Documento foi assinado por 26 deputados
Por Vitória Floro // Por Folha de
Pernambuco
Rodrigo Farias (PSB)
A disputa em torno da composição das comissões
permanentes da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para o novo biênio
gerou uma crise entre parlamentares governistas e a presidência da Casa.
Em carta aberta, divulgada na noite desta sexta-feira
(14), e endereçada ao presidente em exercício, deputado Rodrigo Farias (PSB),
26 deputados manifestaram descontentamento com o que consideram uma série de
"vilipêndios" ao regimento interno e à segurança jurídica dos atos do
Legislativo.
Os signatários do documento alegam que houve uma
decisão monocrática da presidência que alterou prazos previamente
estabelecidos, permitindo a oficialização de um documento protocolado após o
horário limite.
A medida, segundo os parlamentares, afronta as regras
regimentais do legislativo. Além disso, os deputados criticam a convocação
extraordinária, feita "na calada da noite", na
última quinta-feira (12), para a eleição das presidências de comissões
estratégicas, como a de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ), Finanças,
Orçamento e Tributação (CFOT) e Administração Pública.
"A independência de atuação dos presidentes das comissões jamais poderia ser sobrepujada por uma decisão unilateral da presidência da Casa",- afirmam os parlamentares na carta.
O grupo também destaca a importância de garantir a
normalidade institucional no processo de escolha dos membros dos colegiados,
respeitando os prazos estabelecidos.
Confira o documento na íntegra:
Ao Excelentíssimo Senhor Deputado Rodrigo Farias
(PSB), Senhor Presidente em exercício,
Em atenção aos fatos recentemente ocorridos em torno da composição e eleição dos membros das comissões permanentes desta Casa para o biênio que se inicia, buscando a reflexão de todos os pares perante a relevância dos episódios, externamos aqui a preocupação com movimentações e decisões de Vossa Excelência que, muito além de expressar disputas políticas legítimas e intrínsecas ao ambiente parlamentar, ferem institucionalmente este Poder, guardião de prerrogativas democráticas e republicanas que não podem ser ignoradas e desprezadas de acordo com a vontade de um parlamentar ou de um grupo deles.
Como se sabe, a maioria – simples e numérica – é
soberana e a Casa de Joaquim Nabuco, instituição quase bicentenária, há de ser
preservada. Os mandatos se encerram, os ciclos políticos se renovam, mas a
solidez e a garantia de preservação dos interesses de Pernambuco através da
atuação firme, serena e com credibilidade desta Casa são perenes.
A série de vilipêndios cometidos diante de um Poder
constituído, instruído a partir do regimento interno e normas estruturadas,
como dito, fere a preservação das prerrogativas dos parlamentares no exercício
de sua função de representação popular. Vai além disso: afronta a segurança
jurídica dos atos provenientes deste Poder quando, por decisão monocrática, são
realizadas alterações nas regras e prazos amplamente divulgados, como aconteceu
com a oficialização de documento protocolado além do horário limite estabelecido
e comunicado anteriormente por Vossa Excelência.
De forma objetiva, isso ocorreu quando documento assinado eletronicamente às 19h10 desta quinta-feira (13) foi considerado válido, afrontando sua própria decisão (Ofício nº 119/2025), publicada em 12 de fevereiro, anunciando como o fim do expediente do dia seguinte (13) como termo final do prazo para recebimento das indicações dos representantes das Comissões Parlamentares Permanentes. Como é de amplo conhecimento, o expediente desta Casa se encerra às 18h, não sendo possível acatar qualquer outro documento protocolado posteriormente. As regras devem ser sólidas, claras e objetivas, não havendo espaço para modulações conforme conveniências do momento.
Não há também qualquer fato superveniente ou
emergencial que justifique a convocação extraordinária e às pressas, na calada
da noite, às 23h30 da quinta-feira (12), para reuniões a serem realizadas às
10h da manhã do dia seguinte e do sábado, quando sequer há expediente nesta
Casa, para instalação e eleição dos presidentes e vices das comissões de
Constituição Legislação e Justiça (CCLJ); Finanças, Orçamento e Tributação
(CFOT) e Administração Pública, que conforme o Regimento, poderiam ocorrer até
o próximo dia 20, dentro da normalidade institucional.
Agrava ainda a situação o fato de que a convocação e a
realização de eleições para as comissões são uma atribuição regimental dos
atuais presidentes dos respectivos colegiados, jamais uma decisão monocrática
da presidência desta Casa poderia sobrepujar a independência de atuação dos
presidentes das comissões, Vossa Excelência abre um precedente grave que coloca
em xeque a estabilidade das decisões deste Poder.
Imbuídos da responsabilidade emanada da vontade
popular e da necessidade de estabilidade e manutenção da legalidade como
premissas da atuação desta Assembleia Legislativa, Casa de Joaquim Nabuco,
reiteramos a importância de que sejam garantidas as prerrogativas dos
parlamentares e o curso normal, reto e à luz do dia do processo de eleição das
comissões permanentes desta Casa.
Subscrevem os Deputados:
- Adalto
Santos (PP)
- Aglailson
Victor (PSB)
- Antônio
Moraes (PP)
- Claudiano
Martins Filho (PP)
- Dannilo
Godoy (PSB)
- Débora
Almeida (PSDB)
- Doriel
Barros (PT)
- Fabrizio
Ferraz (Solidariedade)
- France
Hacker (PSB)
- Gustavo
Gouveia (Solidariedade)
- Henrique
Queiroz Filho (PP)
- Izaías
Régis (PSDB)
- Jeferson
Timóteo (PP)
- João
de Nadegi (PV)
- João
Paulo (PT)
- Joãozinho
Tenório (PRD)
- Joaquim
Lira (PV)
- Kaio
Maniçoba (PP)
- Luciano
Duque (Solidariedade)
- Nino
de Enoque (PL)
- Pastor
Cleiton Collins (PP)
- Pastor
Júnior Tércio (PP)
- Romero
Sales Filho (União Brasil)
- Rosa
Amorim (PT)
- Socorro
Pimentel (União Brasil)
- Wanderson Florêncio (Solidariedade)
Blog do Paixão