Movimento anticolonial que
conseguiu tomar o poder completa 208 anos nesta quinta-feira (6)
Por: Amanda
Azevedo / Diário de Pernambuco
Bandeira de Pernambuco teve origem na Revolução Pernambucana (Foto: Acervo Hemeroteca Nacional)
Único movimento anticolonial que
conseguiu tomar o poder em toda a história da monarquia portuguesa, a Revolução
Pernambucana completa 208 anos nesta quinta-feira (6). A Data Magna, que
celebra o período em que Pernambuco foi um país, é feriado estadual desde 2017.
O surgimento do país
Pernambuco
Juntando o pensamento iluminista
e a insatisfação com a monarquia portuguesa, civis, militares e religiosos
proclamaram, no dia 6 de março de 1817, no Recife, a nova república, que
recebeu o apoio do Rio Grande do Norte, Paraíba e de parte do Ceará. No
dia seguinte, formou-se um governo provisório integrado por cinco
representantes de comerciantes, militares, clérigos, magistrados e senhores de
engenho.
“São 75 dias em que Pernambuco e essas províncias vizinhas foram um país independente. Com bandeira, com uma lei orgânica que procurava organizar esse novo estado soberano, com um representante diplomático nos Estados Unidos, com medidas que visavam baratear a comida, diminuir o problema da defasagem dos salários e dos soldos e diminuir a carga tributária. Isso provocou uma adesão popular ao movimento, que não foi muito sólida, mas que permitiu uma vitória rápida. No mesmo dia, eles conseguiram depor o governador português e enviá-lo para o Rio de Janeiro”,
- explica o historiador George
Cabral, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Segundo o historiador, enquanto
não fosse possível organizar uma Assembleia Constituinte, o país seria regido
por uma lei orgânica com 28 artigos que definiam os princípios básicos do
funcionamento do governo e davam garantias de liberdade de imprensa e de
religião.
A repressão ordenada por Dom João
VI foi mais poderosa do que a resistência dos pernambucanos, e o movimento
chegou ao fim em 19 de maio de 1817. Centenas de participantes da Revolução
Pernambucana foram presos e os principais líderes foram cruelmente executados.
Também como punição, a comarca de Alagoas foi desmembrada de Pernambuco virou
capitania.
Para Cabral, o feriado, além de
chamar a atenção da população para o acontecimento, que ainda é desconhecido
por muita gente, deve estimular o debate sobre problemas contemporâneos.
“Foi uma revolução com pensamento republicano e constitucional. O respeito à Constituição, a igualdade perante a lei, o problema da escravidão, que foi considerado e havia o desejo de abolir dentro de um prazo mais rápido possível. Todas essas questões ligam diretamente a Revolução de 1817 com a atualidade. Não é simplesmente uma coisa que aconteceu há mais de dois séculos, são discussões que ainda estão presentes na atualidade política do Brasil, sobretudo no que diz respeito à questão do pacto federativo”,- diz.
A bandeira
Blog do Paixão