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Revista da TV: Televisão e Educação - São Paulo na TV


O sr. Roque Spencer Maciel de Barros escreveu um inteligente artigo no “Jornal da Tarde” de 19 de junho último. Reclama o comentarista contra o trabalho de “deseducação estética da população” exercido pela televisão e pleiteia para ela o papel de uma escola privada que preste “um serviço real à Nação, dando aos seus programas um caráter fundamentalmente cultural e educativo”. Em todas as dissertações deste gênero – e o digo sem intenção de polemizar com o sr. Spencer Maciel, mas apenas a de entrar na conversa que ele iniciou – observo sempre a presença de um idealismo exacerbado pelo desejo sincero de servir, de melhorar, de transformar, de trocar o mau pelo bom, de substituir o inútil pelo útil. E, então, sentimo-nos vagar por umas nuvens muito brancas, muito lindas, mais intangíveis. Seria excelente se as grandes utopias da humanidade pudessem ser postas em práticas, mas creio que, se isso acontecesse, perderiam imediatamente o seu caráter essencial de Utopia. Tornar-se-iam irremediavelmente manchadas pela condição humana. “Nossos homens de televisão – acentua o sr. Maciel – fazem, geralmente, mau juízo dos expectadores, acreditando que estes só se interessam pelos dramalhões, pela música de duvidoso valor, pelo humorismo grosseiro e primário”. Julgo, de boa fé, que “os nossos homens da televisão” não pensam absolutamente assim. É falso que só pensem em lucros, sem se importar com o espetáculo em si. É falso porque uma coisa está ligada à outra, são causa e consequência. Mesmo que fosse assim, mais uma razão para eles não se importarem em apresentar uma peça de Sartre no lugar de um dramalhão, uma música de valor real no lugar de um humorismo duvidoso, de um humorismo fino no lugar de um humorismo grosso. Para ele tanto faria, desde que lhe trouxesse lucro (a julgar pelo pensamento do Sr. Maciel). Mas porque ele faz o que faz? Será que os seus anos de tarimba, suas tentativas fracassadas, seu contato com o público, enfim, seu faro apoiado na experiência (mesmo que seja um faro mesquinho que só procura o lucro) não o encaminharam para o tipo certo de espetáculo procurado nos receptores? Algumas perguntas que deve ser respondidas com exemplos práticos e não apenas com teorias utópicas: o que é o bom espetáculo? Em termos relativos, considerando o público que o assiste, qual é o bom espetáculo? O Beriozca ou o Cirquinho do Arrelia? Poderíamos fazer televisão só na base do Beriozca? Outra coisa: consagra-se um grande respeito a “Os Miseráveis”, de Victor Hugo ou “As Minas de Prata”, de José de Alencar.
























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