Ter o meu PernambucoPara chamar de meuEm um encontro frustradoQue comigo aconteceuO palácio era um sonhoNo meu lamentar tristonhoTão distante me pareceu
No vago tempo que tiveParecia prazerosoCaminhar para encontrarA história do meu povoFiquei apenas na praçaAdmirando com graçaO que não pude ver de novo
Somos escravos do tempoDas grades da intolerânciaDos castelos vigiadosDo medo da insegurançaAté o teatro é escravoCom seu passado fechadoSem nem pensar em mudança
Pernambuco é lindo. Recife, apesar das ruas sujas que encontramos no percurso de 6 quilômetros que fizemos para conhecer de perto o Palácio do Campo das Princesas, o suntuoso prédio do Tribunal de Justiça de Pernambuco, o Teatro Santa Isabel, a Assembleia Legislativa de Pernambuco, depredada e abandonada, a Praça da República e um esgoto a céu aberto no entorno de todos, jorrando fedentina como se ali os resíduos despejados nos Rios Capibaribe e Beberibe fossem algo normal. E não tem como negar.
Raro o encontro de um sertanejo do Araripe, distante quase 700 quilômetros com a história real de Pernambuco para conhecer os três poderes e o famoso Teatro Santa Isabel (também sofrido em sua arquitetura).
Aliás, o teatro é cuidado por cidadãos peculiares a situação dessa arte em nosso Estado. Gente às vezes sisuda e prenúncio da situação atual do teatro, dos artistas, da cultura. Não apenas por não serem gentis ao não recepcionar os visitantes e explicar o porquê da não permissão de conhecer, registrar e fotografar aquele monumento tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Talvez entendêssemos, mesmo vindo de tão longe para ser recepcionado de forma tão calorosa.
Se fomos literalmente barrados no baile logo no lugar do ofício das artes teatrais, pensar em se aproximar do Palácio da Justiça nem pensar. Que obra espetacular, que arquitetura majestosa em estilo neoclássico. Tão grande, tão indivisível, que nem a própria designação pode ser comparável.
O nosso próximo encontro é uma viagem ao ano de 1841. O edifício símbolo de Pernambuco, inaugurado pelo então Conde da Boa Vista, o governador Francisco do Rego Barros, que passou a ser conhecido como Campo das Princesas em 1859, após uma visita do imperador Dom Pedro II e a família que se hospedaram no local, também tem uma arquitetura neoclássica. O Palácio do Campo das Princesas, fica na Praça da República, no Bairro Santo Antônio, (Ilha de Antônio Vaz), próximo ao Teatro de Santa Isabel e ao Palácio da Justiça, e é a Sede Administrativa do Poder Executivo. Em outro momento vamos contar a história desse monumento aqui na página “História de Pernambuco”.
É óbvio que gostaria, como todo pernambucano que gosta de história e de conhecer de forma aprofundada os eventos que nos trouxeram ao período contemporâneo, de conhecer por dentro aquela extraordinária arquitetura, mas a distância, os entraves financeiros e tantas outras dificuldades, não nos permite tal privilégio. O pouco tempo (duas horas) que tivemos livres, fez-nos aventurar pela sensibilidade, pela gentileza que encontramos diferentemente pelos recepcionistas do Teatro Santa Isabel do pessoal da segurança do Palácio do Campo das Princesas. Não pudemos adentrar em toda área interna do edifício (as visitas são agendadas para quintas-feiras por e-mail) e registramos apenas o saguão e frustrados, mesmo entendendo que tudo tem a ver com as medidas de segurança.
Na Praça da República foi como um escravo que consegue sua liberdade incondicional. O que não pudemos registrar nos Palácios do Governo, da Justiça e no Teatro Santa Isabel, foi naquele espaço público, que as virtudes das Terras dos Altos Coqueiros se externaram em um encontro prazeroso com a história e com um Pernambuco sem barreiras.
O nosso último encontro para conhecer um dos poderes do Estado, foi com um combalido edifício que nem lembra as fotos iluminadas, exuberantes, esplendorosas, do Palácio Joaquim Nabuco. Como o Poder Legislativo funciona atualmente em um complexo anexo, com as reuniões sendo realizadas no Edifício Governador Miguel Arraes Alencar, pude perceber nitidamente que o edifício antigo da Alepe, passa despercebido pelos os olhares dos deputados, quando seguem absortos para o complexo onde funcionam as atividades legislativas.
Quem sabe na próxima viagem eu tenha mais sorte e tenha uma visão mais privilegiada e diferente de onde se discute e se determina os destinos dos pernambucanos.
Morar longe não é fácil para agendar visitas para conhecer os maravilhosos pontos onde a história e a memória do nosso Estado ainda são vivas.
Percurso que fizemos para chegar até a Praça da República. Fonte: Google Maps
Praça da República. Fotos: Arquivo Blog
Blog do Paixão