Miguel Uribe, do partido
Centro Democrático, foi internado em "estado crítico" e passou por
cirurgia na madrugada.
Por Redação g1 — São Paulo
Miguel Uribe, senador e pré-candidato à presidência da Colômbia, é baleado durante evento em Bogotá — Foto: Reprodução/Instagram
VEJA MOMENTO DO ATENTADO CLICANDO NA IMAGEM ACIMA
Imagens que circulam nas redes sociais mostram o momento em que o senador e pré-candidato à presidência da Colômbia, Miguel Uribe, foi baleado durante um evento em Bogotá neste sábado (7).
O ataque aconteceu durante um
evento de campanha no bairro Fontinbón, na capital. Segundo um comunicado do
partido de Uribe, o Centro Democrático, homens armados atiraram pelas costas do
político. Imagens que circulam nas redes sociais mostram Uribe coberto de
sangue e sendo socorrido por apoiadores.
Uribe foi internado em
"estado crítico" e passou por cirurgia na madrugada deste domingo
(8).
Miguel Uribe, senador e pré-candidato à presidência da Colômbia, é baleado durante evento em Bogotá — Foto: Raul Arboleda/AFP
O que se sabe sobre o atentado
A Procuradoria-Geral, responsável
pela investigação do atentado, informou que o senador foi atingido por dois
tiros, e que outras duas pessoas também ficaram feridas. No local do
ataque, um adolescente de 15 anos foi apreendido com uma arma de fogo.
O presidente da Colômbia, Gustavo
Petro, ordenou a abertura de investigações sobre o caso.
A Fundação Santa Fé de Bogotá,
hospital para onde o político foi encaminhado, afirmou em nota que o político
foi admitido em "estado crítico" e "está sendo atendido de
maneira prioritária".
Ainda de acordo com o hospital, o
político passou por um "procedimento neurocirúrgico e vascular
periférico".
"Miguel está lutando por sua
vida neste momento", escreveu a esposa do senador, María Claudia Tarazona,
na conta dele na rede social X.
Apoiadores de Uribe acendem velas em homenagem ao político em frente ao hospital Santa Fé em Bogotá — Foto: Ivan Valencia/AP
O governo colombiano também
condenou o ataque:
"O Governo Nacional condena de forma categórica e veemente o ataque que recentemente visou o Senador Miguel Uribe Turbay. Este ato de violência constitui um atentado não apenas à integridade pessoal do senador, mas também à democracia, à liberdade de pensamento e ao exercício legítimo da política na Colômbia", diz a publicação no X.
"Um ato de violência
inaceitável", escreveu o partido Centro Democrático.
Em nota, o Itamaraty
lamentou o episódio e disse que o governo brasileiro repudia "qualquer
forma de violência".
"O governo brasileiro condena firmemente o ataque contra o senador Miguel Uribe Turbay, em Bogotá, na Colômbia, no final da tarde de ontem (7). O Brasil saúda a pronta detenção do suspeito pelas autoridades colombianas e confia na plena apuração do caso", disse o Itamaraty, em comunicado.
O secretário de Estado dos
Estados Unidos, Marco Rubio, também condenou o atentado: "Os Estados
Unidos condenam nos termos mais fortes possíveis a tentativa de assassinato do
senador colombiano Miguel Uribe, que foi baleado em Bogotá neste sábado".
Nos últimos 50 anos, ocorreram
três atentados fatais contra candidatos presidenciais na Colômbia. Em 1989,
Luiz Carlos Galán, que disputava as eleições pelo Partido Liberal Colombiano;
em 1990, contra Bernardo Jaramillo Ossa e Carlos Pizarro Leongómez, fora as
tentativas de assassinato do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe.
Trajetória
Miguel Uribe Turbay tem 39 anos e
é senador e pré-candidato à presidência da Colômbia. Uribe foi o parlamentar
mais votado nas eleições de 2022.
Miguel Uribe é filho de Diana Turbay, que foi sequestrada e assassinada em 1991 por narcotraficantes que trabalhavam para Pablo Escobar, quando Uribe tinha apenas cinco anos. O caso foi retratado no livro "Notícias de um Sequestro", do escritor e jornalista colombiano Gabriel García Márquez, que foi laureado pelo Nobel de Literatura em 1982 pelo conjunto de sua obra.
