PUBLICIDADE

Type Here to Get Search Results !

cabeçalho blog 2025

Protestos contra Maduro se espalham pela Venezuela; 11 pessoas morrem

Segundo ONGs, 46 pessoas foram detidas em todo o país em manifestações deflagradas após o anúncio da reeleição do presidente chavista para um terceiro mandato. Governistas convocam protesto pró-Maduro, que fala em 'tentativa de desestabilização da Venezuela'.

Por g1


Protesto contra Maduro, em Caracas, nesta terça-feira (30). — Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters

Onze pessoas morreram e outras 44 ficaram feridas durante as manifestações que tomaram ruas de diversas cidades da Venezuela desde segunda-feira (29), segundo ONGs que atuam no país. Dentre os mortos, dois são menores de idade.

Os manifestantes protestam contra o resultado que indicou vitória do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, após uma eleição tensa no fim de semana. A oposição e a comunidade internacional pedem a divulgação das contagens completas dos votos, em um processo que Maduro chamou de "tentativa de desestabilização" do país.

María Corina Machado e Edmundo González, da oposição, protestaram junto a uma multidão em frente à sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Caracas na tarde desta terça (30). Durante o ato, a principal opositora de Maduro reiterou que González venceu com 70% dos votos.

"Devemos agir de maneira pacífica. Não devemos cair nas provocações que eles (aliados do governo) nos colocam. O que eles querem é fazer os venezuelanos se enfrentarem. Conseguimos que Edmundo (Gonzalez) obtivesse 70% dos votos. Unimos um país; venezuelanos que antes acreditavam no chavismo estão conosco hoje”, disse Corina Machado.


Manifestantes levam panelas em ato contra Nicolás Maduro na cidade de Valencia, na Venezuela, em 29 de julho de 2024 — Foto: Jacinto Oliveros/AP Photo

Segundo a ONG Pesquisa Nacional de Hospitais, que monitora a crise hospitalar e centros de saúde da Venezuela, uma das mortes ocorreu em Caracas, outras duas em Aragua, no centro do país, e uma quarta na região de Yaracuy, no noroeste.

A ONG Foro Penal venezuelano afirma que 11 pessoas morreram pelo país em decorrência dos protestos: uma pessoa em Aragua, uma em Táchira, duas em Yaracuy e duas em Zulia.


Oposição protesta contra Maduro na frente da ONU em Caracas

Multidões foram às ruas do país e, em várias áreas, as manifestações foram dispersadas pelas forças de segurança.

O diretor da organização também informou que 46 pessoas foram detidas pelas autoridades, segundo a agência de notícias AFP.

Enquanto isso, os governos dos EUA e de outros países questionam os resultados oficiais que mostraram a vitória de Maduro sobre o candidato da oposição, Edmundo González.

Em uma mensagem nas redes sociais, González prestou solidariedade "ao povo diante de sua justificada indignação".

"Lamentavelmente, nas últimas horas temos notícias de pessoas falecidas, dezenas de feridos e detidos. Instamos as forças de segurança a respeitar a vontade popular expressa em 28 de julho e deter a repressão de manifestações pacíficas."

Em resposta aos protestos contra a vitória de Maduro, o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Jorge Rodriguez, convocou apoiadores do presidente para ir à porta do palácio presidencial Miraflores nesta terça (30) para protestar em favor a Maduro, segundo a Reuters.

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse nesta terça que está "extremamente preocupado" com a escalada de tensões e com os relatos de violência na Venezuela. "As autoridades devem respeitar os direitos de todos os venezuelanos de se manifestarem em paz, expressar livremente suas visões livremente e sem medo", afirmou Turk.

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yvan Gil Pinto, criticou Turk e chamou a oposição de extrema direita com um plano violento fascista.

Homens armados bloqueiam manifestantes

A cerca de quatro quarteirões do Palácio Miraflores, a sede do governo, em Caracas, homens mascarados, vestidos à paisana e armados, bloquearam o caminho de um grupo de manifestantes, incluindo mulheres e homens, que, a cerca de 200 metros de distância, gritavam "liberdade, liberdade", e "vai cair, vai cair, este governo vai cair", segundo testemunhas da Reuters.

