Por Buser Blog
BR 116: Conheça todos os detalhes sobre a BR 116, a maior rodovia do país e que faz parte do dia a dia de grande parte da população brasileira.
A BR 116 é famosa justamente porque ela é a maior rodovia do Brasil e, consequentemente, faz parte da vida de milhares de brasileiros todos os dias, recebendo diferentes nomes em cada um de seus trechos.
Mesmo em um país como o Brasil, que tem uma das maiores malhas viárias do mundo, a BR 116 se destaca por ser uma via que conta com 4.650 quilômetros de extensão e cruza 10 estados da federação.
Se você tem interesse em conhecer um conteúdo completo sobre a BR 116, continue a leitura deste post que vamos apresentar as características fundamentais dessa rodovia e os cuidados que se deve ter ao viajar por ela.
Confira todos os detalhes!
1. Onde fica a BR-116?
O Brasil é um país com grande extensão e que utiliza a via rodoviária como principal forma de transporte. Por essa razão, contamos com uma das maiores redes de rodovias e estradas do mundo, figurando na 4ª colocação, com quase 1,8 milhão de quilômetros de extensão.
Há uma estimativa de que mais de 60% das cargas são transportadas pela via rodoviária no Brasil, além de contarmos com uma frota de caminhões e ônibus que tem por volta de 40 milhões de veículos.
A BR 166 é proporcional à dimensão continental do Brasil, sendo considerada a maior do país, atravessando de norte a sul a nação. Uma de suas principais características é que ela é pavimentada em todos os seus trechos.
O seu início é na cidade de Fortaleza, no Ceará, e a via termina apenas em Jaguarão, município do estado do Rio Grande do Sul que faz divisa com o Uruguai. Contudo, ao longo de seus trechos ela adquire características diversas, de acordo com o estado em que atravessa.
2. Quais são os seus nomes populares?
Como a BR 116 é uma via muito extensa, ela adquire nomes diferentes em cada um de seus trechos, como os seguintes:
Fonte: On Truck, 2020.
· Via Serrana, na parte do sul do país, no trecho entre as cidades de Jaguarão (RS) e Curitiba (PR);
· Régis Bittencourt, no trecho entre Curitiba e São Paulo — região que já teve o trágico apelido de Estrada Morte em razão do grande número de acidentes que ocorria no trecho antes da duplicação da via;
· Presidente Dutra, no trecho entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro;
· Rio-Teresópolis, no trecho entre Rio de Janeiro, Teresópolis e Além Paraíba;
· Rio-Bahia, na região que passa pelo território de Minas Gerais;
· Santos Dumont, no trecho entre Fortaleza e Rio de Janeiro, no entroncamento com a BR-040.
Alguns trechos da BR 166 foram privatizados e, atualmente, são administrados por concessionárias, são eles:
· Autopista Planalto Sul trecho entre Curitiba (PR) até a divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul;
· CCR Nova Dutra no trecho da Rodovia Presidente Dutra, em São Paulo;
· CRT no trecho entre Duque de Caxias e Sapucaia;
· Via Bahia no trecho de Feira de Santana a divisa com Minas Gerais;
· Autopista Régis Bittencourt no trecho de São Paulo a Curitiba.
É válido ressaltar que apesar de adquirir diferentes nomes em cada um de seus trechos e contar até mesmo com determinadas partes sob a administração da iniciativa privada, a BR 116 é a mesma rodovia em toda sua a extensão.
A Rodovia Presidente Dutra, considerada a mais importante do país
A BR-116 no trecho entre São Paulo e divisa do Paraná e Santa Catarina, no limite entre rios Negro e Mafra é chamado de Rodovia Régis Bittencourt, nome oficialmente registrado no DNER, atual Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transporte (DNIT). Ela também é conhecida como "Rodovia da Morte."
3. Quais estados fazem parte dela?
Como vimos, a BR 166 conta com longa extensão e vai do norte ao sul do país, passando pelos seguintes estados:
· Rio Grande do Sul;
· Santa Catarina;
· Paraná;
· São Paulo;
· Rio de Janeiro;
· Minas Gerais;
· Bahia;
· Pernambuco;
· Paraíba;
· Ceará.
Por passar por diferentes estados do Brasil, a rodovia, consequentemente, cruza muitas cidades importantes, como as seguintes:
· Porto Alegre;
· Pelotas;
· Canela;
· Gramado;
· Curitiba;
· São Paulo;
· Guarulhos;
· São José dos Campos;
· Volta Redonda;
· Resende;
· Rio de Janeiro;
· Teresópolis;
· Vitória da Conquista;
· Feira de Santana;
· Fortaleza;
· entre muitas outras.
4. Quais são as características da BR-116?
Uma das principais características da BR-116 é o fato de que em sua via circularem muitos caminhões de carga, veículos de passeio e ônibus, o que ocorre, inclusive, em razão do tamanho da rodovia, pois ela liga diversos estados e cidades.
