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Túnel do Tempo: O que mudaria na investigação do assassinato da 'Menina Sem Nome' se a tecnologia atual existisse na década de 1970

Usando inteligência artificial, a TV Globo e o g1 conseguiram uma imagem que mostra como seria o rosto atual daquela criança de 8 anos, que teria hoje 61 anos.

Por Mônica Silveira e Bruno Marinho, TV Globo e g1 PE


Foto: Arte g1

"Garotinha desconhecida", "moreninha do Pina" e "menina-mendiga" foram algumas das formas como a criança de 8 anos encontrada assassinada na areia da Praia do Pina, na Zona Sul do Recife, em junho de 1970, foi chamada pela imprensa antes de ficar conhecida como a "Menina Sem Nome". Até hoje a identidade dela é desconhecida. Mas o que mudaria na investigação desse caso se a tecnologia atual estivesse disponível naquela época?

[Nesta semana, o g1 publica a série especial "Menina Sem Nome", junto com a TV Globo. Até sexta-feira (9), reportagens sobre o caso relembram detalhes do crime e trazem informações inéditas.]

A vítima desse crime que chocou a sociedade pernambucana foi enterrada como indigente no Cemitério de Santo Amaro, no Centro da capital pernambucana. Nenhum parente apareceu no Instituto de Medicina Legal (IML) após o assassinato da criança para fazer o reconhecimento do corpo, que ficou no local durante 11 dias.

Os recursos tecnológicos usados na identificação de mortos e de pessoas desaparecidas que se encontram disponíveis 53 anos depois desse assassinato certamente seriam suficientes para evitar que o único letreiro que existe no túmulo da criança se refira a ela como "Menina Sem Nome".


Foto: Wagner Magalhães | Arte g1

"Na sandália, você está ali em contato com o solado do pé, você tem o processo de transferência de fluidos, de suor, você tem ali uma intensidade de contato muito forte. Então, a gente consegue tranquilamente obter um perfil genético [a partir] daquela sandália, e aí ter, pelo menos, um apontamento da investigação", disse Jeyzon Valeriano, gerente do Instituto de Genética Forense da Polícia Civil de Pernambuco

No caso da "Menina Sem Nome", os peritos recolheram, na areia da Praia do Pina, em torno do corpo da criança, objetos como lenço, cinturão, camisa e quatro sandálias de borracha sem formar pares.

"Ela está no ato de se defender, de querer tocar o agressor para tentar repelir aquela agressão. Então aí sempre tem material. A gente coleta esse material genético das unhas. Ali eu vou ter o material genético dela e do agressor, vou ter DNA dos dois, e aí a gente separa essa mistura e consegue obter ali o perfil genético de um indivíduo que teve contato com a vítima", declarou.

Para identificar um corpo, como o da "Menina Sem Nome", os técnicos lançariam mão de recursos como a necropapiloscopia, que é uma espécie de "impressão digital" de cadáveres; o exame da arcada dentária; e o exame genético, considerado o padrão ouro de identificação de mortos.


Foto: Vitória Coelho | arte g1

O material coletado é lançado no Banco de Perfis Genéticos. Como cada estado tem o seu, todos juntos alimentam o Banco Nacional de Perfis Genéticos.

"Na rede, são mais de 180 mil perfis genéticos. Pernambuco tem mais de 22 mil perfis, é o terceiro maior banco do Brasil. Então, quanto mais perfis genéticos, maior probabilidade de você identificar agressores, identificar pessoas desaparecidas. [...] Se eu tiver um familiar que busca um desaparecido e registrou um boletim de ocorrência, foi numa unidade de perícia, doou seu material genético, que é uma coleta não invasiva, é saliva que a gente utiliza em pessoas vivas, aí, a partir do momento que inseriu o perfil, a gente teve essa coincidência, identificamos o corpo", disse.

No caso da "Menina Sem Nome", ainda seria possível obter um perfil genético que ajudasse a identificá-la, caso os restos mortais enterrados no Cemitério de Santo Amaro, junto a mais de 20 mil túmulos e 9 mil ossuários, oferecessem material compatível com o necessário para fazer a coleta de DNA.


Imagem feita com inteligência artificial mostra como seria o rosto atual da 'Menina Sem Nome', aos 61 anos — Foto: Reprodução/TV Globo

"Os ossos seriam retirados, periciados no Instituto de Medicina Legal, e um fragmento desse material ia ser encaminhado para o Instituto de Genética. A gente aqui traçaria o perfil genético, obteria o DNA daquele material e iríamos inserir no Banco de Perfil Genético. Se, porventura, algum familiar que procurou essa menina, isso é só hipoteticamente porque também faz bastante tempo isso, se isso acontecesse, e aí tivesse doado o material genético para o banco, teríamos esse confronto", explicou.

A identificação da "Menina Sem Nome" seria possível apenas se houvesse amostras de DNA do pai, da mãe ou de irmãos dela, ainda de acordo com Jeyzon Valeriano.

Usando inteligência artificial, a TV Globo e o g1 conseguiram uma imagem que mostra como seria o rosto da "Menina Sem Nome" atualmente. Aquela criança teria hoje aproximadamente 61 anos.

[A próxima reportagem da série especial "Menina Sem Nome", na sexta-feira (6), vai mostrar a devoção criada em torno da vítima do crime, com fiéis atribuindo a ela várias graças alcançadas e fazendo do seu túmulo um dos mais visitados do Recife.]


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