Grandes Perfis Placar: Fluminense Football Club

Gérson: Um intelectual da Bola

A definição de Zagalo, um dos poucos que Gérson respeita como técnico de futebol.

- Ele é um intelectual da bola, o meia-armador mais perfeito que vi em toda a minha vida. Alguns dirão: e o Didi? Bem, direi eu, Didi alcançava bem, driblava curto, chutava maliciosamente – e isso o Gerson também faz. O que o Gérson faz o Didi não fazia é desarmar os adversários.

Houve tempo, porém em que este Fluminense de Niterói, que diz ter nascido a 11 de janeiro de 1941, não acreditava em sua própria capacidade de defender. Foi em 1962, na partida final do Campeonato Carioca, contra o Botafogo. Gérson já era craque de Seleção, ídolo do Flamengo, e o técnico Flávio Costa escalou-o na ponta esquerda, preocupado em que alguém ajudasse Jordan a marcar Garrincha.

- No mesmo instante mostrei a ele a burrice que estava fazendo. Ora bolas, se o Jordan, que era lateral dos bons, não conseguia segurar o Garrincha, como é que eu, que não entendia nada de marcação ia conseguir? Fiz uma partida horrível e perdemos feio, como eu já havia previsto.

Jogou mal porque não sabia ou jogou mal porque não quis jogar.

A rebeldia e a fortuna

Ali Gérson começava a ficar marcado como um jogador rebelde, medroso, desleal – mas tinha início, também, a fortuna que amealhou com um futebol superior a todas as imagens.

Nunca ninguém lhe negou que é bom pai de duas meninas e marido dedicado à casa – luxuosíssima mansão em Icaraí, onde Maria Helena recebe a sociedade para jantares ao som de violinos e piano, custeados por uma renda mensal de 40 000 cruzeiros só de aluguéis.

Também lhe negam a qualidade da franqueza – até demais.

- Sou assim mesmo e morrerei reclamando das coisas que achar erradas. Não queria deixar o futebol brigado com o meu clube, mas os dirigentes tentaram me humilhar e isso eu não admito. Aliás, minha briga sempre foi contra esse tipo de cartola, que se julga dono do clube e dos jogadores. Desde o início, procurei manter o comportamento de atleta e de homem, mas isso custa caro nesta profissão.

Fonte: Revista Placar