Segundo a pasta, medida busca
sanar desassistência em saúde nos territórios, como o Yanomami, onde o caos
sanitário fez o governo federal decretar emergência de saúde pública.
Por Roberto Peixoto, g1
Crianças Yanomami com desnutrição severa são atendidos por equipes do Ministério da Saúde — Foto: Condisi-YY/Divulgação
O Ministério da Saúde anunciou neste domingo (22) que por causa da
desassistência sanitária da população do território Yanomami estuda acelerar um
edital do Programa Mais Médicos para recrutar profissionais para atuação nos
Distritos Sanitários Indígenas (Dsei).
Segundo a pasta, o recrutamento seria de
médicos tanto formados no Brasil como no exterior, e a atuação seria de maneira
permanente, inclusive no Dsei Yanomami, onde
quase 100 crianças morreram no ano passado, segundo o Ministério dos Povos
Indígenas.
Os Dsei são unidades de responsabilidade
sanitária federal e correspondem a uma ou mais terras indígenas.
“Tínhamos um edital só para brasileiros. Só em seguida que faríamos um
edital para brasileiros formados no exterior e, depois, para estrangeiros.
Frente à necessidade de levarmos assistência à população dos distritos
indígenas, especialmente aos Yanomami, queremos fazer um edital em que todos se
inscrevam de uma única vez”, explica o secretário de Atenção Primária à Saúde,
Nésio Fernandes.
Ainda de acordo com a pasta, a medida é uma das ações da Sala de
Situação, criada na sexta-feira (20), para apoiar ações de
enfrentamento à desassistência dos povos que vivem no território Yanomami.
Criado na gestão de Dilma Rousseff (PT) em 2013, o programa Mais Médicos
sofreu resistências do último governo, que decidiu criar um novo programa em
2019, o Médicos pelo Brasil, para substituir o programa petista.
Como mostrou o g1, na prática, isso não aconteceu. Até então, os
dois programas estavam existindo de forma concomitante. E,
segundo o secretário do Ministério da Saúde, não foram suficientes para
preencher as vagas no interior e em periferias, áreas que mais sofrem com a
falta de médicos na atenção básica.
Ainda de acordo com Fernandes, com o edital único, quando esgotarem as
vagas para brasileiros, aquelas remanescentes automaticamente irão para os
brasileiros formados no exterior. Persistindo a vacância, as vagas irão para
estrangeiros que queiram participar, de modo que haja um processo mais célere.
A ideia é otimizar o trabalho e suprir o atendimento nos distritos indígenas.
"A Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) está garantindo recursos para um edital em andamento, em que há 77 médicos alocados em Dsei. O Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami é um dos que mais carece de profissionais entre os territórios, com apenas 5% das vagas ocupadas. Por isso, a necessidade de um novo edital formulado já a partir desta semana, contemplando a necessidade da saúde indígena", informou o ministério.
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