Burgos estreou nos palcos ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé no espetáculo Nós, Por Exemplo..., em 1964. Mudou para o Rio de Janeiro logo em seguida para se dedicar à carreira. E deu certo: participou do primeiro Festival Internacional da Canção, em 1966, e do primeiro LP com Caetano no ano seguinte. Mas o reconhecimento veio no álbum Tropicália ou Panis et Circencis (1968). 

Décadas de 1960, 1970 e 1980 

Ainda na década de 1960, a artista laçou o primeiro disco solo, batizado Gal Costa, que já trazia hits como BabyDivino MaravilhosoNão identificado e Que pena – de autoria de Jorge Benjor que também ficou conhecida pela frase “Ele já não gosta mais de mim, mas eu gosto dele mesmo assim”. Nos anos 1970, em plena ditadura militar, lançou músicas de sucesso, como Vapor Barato e Sua Estupidez, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, além de Índia, do álbum homônimo. 

Claro que também há outras músicas consideradas obras-primas da carreira da baiana, como A rã, de 1974, e até mesmo a reinterpretação de Modinha para Gabriela, de Dorival Caymmi, tema para abertura da novela Gabriela, da TV Globo. Só que o primeiro Disco de Ouro veio com o álbum Água Viva (1978), famosa pelas canções Folhetim e Paula e Bebeto, pouco antes de dar voz a Força Estranha, que também é considerada uma das principais canções de Roberto Carlos

Na virada para a década de 1980, o perfil de Gal Costa se afasta do movimento tropicalista e se torna mais pop, com sons mais comerciais, como Aquarela do BrasilCanta Brasil e Festa do interior. Ainda apresentou a reinterpretação do Azul, composta por Djavan, bem como músicas de sucesso, como EternamenteChuva de PrataNada maisCanção da AméricaSorte ou até Um dia de domingo, com Tim Maia. Em 1988, gravou a abertura de Vale Tudo, da TV Globo. 

Década de 1990 e anos 2000 

Em meados dos anos 1990, a cantora lançou o álbum Mina d'água do meu canto, somente com as criações de Caetano Veloso e Chico Buarque, o que incluía o hit Futuros amantes. Em 1997, gravou o CD Acústico MTV, com retrospectiva de alguns dos maiores sucessos da carreira, além da versão de Lanterna dos Afogados junto com o autor Herbert Vianna, que também era vocalista do Paralamas do Sucesso. Em 1999, ainda lançou um álbum dedicado às composições de Tom Jobim. 

Nos últimos 20 anos foi reconhecida no Hall of Fame do Carnegie Hall, em Nova York, nos EUA — e se tornou a única cantora brasileira homenageada pela tradicional sala de espetáculos —, além de seguir com turnês e lançamentos de discos. E se os grandes sucessos continuaram como protagonistas, Gal Costa também apresentou novas músicas, inclusive com obras de talentos da atualidade, como Céu, Criollo, Artur Nogueira, Malu Magalhães no álbum Estratosférica, gravado em 2015. 

GAL COSTA



Gil e Caetano (centro) apresentaram, no final de 1968, o programa Divino Maravilhoso, na TV Tupi, em que recebiam músicos como (da esq. para a dir.) Jorge Ben, Rita Lee, Gal Costa, (agachados) Sérgio Dias e Arnaldo Baptista.

Memórias da Ditadura 

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aetano Veloso chiou quando o produtor Guilherme Araújo decidiu chamá-la de Gal. Nos primeiros shows e no primeiro compacto, seu nome constava dos programas como Maria da Graça. Guilherme tinha razão: parecia nome de cantora de fado de antigamente. Em Salvador, a maioria a conhecia por Gracinha. Os íntimos a chamavam de Gau, com “u”, forma predominante na Bahia. Guilherme preferiu Gal com “l”. Dizia que a outra opção, com “u”, soava menos feminina.

Caetano não gostou: Gal era abreviatura de General. E, naquele momento, Gal Costa tornava-se homônimo do então presidente Gal. Costa e Silva. Se fosse para chamar Gal, que fosse apenas Gal, sem nenhum sobrenome. Não teve jeito. A cantora gostou da proposta e surgiu assim na capa do primeiro LP, Domingo, gravado em dupla com Caetano em 1967.

Naquela época, o ídolo de Gal era o conterrâneo João Gilberto. Havia até quem a chamasse de João Gilberto de saias. Seu timbre era sereno, macio. Estreara em disco em 1965, cantando “Sol Negro“, composição de Caetano, em duo com Maria Bethânia no primeiro LP dela. No ano seguinte, seu primeiro compacto trouxe “Sim, foi você”, de Caetano, e “Eu vim da Bahia “, de Gilberto Gil.

Do LP partilhado em 1967, nasceu seu primeiro hit, o samba-canção “Coração  Vagabundo“, muito mais para “Insensatez” do que para “Alegria, Alegria”, que Caetano defenderia no Festival Internacional da Canção daquele ano. Em 1968, registrou nada menos que quatro faixas no álbum-manifesto Tropicália: “Baby” e “Enquanto Seu Lobo Não Vem”, de Caetano, “Mamãe Coragem”, de Caetano e Torquato, e “Parque Industrial”, de Tom Zé. E antes que o ano terminasse, defendeu “Divino, Maravilhoso” no Festival da Record. Composta por Caetano e Gil, a música inspiraria a criação de um programa de TV dedicado à turma da tropicália, que, entretanto, não sobreviveria ao final do ano.

