Na chácara desejada pelos criminosos, moravam Marcos Antônio Lopes de Oliveira, a mulher e uma filha, além de dois suspeitos do crime. Quatro investigados vão responder por seis crimes.
Por Iana Caramori, g1 DF
Polícia detalha investigação sobre chacina de 10 pessoas da mesma família no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Os assassinatos de dez pessoas da família da cabeleireira Elizamar da Silva foram motivados por uma chácara avaliada em R$ 2 milhões. A informação foi confirmada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), na manhã desta sexta-feira (27).
No terreno, moravam Marcos Antônio Lopes de Oliveira, Renata Juliene Belchior e Gabriela Belchior. Eles eram sogro, sogra e cunhada da cabeleireira, respectivamente.
Dois suspeitos do crime, Gideon Batista de Menezes e Horácio Carlos Ferreira Barbosa, também moravam no local, a convite do sogro de Elizamar, segundo a Polícia Civil.
Além de Gideon e Horácio, pelo menos outras quatro pessoas tiveram envolvimento no crime, segundo o delegado Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia, no Paranoá. Os investigados são: Fabrício Silva Canhedo, Carlomam dos Santos Nogueira, Carlos Henrique Alves da Silva e um adolescente.
As investigações sobre o caso começaram com o desaparecimento de Elizamar e dos três filhos pequenos, no dia 12 de janeiro. Os corpos das vítimas foram encontrados carbonizados no carro da cabeleireira, em Cristalina (GO).
Nos dias seguintes, a polícia encontrou um outro carro carbonizado com dois corpos, em Unaí (MG), e registrou o desaparecimento de outras seis pessoas. Todas foram encontradas mortas, sendo que os últimos três corpos foram localizados na terça-feira (24).
As vítimas do crime são:
· Elizamar Silva, de 39 anos: cabeleireira;
· Thiago Gabriel Belchior, de 30 anos: marido de Elizamar Silva;
· Rafael da Silva, de 6 anos: filho de Elizamar e Thiago;
· Rafaela da Silva, de 6 anos: filha de Elizamar e Thiago;
· Gabriel da Silva, de 7 anos: filho de Elizamar e Thiago;
· Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos: pai de Thiago e sogro de Elizamar;
· Renata Juliene Belchior, de 52 anos: mãe de Thiago e sogra de Elizamar;
· Gabriela Belchior, de 25 anos: irmã de Thiago e cunhada de Elizamar;
· Cláudia Regina Marques de Oliveira, de 54 anos: ex-mulher de Marcos Antônio;
· Ana Beatriz Marques de Oliveira, de 19 anos: filha de Cláudia e Marcos Antônio.
Dinâmica do crime
As investigações apontam que o crime começou em 28 de dezembro do ano passado, quando Marcos Antônio, Renata e Gabriela foram rendidos por Carlomam e o adolescente. A família foi levada para um cativeiro, em Planaltina. Marcos acabou sendo baleado e morto.
Além da chácara, o grupo queria R$ 200 mil obtidos por Cláudia Regina com a venda de uma casa. Por este motivo, no início de janeiro, os criminosos também sequestraram Cláudia e Ana Beatriz, que foram levadas até o cativeiro de Planaltina.
Por fim, o grupo atraiu Thiago, a esposa Elizamar e os três filhos do casal. Todos foram mortos em diferentes momentos ao longo dos dias em que ficaram sob ameaça dos criminosos.
Enquanto estavam no cativeiro, os membros da família foram obrigados a passar dados pessoais sobre contas bancárias e cartões de crédito para os criminosos, segundo os investigadores.
De acordo com a polícia, Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa e Carlomam dos Santos Nogueira eram os principais articuladores dos crimes. Já Fabrício Silva Canhedo era responsável por cuidar das vítimas que ficavam no cativeiro.
A polícia afirma que o quinto suspeito, Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como Galego, participou do sequestro e da morte de Thiago.
Já o adolescente envolvido nas mortes foi chamado para participar da primeira parte do crime, quando Marcos Antônio foi morto e Renata e Gabriela foram sequestradas. Ele teria desistido de continuar no esquema por causa da crueldade do crime, segundo o delegado Ricardo Viana.
Segundo os investigadores, os quatro principais envolvidos – Gideon, Carlomam, Horácio e Fabrício – serão investigados pelos crimes de:
· ocultação/destruição de cadáver;
· extorsão mediante sequestro com resultado morte;
· homicídio qualificado (5 vezes);
· latrocínio;
· associação criminosa qualificada;
· corrupção de menor qualificada.
Somadas as penas variam entre 190 a 340 anos de prisão, de acordo com a corporação.
Carlos Henrique deve responder pelo crime de homicídio, enquanto a responsabilização do adolescente será decidida pela Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA I), na Asa Norte.
Terreno
De acordo com a Polícia Civil, o terreno que motivou os crimes não era de propriedade de Marcos Antônio e é alvo de uma ação judicial de reintegração de posse, movida pela atual proprietária.
Os investigadores apontam que Marcos Antônio assumiu a dívida trabalhista de um caseiro que havia no terreno como forma de pagamento para morar na chácara. "A atual proprietária tentava tirar Marcos do local", afirma o delegado Ricardo Viana.
Para os investigados, segundo a corporação, a morte de toda a família faria com o que o terreno não tivesse herdeiros. Desta forma, eles poderiam assumir a posse da chácara e vendê-la posteriormente. A polícia ainda não identificou se já havia um comprador.
Prisões
Os cinco suspeitos presos por envolvimento na chacina da família são:
1. Gideon Batista de Menezes;
2. Horácio Carlos Ferreira Barbosa;
3. Fabrício Silva Canhedo;
4. Carlomam dos Santos Nogueira;
5. Carlos Henrique Alves da Silva.
Gideon trabalhava com Marcos Antônio, uma das vítimas. O delegado do caso afirma que o suspeito foi encontrado com as mãos queimadas.
Já Horácio confessou o crime à polícia e chegou a dizer que os assassinatos foram encomendados por duas das vítimas – Thiago Belchior e seu pai, Marcos Antônio. No entanto, posteriormente, a polícia constatou que eles também foram mortos na chacina.
Fabrício foi preso em seguida e seria responsável por manter parte das vítimas em cativeiro.
O quarto suspeito, Carlomam, se entregou à polícia nesta quarta-feira (25). As investigações apontam que ele conhecia as vítimas e pelo menos um dos outros suspeitos.
Por fim, Carlos Henrique foi preso na quinta-feira (26). Ele é suspeito de participar do sequestro e da morte de Thiago.
Antes, na noite de terça-feira, um adolescente de 17 anos foi apreendido pela Polícia Militar, suspeito de participação na chacina. Segundo a corporação, ele confessou a participação no crime. No entanto, como não havia situação de flagrante nem mandados válidos contra o rapaz, ele foi liberado. A Polícia Civil pediu à Justiça que determine a internação dele.
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