Manifestações semelhantes foram realizadas no centro, leste e oeste de Caracas.

Em Coro, capital do Estado de Falcón, no noroeste, os manifestantes derrubaram uma estátua que representava o ex-presidente e mentor de Maduro, Hugo Chávez (1954-2013). Já na cidade de Maracay, há relatos de uso de gás lacrimogêneo pelas forças de segurança contra participantes de um ato.

Oposição contesta transparência e resultado

Em seguida, o órgão proclamou Maduro presidente para o mandato entre 2025 e 2031, acrescentando que ele havia recebido “uma maioria dos votos válidos”.

Mas pesquisas de boca de urna independentes apontaram para uma grande vitória da oposição depois de demonstrações entusiásticas de apoio para González e a líder da oposição, María Corina Machado, durante a campanha.


Ato em Caracas


"E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!", gritavam, debaixo de chuva, manifestantes na gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. "Entregue o poder já!", exclamavam outros.

Os manifestantes também queimaram cartazes de campanha com o rosto de Maduro. Eles levavam bandeiras, panelas e instrumentos de percussão para acompanhar os gritos de protesto.

Foi registrado confronto com a polícia, mas não havia informações de presos ou feridos até a última atualização desta reportagem.


Manifestantes enfrentam a polícia em Caracas — Foto: Fernando Vergara/AP

Desdobramentos

O Ministério Público venezuelano divulgou um comunicado na segunda, saudando o povo venezuelano pela demonstração de civilidade e democracia durante as eleições. Na mensagem, reconhece a vitória de Maduro e afirma que "rejeita as declarações temerárias de alguns poucos governos da América Latina que querem mandar na democracia venezuelana".

O governo brasileiro afirmou que "acompanha com atenção o processo de apuração" e que aguarda a divulgação de informações mais detalhadas, como os "dados desagregados", pelo CNE. O governo afirma que isso é um "passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito". Esses dados incluem as informações que estão nas atas, como os dados por locais de votação.

O CNE, órgão presidido por um aliado do presidente do país vizinho, informou que Nicolás Maduro venceu e foi reeleito com 51,2% dos votos, contra 44% do opositor, Edmundo González. A oposição, no entanto, afirma que González venceu com 70%.

Com a proclamação, ocorrida menos de 24 horas depois do fechamento das urnas no país, Maduro foi confirmado para mais um mandato no comando da Venezuela. Caso chegue ao fim do novo mandato, o líder venezuelano terá ficado no poder por um total de 17 anos – mais do que seu antecessor Hugo Chávez, que governou a Venezuela por 14.

O CNE proclamou a vitória do presidente também sem apresentar as atas de votação -- documentos que registram o número de votos e o resultado total de cada um dos cerca de 30 mil locais de votação da Venezuela.

A oposição acusou o órgão de ocultar as atas para maquiar o resultado das eleições. O grupo opositor, que se uniu em torno da candidatura de Edmundo González, argumentou que pesquisas de boca de urna apontavam vitória de González sobre Maduro com folga.

Fotos do protesto

Veja, abaixo, imagens do ato:


Manifestação de oposição a Maduro liderada por María Corina Machado e Edmundo González em frente à sede da ONU em Caracas em 30 de julho de 2024. — Foto: AP Photo/Matias Delacroix


Manifestação contra Maduro em Caracas na tarde desta segunda-feira (29) — Foto: Alexandre Meneghini/Reuters


Policial observa manifestante contra o resultado da eleição na Venezuela — Foto: Yuri Cortez/AFP


Manifestantes protestam contra Maduro nas ruas de Caracas — Foto: Matias Delacroix/AP


Manifestantes contrários ao anúncio de vitória de Maduro na eleição da Venezuela protestam nas ruas de Caracas — Foto: Yuri Cortez/AFP


Contrários ao resultado da eleição na Venezuela protestam em Caracas — Foto: Yuri Cortez/AFP