Em troca da generosa menção que recebera na letra de “Baby”, Roberto Carlos resolveu presentear Gal Costa com uma canção feita especialmente em sua homenagem. “Meu Nome é Gal” foi gravada no primeiro álbum solo da cantora, já em 1969, ao lado de “Divino, maravilhoso” e outros sucessos imediatos. A canção revelou-se intuitiva ao recuperar, sem que o Rei soubesse, a mesma argumentação feita anos antes por Caetano: Gal dispensaria sobrenomes (“Meu nome é Gal / e desejo me corresponder com um rapaz que seja o tal / (…) E se um dia eu tiver alguém com bastante amor pra me dar / Não precisa saber sobrenome / Pois é o amor que faz o homem”). A tréplica viria com a inclusão de “Sua Estupidez”, de Roberto e Erasmo, no show e no álbum A Todo Vapor, de 1971.

Na década de 1970, Gal tornou-se musa dos hippies. Com pouca roupa e muita coragem, botava uma flor no cabelo, tomava um violão e encarava o palco sozinha, de pernas abertas. Trouxe o guitarrista Lanny Gordin para lhe fazer companhia entre solos dignos de Jimi Hendrix e encarou a plateia entoando algumas canções à capela.

No disco seguinte, Índia, Gal apareceu seminua na capa, regravou a guarânia que dava nome ao álbum, ousou imitar sons de pássaros e fechou os trabalhos com a já saudosa “Desafinado”, de João Gilberto. Mulher de fases, Gal amadureceria como cantora no final da década e trocaria a onda hippie por uma aparência e um repertório mais comerciais, aproximando-se do pop e da música romântica, consolidando-se como fiel representante do que viria a ser a MPB na década seguinte.

Biografia de Gal Costa


Por Dilva Frazão
 

Gal Costa (1945-2022) foi uma cantora brasileira, uma das mais bonitas e ousadas vozes da Música Popular Brasileira.

Maria das Graças Penna Burgos, conhecida como Gal Costa, nasceu em Salvador, Bahia, no dia 26 de setembro de 1945. Filha de Arnaldo Burgos e Mariah Costa Penna ficou órfã de pai com 14 anos de idade. Trabalhou como balconista de uma loja de discos em Salvador. Em 1963 conheceu Caetano Veloso, apresentada por Dedé Gadelha, sua vizinha e amiga e futura esposa do cantor.

Em 1964 participou do show “Nós, Por Exemplo”, ao lado de Caetano, Gilberto Gil, Bethânia e Tom Zé, na inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador. Em 1965, muda-se para o Rio de Janeiro e lança seu primeiro disco, gravado ao lado de Caetano Veloso, um compacto com as músicas “Sim, Foi Você”, de Caetano e “Eu Vim da Bahia” de Gilberto Gil. Em 1966 participou do I Festival Internacional da Canção com a música “Minha Senhora” de Gilberto Gil e Torquato Neto.

Em sua fase “tropicalista”, que absorveu influências do canto rasgado de Janis Joplin e da “psicodelia” de Jimi Hendrix, lançou seu primeiro disco solo “Gal Costa” (1969), com as músicas “Baby”, “Divino Maravilhoso”, “Que Pena” e "Não Identificado", que alcançaram grande sucesso. Em 1971 lançou “Fa-Tal: Gal a Todo Vapor”, gravado ao vivo, que serviu para carregar a bandeira do Tropicalismo, enquanto seus dois principais compositores, Caetano e Gil, estavam no exílio. O disco traz grandes sucessos, entre eles: “Chuva Suor e Cerveja”, “Como 2 e 2” e “Pérola Negra”. Em 1975 grava a música de abertura da novela Gabriela, a canção “Modinha para Gabriela”, de Dorival Caymmi, que faz grande sucesso.


Em 1979, Gal Costa se distanciou do repertório roqueiro e se consagrou como a intérprete de MPB e lançou “Gal Tropical” onde cantou alguns de seus maiores sucessos como: “Balancê”, “Força Estranha”, “Índia” e “Meu Nome é Gal”. Em 1980 Gal lançou “Aquarela do Brasil”, onde reuniu músicas de Ary Barroso, entre elas: “Aquarela do Brasil”, “É Luxo Só”, “Na Baixa do Sapateiro”, “Camisa Amarela” e “No Tabuleiro da Baiana”.

A aclamação popular de Gal Costa, que já havia se desenhado nos sucessos “Festa do Interior”, “Meu Bem Meu Mal” e “Açaí”, do disco “Fantasia” (1981) vai se consolidar com o disco “Bem Bom”, de 1985 – o mais vendido da cantora, com um balanço vanguardista de Arrigo Barnabé (a faixa-título) e da dupla, Michael Sullivan e Paulo Massadas, com a música “Um Dia de Domingo”, em dueto com Tim Maia.

A partir da segunda metade dos anos 1990, Gal Costa passou a reler suas antigas gravações. Em 2001, foi incluída no Hall of Fame do Carnegie Hall, sendo a única cantora brasileira a entrar no Hall, após participar do show “40 anos de Bossa Nova”, em homenagem a Tom Jobim. Em 2005 lançou o álbum “Hoje”.

Em 2011, Gal Costa lançou o álbum “Recanto”, concebido e composto por Caetano Veloso, o disco tirou a cantora de um autoexílio fonográfico de seis anos. Em 2015, Gal Costa lançou “Estratosférica”, em três formatos – LP, CD e download. O repertório reúne as músicas “Sem Medo, Nem Esperança”, “Casca”, “Anuviar”, “Ecstasy”, “Dez Anjos”, entre outras.

Gal Costa faleceu no dia 09 de novembro de 2022, com 77 anos.

Coletânea das Músicas de Gal Costa

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