Em razão desses fatores, por algum tempo a BR 116 foi conhecida por ser uma das mais perigosas do Brasil. Sua grande quantidade de veículos e o tráfego intenso geravam acidentes em alguns trechos, especialmente naqueles que não eram duplicados.
Um dos trechos mais perigosos, local na região entre Curitiba e São Paulo em que diversos acidentes de trânsito ocorreram, recebeu o terrível nome popular de “Rodovia da Morte”. As fatalidades se davam, especialmente, em razão do intenso tráfego de veículos pesados de carga, má conservação da pista e topografia acidentada.
Contudo, foi realizada uma obra de duplicação na parte da BR 116 chamada de Régis Bittencourt e desde o final de 2017 o trecho opera em mão única, assim como obras de recuperação de asfalto foram realizadas — fatores que fizeram com que a incidência de acidentes fatais diminuísse consideravelmente.
Hoje em dia, a maior parte dos acidentes que ocorrem na BR 116 são gerados por motoristas que viajam em alta velocidade, usando o celular no volante ou realizam ultrapassagens perigosas, o que faz com que viajar de ônibus seja, inclusive, mais seguro.
Mais uma das características da BR 116 é que, apesar de a população muitas vezes nem sequer perceber, essa é a uma via de extrema importância para a vida dos brasileiros, pois muitas das coisas que temos em nossa casa e que são consumidas em todo o país precisam passar por essa rodovia para chegar ao seu destino.
Nesse sentido, milhares de veículos passam pela BR 116 todos os dias em seus diferentes trechos — fator que comprova a importância da via para os brasileiros.
Podemos dizer, ainda, que cada trecho dessa extensa rodovia conta com particularidades de cada um dos estados brasileiros a qual ela cruza e deixa sua marca, sendo essa mais uma de suas características, a representação de diferentes regiões e culturas presentes no Brasil.
5. Como é o trecho que liga São Paulo ao sul do Brasil?
BR 316 e ao fundo Viaduto do Coqueiro. Uma verdadeira revolução na época se pensar que foi construído na década de 70.
Autor: IBGE
O primeiro trecho da BR 116 que liga São Paulo ao sul do Brasil é o da Régis Bittencourt, que vai da cidade de São Paulo até Curitiba, capital do Paraná. Durante esse perímetro, a via passa pela Serra do Cafezal, região serrana que faz parte do sistema da serra do Mar.
Já em seu segundo trecho, que liga o Paraná ao estado de Santa Catarina, a BR 116 passa por municípios como Fazenda Rio Grande, Mandirituba, Quitandinha, Campo do Tenente e Rio Negro, no estado do Paraná.
Já em Santa Catarina, a via passa pelos municípios de Mafra, Itaiópolis, Papanduva, Monte Castelo, Santa Cecília, Ponte Alta do Norte, São Cristóvão do Sul, Ponte Alta, Correia Pinto, Lages e Capão Alto, sendo que a Planalto Sul é responsável pela administração do referido trecho da BR 116.
No trecho da BR 116 que começa na catarinense Lages e vai até Porto Alegre a via passa por diferentes municípios da Serra Gaúcha, como as famosas cidades de Gramado e Canela. Nessa região é possível observar construções que não parecem brasileiras, pois são inspiradas na arquitetura europeia, além da presença do sotaque alemão em muitos moradores do local.
Por fim, em seu último trecho a BR 166 vai até à fronteira do Brasil com o Uruguai, sendo que o último município que a via passa no país antes de seu término é a cidade de Jaguarão, no do Rio Grande do Sul.
6. Quais cuidados é preciso adotar ao viajar pela BR-116?
Agora que você já conhece diversos detalhes sobre a BR 116, você deve estar se perguntando quais cuidados é preciso adotar ao viajar por essa longa rodovia, não é mesmo?! O primeiro passo ao definir o seu destino deve ser observar qual é o meio de transporte mais vantajoso entre ônibus x carro x avião para realizar o trajeto.
Ao optar por viajar de carro é preciso ressaltar que respeitar as normas de trânsito é primordial para evitar acidentes e não colocar a sua vida e a dos demais em risco.
O excesso de velocidade, por exemplo, costuma ser uma das principais causas de acidentes de trânsito nas rodovias do Brasil. Assim, respeitar a velocidade da via durante todo o trajeto é fundamental, uma vez que ele é definido considerando as particularidades específicas de cada trecho que demandam atenção dobrada — como falta de visibilidade, curvas fechadas ou declives acentuados.
Outra conduta indispensável ao dirigir na BR 116 é manter distância do veículo à frente. Esse espaço é imprescindível para evitar acidentes em diversas situações, como nos momentos em que é preciso realizar uma manobra evasiva em caso de congestionamento, além de evitar engavetamentos.
