Clínica odontológica no Recife
foi alvo de denuncias de mulheres que tiveram complicações após intervenções no
rosto. Profissionais cometeram 14 infrações e não tinham permissão para fazer
procedimentos.
Por Gustavo Ferreira, g1
PE
Kalina Galindo ficou sem mexer o pescoço após procedimento estético errado — Foto: Reprodução/TV Globo
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Pacientes de clínicas
odontológicas do Recife denunciaram
complicações de saúde após procedimentos estéticos. A Polícia Civil,
por meio da Delegacia de Joana Bezerra, no Centro da cidade, concluiu um dos
inquéritos e indiciou dois dentistas por lesão corporal e exercício
irregular da profissão. Há ainda registro de outras denúncias contra os mesmos
profissionais.
Em agosto de 2023, a advogada
Raphaela Neiva decidiu fazer um procedimento estético no rosto e encontrou os
dentistas por meio das redes sociais. Durante a consulta, os profissionais
passaram confiança e convenceram a advogada a realizar os procedimentos na
clínica.
Além de não solicitarem exames
antes do procedimento, horas após a intervenção estética a paciente percebeu um
sangramento no local. Ela relatou à TV Globo que os dias
seguintes foram de muita dor e inchaço.
"Todo mundo perguntava se eu tinha sofrido algum acidente de moto ou de carro de tão desfigurada que fiquei. Isso fez com que eu não quisesse contato com mais ninguém, mexeu com minha autoestima", disse Raphaela.
Sem perceber melhora no quadro de
saúde, a paciente tentou falar com os profissionais, mas não foi atendida.
"Em nenhum momento mais eu consegui contato com eles. Toda vez que entrava
em contato era a secretária que respondia", lembrou.
O caso é semelhante ao da
instrutora de pilates Kalina Galindo, que procurou a clínica de odontologia
para realizar uma cervicoplastia em junho de 2024.
"Fui em busca, na internet, de profissionais que fizessem uma lipo de papada. Encontrei essa doutora que se diz referência em harmonização facial e tem mais de 40 mil seguidores nas redes sociais. Ela não me pediu exames pré-operatórios, pediu adiantamento do pagamento e na hora do procedimento quem estava era o marido dela. Foi uma sucessão de coisas bizarras", disse Kalina.
Durante o período que seria de
recuperação, a paciente sentiu dores que a impediam de movimentar o pescoço.
Para resolver a questão, a clínica ofereceu um procedimento de reparo.
"Queriam fazer outras
incisões, em menos de um mês, para reposicionar a minha pele. Mas foi quando eu
descobri que eles não eram especializados após fazer uma simples consulta no
Conselho Federal de Odontologia (CFO)", Kalina lembra.
Mesmo estando com o registro
regular do Conselho Regional de Odontologia (CRO), existem outras
denúncias contra os mesmos profissionais, que estão sendo analisadas sob
sigilo. Dependendo das apurações e da gravidade do caso, eles podem ser
impedidos de exercer as funções enquanto os processos éticos são investigados.
"Entramos com uma denúncia
no Conselho Regional de Odontologia (CRO). Mesmo com as 14 infrações, o CRO foi
brando com eles e deu suspensão de 30 dias. Vamos recorrer agora ao CFO",
pontuou Creuza Almeida, advogada de Kalina.
As vítimas entraram com uma ação
judicial por danos estéticos e solicitam indenização por dano moral e material.
Além disso, na esfera criminal, os profissionais serão acusados por lesão
corporal de natureza gravíssima.
Blog do Paixão