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Revirando o Baú: A TV NO RIO NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 1972



Por Artur da Távola

Hoje chegou a vez da TV Rio e sua rede, a REI, Rede de Emissoras Independentes, nessa análise do primeiro semestre de 1972 que com ela conclui o ciclo.

Em São Paul, onde está a TV Record, emissora líder da REI, o panorama da audiência, em suas linhas gerais, é bem diverso do Rio. Lá, embora a Rede Globo seja a líder, o público se divide nas preferências, vale dizer, a Globo não leva a brutal vantagem existente no Rio. Alguns programas da Tupi e da Record aparecem com destaque, sem contar com percentagens menores, mas existentes de audiência na TV Bandeirantes e da TV Cultura. Lá a Record, mesmo perdendo a hegemonia que tivera anos atrás, ainda mantém ecos do sucesso, não obstante sofra constantes mudanças de comando, de maneira parecida à da Tupi do Rio. A crise tem sido sua tônica. De qualquer maneira, a queda da Record jamais foi da mesma proporção daquela experimentada pela TV Rio até 1972 – quando, com nova imagem e equipamentos, conseguiu melhorar a audiência na GB e arredores.

Também no Rio Grande do Sul a emissora da REI disputa preferências com as suas emissoras pertencentes ás Redes Globo e Tupi. Perde, mas de pouco.

A REAÇÃO DA RIO



A TV Rio já liderou a audiência na Guanabara. Depois entrou em queda que somava desordem administrativa à excessiva dependência da estação geradora da rede, a Record de São Paulo. Houve época que de tanto basear sua programação em teipes requentados da Record, o mestre aqui em vez de chama-la de TV Rio chamava a de VT Rio.

Chegou à situação de dar traço, isto é, zero na audiência colhida pelo Ibope. A hecatombe da TV Excelsior e Continental por pouco também não a atinge.

Além da dependência da Record e da total desordem administrativa, havia um fato liminar: sua imagem mal chegava a nossos receptores. E não há audiência que resista a uma imagem deficiente.

Em 1972, chegaram os longamente prometidos novos equipamentos. Houve, por outro lado, acertos societários com poderosos grupos de capital e uma excelente imagem a cores e preto e branco chegou aos receptores cariocas. A venda da antiga sede no Posto 6 para a construção já em marcha de um grande hotel internacional levara a TV Rio a Vila Isabel, onde funcionou por quase um ano. De lá, ela, que cedera lugar a um hotel, voltou à Zona Sul agora ocupando as dependências do que viria a ser um hotel: o Panorama Palace.

Sede nova. Equipamentos novos. Nova composição societária. Advento da TV a cores. Queda na audiência da Tupi. Disparada da Globo com uma programação padronizada, e, - atenção para o detalhe – apesar de tudo, ainda na GB, um grande número de aparelhos desligados. Dentro desse quadro, maduro e claro para a montagem de uma estratégia de programação, a nova TV Rio pode partir decidida e inteligentemente para a mudança.

O SENTUIDO DA MUDANÇA



Era impossível competir com os demais canais dentro de seus esquemas. Fez o que a Tupi até hoje não soube nem quis fazer. Partiu para ser o canal de opção para os cansados com a padronização de programas destinados ao consumo do grande público. E o fez com intensa e cuidada programação de filmes, apoiada na melhora acentuada do telejornalismo e mantendo o mínimo indispensável de novelas com base em teipes de obras editadas pela Record. Dos programas requentados antes predominantes (a essa época a TV Rio nada mais era que uma estação repetidora da Record) apenas restou o da Hebe Camargo aos sábados à tarde.

Somando o cansaço de parte do público com as fórmulas pré-fabricadas dos demais canais à possibilidade de ver a cores bons filmes, de imediato a TV Rio saltou, vencendo a TV Tupi, então segunda colocada em vários horários. Aqueles telespectadores desejosos de curtir seu filme como forma de ocupar seu lazer com entretenimento, já tinham como fazê-lo. O sentido da mudança foi portanto, na primeira etapa, ocupar lacunas existentes na programação dos demais canais e ganhar o público sem opção nos demais canais, e indiferente à temática predominante na maioria de seus programas.

AINDA FALTA MUITO



A programação baseada em filmes agradáveis para o telespectador, é insuficiente em termos de televisão. Cerceia o mercado de trabalho e transforma um meio dinâmico em algo estático e relativamente fácil de fazer. Difícil é conseguir ser opção com programas ao vivo que revelem criatividade e fórmulas diversas, capazes de levar ao telespectador algo mais que simples fruição passiva.

Sua lição é outra: é a de que existe um enorme espação a ser preenchido com atrações e programas diferentes. A de que existe mercado para muito mais coisa do que aquela que é apresentada em nosso vídeo. O mesmo já fora provado pela própria Rede Globo quando saiu daqueles esquemas horrorosos de três, quatro anos atrás e resolveu investir em melhor telejornalismo e em programas de qualidade.

Ainda falta muito para a TV Rio se afirmar. Claro, qualquer recuperação é lenta. Se ela tivesse se atirado na tentativa de fazer programas ao vivo antes de conseguir seu lugarzinho ao sol, nada teria conseguido, pois jamais poderia competir com a Globo. Sua direção prudentemente parece estar interessada em conseguir relativa estabilidade na preferência popular, para depois, lentamente, introduzir bem produzidos programas ao vivo.

Mas de se permanecer apenas com a política de filmes, em nada contribuirá para a televisão brasileira. Manterá os níveis atuais de audiência e ficará por aí. Nada mais. Se programar com calma e paciência, poderá dar grande salto em 1973, quando todo seu potencial material já estiver instalado definitivamente.

Destacar programas, impossível. A rigor, apenas o Telejornal das 19h30min é programa ao vivo, aqui produzido. Está muito bem feito, jornalística e tecnicamente. Muitos aplausos para Hilton Gomes e equipe. O resto são filmes. Muitos aplausos para o operador do telecine...


















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