Também é fundamental não ultrapassar em local proibido, uma vez que as colisões frontais ocasionadas pela ultrapassagem indevida geram graves acidentes. As faixas contínuas são colocadas justamente nos locais que a visibilidade não é satisfatória e, portanto, não é possível observar a aproximação do veículo em sentido contrário.
É importante, ainda, evitar viajar com condições climáticas adversas, como forte chuva ou neblina intensa, pois tornam a pista escorregadia e prejudicam a visibilidade, tornando o local mais propício para acidentes.
Ademais, também é preciso prestar atenção nos faróis e luzes do veículo (mesmo durante o dia a legislação determina que é obrigatório manter o farol do veículo acesso nas rodovias) e fazer a manutenção preventiva do veículo a fim de verificar condições do freio, nível do óleo e usabilidade dos pneus, por exemplo.
Outra medida imprescindível é jamais conduzir um veículo sob efeito de drogas lícitas ou ilícitas, pois além de se tratar de uma das infrações mais graves do Código de Trânsito Brasileiro, é uma atitude altamente perigosa e que pode ser fatal.
A BR-116 entre Caxias e São Marcos na década de 1940
Sem qualquer tipo de tecnologia ou facilidade, os funcionários utilizavam-se de carroças para deslocar o material da obra - Studio Geremia / Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,Divulgação
No final da década de 1930 se projetava a construção de uma rodovia federal que ligasse o Brasil de Sul a Norte e se chamaria BR-2, passando depois para o atual nome de BR-116.
No Rio Grande do Sul, o traçado original começaria na fronteira, passaria por Porto Alegre, seguindo por Dois Irmão, se ligaria aos Campos de Cima da Serra e daí para Santa Catarina. O traçado original demarcava o trajeto em direção a Nova Petrópolis, Gramado, São Francisco de Paula e Vacaria.
Caxias e a região italiana estavam fora do traçado. A justificativa era de que indo por Gramado e São Francisco se evitaria o trecho mais difícil da Serra Gaúcha, entre Nova Petrópolis, Caxias, São Marcos e Campestre da Serra, rumo a Vacaria. Esse trecho, com cerca de 80 quilômetros, seria montanhoso, com vales, rios e alto custo.
A travessia montanhosa seria entre Nova Petrópolis e Caxias, através do Rio Caí, entre Caxias e São Marcos, tendo a Serra do Rio São Marcos e entre São Marcos e Campestre da Serra, tendo que superar a Serra do Rio das Antas. De Campestre da Serra a Vacaria a rodovia passaria a ser construída em área campeira. Além das dificuldades de topografia haveria necessidade da construção de três pontes. Os custos por esse trecho seriam muito maiores do que se a rodovia tivesse ligação por Gramado e São Francisco.
Mudança de planos, mudança de traçado
Mas os caxienses não desistiram, porque queriam que a rodovia passasse pelo município. Viam que isso seria fundamental para que Caxias se desenvolvesse e não ficasse marginalizada do resto do país. No final dos anos 30 começaram os contatos políticos das lideranças caxienses junto ao governo federal, especialmente depois da posse do prefeito Dante Marcucci, em 1936. Com o Estado Novo, em 1937, ele foi nomeado por mais oito anos. Permaneceu até 1945, tendo bom relacionamento com Vargas.
Segundo José Ariodante Mattana, mestre de obras do governo Marcucci, durante cerca de 10 anos, depois de vários contatos e encontros, Vargas acabou aceitando as argumentações dos caxienses de que a cidade, que já era uma força econômica, necessitava de uma rodovia federal para alavancar definitivamente seu desenvolvimento econômico e da região italiana. Vargas se sensibilizou e autorizou a mudança do traçado original.
A então BR-2 passaria por Caxias do Sul e uniria a cidade por estrada asfaltada com o resto do país. Criaria bases mais sólidas para que a cidade se expandisse e crescesse economicamente, cuja primeira etapa tinha ocorrido em 1910 com a chegada do trem.
Ainda em 1938, segundo Matanna, engenheiros do Departamento Nacional de Estradas e Rodovias (DNER) vieram a Caxias conversando com o prefeito Marcucci acertando os detalhes finais.
Em 1942, Vargas veio a Caxias e lançou a pedra fundamental da ponte sobre o Rio Caí, entre Vila Cristina e Nova Petrópolis. Daí em diante, as obras foram realizadas com muitas dificuldades. O terreno até Campestre da Serra era íngreme e montanhoso, tortuoso, rios caudalosos, mas foi concluída depois de muito trabalho e empenho.
BR116 – Trecho de Galópolis/RS em meados de 1940. Foto: Studio Geremia, acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, divulgação
Fonte: Gazeta de Caxias
Blog do Paixão