PUBLICIDADE

Type Here to Get Search Results !

cabeçalho blog 2025

A Saga de Gonzagão: A Saga de Gonzagão: 50 anos de chão – Parte 12 – Depoimentos de Nelson Xavier e Ilma Carvalho


Por isso que a gente fala em raiz quando ouve Luiz Gonzaga. Por isso que a gente ousa empregar até essa palavra terrível: telúrico. Luiz Gonzaga e telúrico. Está na terra de nossa alma, da alma de nosso povo. É eterno.

Fazer a tragédia nordestina atingir a expressão musical é o que dá a Luiz Gonzaga a sua dimensão mitológica.

Nelson Xavier

É preciso refletir sobre a saga de Luiz Gonzaga no Sul maravilha, não como um fenômeno isolado – artistas populares do Nordeste, desde o início do século, têm feito sucesso aqui, isto é, fora do seu território. Mas Luiz Gonzaga conseguiu transformar o seu êxito num fato transcendente, como o de divulgar e incorporar solidamente na região sul (a partir de Rio e São Paulo), os gêneros musicais nordestinos. Essa tarefa, que o sanfoneiro-cantor começou em meados dos anos 40, não tem qualificativo nem similar.

O fato, não serve volume de grandeza, é claro, não é novo. No Rio, ao lado das manifestações da música urbana carioca, sempre se puderam ouvir e cultivar com mais frequencia, gêneros regionais do Nordeste, do que as músicas do Centro ou da parte mais meridional do país. Os contingentes de negros baianos, que vêm para o Rio nas últimas décadas do século passado, imprimem na terra carioca o belo e indelével rastro cultural de seus cultos, cantos e danças; e, a partir, então, dos seus ranchos primitivos, misturam-se, engrossam e se multiplicam os blocos, os cordões de rua, que vêm desaguar nas escolas de samba de hoje. Mais adiante, em 1906, o cego pernambucano Manoel de Lima, cantor e violinista, faz sucesso na exposição nacional do primeiro centenário da abertura dos portos, na Praia Vermelha. em 1913, o carioca toma-se de encanto pelo Luar do Sertão e Cabocla de Caxangá, de outro extraordinário violinista e compositor nordestino, João Pernambucano, de parceria com o grande maranhense Catulo da Paixão Cearense. E nessa vaga vão descendo do Nordeste os chamados reis de embolada, Minoma Carneiro e Manezinho Araújo, além de Augusto Calheiros, a “Patativa do Norte”, e o agilíssimo bandolinista Luperce Miranda, que vem de Recife em 28. Impossível registrar o grande número de outros excelentes músicos, que vêm do Nordeste e que aqui continuam tocando, interpretando e divulgando os gêneros de suas regiões de origem. a extraordinária dupla Jararaca & Ratinho teve o privilégio de apresentar o baião, mas sem a repercussão obtida por Luiz Gonzaga. É justo, também, assinalar no Sul a presença personalíssima do pernambucano Jackson do Pandeiro, já falecido, e do maranhense João do Vale: na obra dos dois, a vigorosa manifestação tão genuína e marcante da música regional popular de seus estados de origem.

Ilma Carvalho

Do Livro - 50 anos de chão
De João Máximo

Postar um comentário

0 Comentários
* Por favor, não faça spam aqui. Todos os comentários são revisados ​​pelo Admin.

Publicidade Topo

Publicidade abaixo do anúncio