Manifestantes fizeram um panelaço em protesto contra a eleição de Maduro — Foto: Yuri Cortez/AFP


Manifestantes protestam contra resultado de eleição na Venezuela — Foto: Matias Delacroix/AP


Polícia acompanha a manifestação contra Maduro em Caracas — Foto: Maxwell Briceno/Reuters

Lula cobra apresentação de atas das urnas, mas diz que não há nada 'grave' na eleição da Venezuela

Presidente comentou pela primeira vez a crise na Venezuela, deflagrada após denúncias de irregularidades na reeleição de Maduro. 'Como resolve essa briga? Apresenta a ata', afirmou Lula.

Por g1 e TV Globo — Brasília


Presidentes Lula e Maduro durante encontro em Brasília, em maio de 2023. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

'Como resolve essa briga? Apresenta a ata', diz Lula sobre eleição da Venezuela sob suspeita

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou pela primeira vez nesta terça-feira (30) sobre o impasse na eleição presidencial na Venezuela, realizada no domingo (28). Lula disse que, para "resolver a briga", é preciso que as autoridades locais apresentem as atas de votação.

O presidente afirmou ainda que não vê nada "anormal", "grave" ou "assustador" no processo eleitoral venezuelano. "Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça, e a Justiça faz", disse Lula.

As declarações foram dadas em entrevista exclusiva na manhã desta terça-feira (30) no Palácio do Planalto à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso.

Nas eleições venezuelanas, as atas são boletins que registram os votos em cada urna. Elas não foram devidamente apresentadas pelas autoridades daquele país. O governo da Venezuela alega falha no sistema.

O resultado oficial, apresentado pelo Comitê Nacional Eleitoral (CNE), aponta o atual presidente, Nicolás Maduro, como vencedor com 51,2% dos votos. Mas a oposição e autoridades estrangeiras apontam fraude e dizem que o vencedor foi o oposicionista Edmundo Gonzalez.

O CNE é ligado ao governo venezuelano e, na prática, é controlado por Maduro. Desde esta segunda, a oposição faz manifestações de rua na capital, Caracas.

Lula, que, no início do mandato, era próximo a Maduro, mas depois foi se afastando, não falou nada sobre a Venezuela nem no domingo nem na segunda. A manifestação veio nesta terça, dois dias depois do início do impasse.

"É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo", afirmou o presidente.

Lula condicionou o reconhecimento do resultado à apresentação das atas.

"Na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela', disse.

Outros países da América do Sul e importantes parceiros do Brasil — como Argentina, Chile e Uruguai — contestaram o resultado da Venezuela.

Lula começou seu mandato buscando reintegrar Maduro ao continente. O presidente venezuelano está no poder desde 2013 e vem renovando os mandatos com eleições consideradas suspeitas por observadores internacionais.

O governo brasileiro apostava em usar a interlocução de Lula com Maduro para influenciar a realização de eleições limpas. Mas Maduro radicalizou o discurso, impediu oponentes de participarem, e o governo brasileiro se afastou dele.

A estratégia da diplomacia brasileira, e de Lula, vem sendo aguardar a apresentação das atas.

"O que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o direito de se expressar, de provar que não concordam e o governo tem o direito de provar que está certo", continuou o presidente.

Na noite desta segunda (29), o PT "furou" o silêncio de Lula e a cautela do governo e reconheceu a reeleição de Maduro. A nota é assinada pela executiva nacional do partido.

Lula comentou a nota do PT. Ele disse que não há nada "grave" nem "assustador" no processo eleitoral venezuelano.

"O PT reconheceu, a nota do partido dos trabalhadores reconhece, elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas que houveram. E ao mesmo tempo ele reconhece que o colégio eleitoral, o tribunal eleitoral já reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não. Então, tem um processo. Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça, e a Justiça faz", completou.

 

Postar um comentário

0 Comentários
* Por favor, não faça spam aqui. Todos os comentários são revisados ​​pelo Admin.

Publicidade Topo

Publicidade abaixo do anúncio