Miguel Uribe: quem é o jovem e
popular senador de oposição baleado em ato de campanha à Presidência da
Colômbia
Crédito,Getty Images
Legenda da foto,Miguel Uribe
Turbay é um dos jovens políticos de maior prestígio da ColômbiaArticle
information
- Author,José Carlos Cueto
- Role,Correspondente da BBC News Mundo na
Colômbia
Um candidato
presidencial baleado no meio de um comício parece notícia de tempos
muito mais sombrios na Colômbia, mas aconteceu em 2025, em Bogotá, capital do
país, menos de um ano antes das eleições presidenciais.
A vítima do ataque é Miguel Uribe
Turbay, senador colombiano e candidato à Presidência pelo partido de oposição
Centro Democrático, fundado pelo ex-presidente
Álvaro Uribe Vélez.
Uribe Turbay foi baleado no
sábado (7/6) enquanto discursava na cidade de Fontibón, a oeste de Bogotá, por
volta das 17h, horário local (22h no horário de Brasília) deste sábado.
Ele foi imediatamente levado à
clínica da Fundação Santa Fé de Bogotá, onde foi internado em estado crítico.
Vídeos circularam nas redes
sociais tanto do suposto momento em que ele foi atingido pelos tiros quanto de
momentos depois, em que pessoas socorreram Uribe, visivelmente inconsciente,
enquanto ele jazia sangrando contra um carro.
O autor do ataque, segundo o
prefeito de Bogotá, Carlos Fernando Galán, foi capturado, e um boletim de
ocorrência indicou que ele era menor de idade.
O ataque ocorre em uma semana
tensa na Colômbia, com o presidente
Gustavo Petro tentando realizar uma consulta popular por decreto, algo
amplamente rejeitado por diversos setores do espectro político, incluindo
Uribe.
Em sua penúltima publicação no X,
o senador afirmou que processaria qualquer ministro que assinasse o decreto de
Petro, que muitos colombianos consideram autoritário e prejudicial à separação
de poderes.
Após o ataque, Petro enviou sua
solidariedade à família da vítima no X e, por volta das 23h10, no horário
local, condenou os eventos em um discurso especial, criticou aqueles que
tentaram lucrar politicamente com o ataque e pediu que o mandante fosse encontrado.
A Colômbia realizará eleições
presidenciais em 2026.
Família com história
Miguel Uribe Turbay nasceu em
Bogotá em 1986. Seu sobrenome e ascendência são bem conhecidos na Colômbia.
Ele é neto do ex-presidente
colombiano Julio Turbay, que governou de 1978 a 1982 pelo Partido Liberal.
Ele também é filho de Diana
Turbay, jornalista sequestrada em 1990 pelo grupo Extraditáveis, liderado por
Pablo Escobar, em meio à resistência do ex-líder do Cartel de Medellín ao
governo colombiano.
Diana Turbay morreu em 1991 após
ser baleado durante uma suposta tentativa de resgate.
Uribe tinha apenas 5 anos na época. Agora, 34 anos depois, ele corre o risco de sofrer um destino que lembra a muitos colombianos o de sua mãe.
Crédito,Getty Images
Legenda da foto,Julio César
Turbay, avô de Uribe Turbay e ex-presidente da Colômbia.
Carreira de prestígio
Advogado formado pela
Universidade de los Andes e com mestrado em Políticas Públicas pela mesma
universidade e em Administração Pública pela Escola de Governo de Harvard,
Uribe iniciou sua carreira política em 2012.
Aos 26 anos, foi eleito vereador
de Bogotá pelo Partido Liberal Colombiano.
Durante a gestão de Enrique
Peñalosa, foi nomeado Secretário de Governo em 2016.
Dois anos depois, "a organização internacional One Young World o reconheceu como um dos dez jovens políticos mais influentes do mundo", segundo o site do Senado colombiano.
Crédito,Getty Images
Legenda da foto,Sob o
ex-presidente Álvaro Uribe, Miguel Uribe Turbay se tornou um dos senadores mais
populares do país
Em 2019, Uribe concorreu à
prefeitura de Bogotá pelo movimento independente "Avancemos", em uma
disputa vencida por Claudia López, que há poucos dias lançou sua candidatura
presidencial para as próximas eleições de 2026.
"Em 2022, ele liderou a
chapa do Centro Democrático para o Senado, convidado pelo ex-presidente Álvaro
Uribe Vélez, e se tornou o senador mais votado do país, com 226.922
votos", segundo o Senado.
Crítico de Petro
Uribe critica frequentemente as
políticas do presidente Petro, o primeiro presidente de esquerda da história
moderna da Colômbia.
O Senado destaca que Uribe aborda
questões de economia, emprego, segurança e fortalecimento das forças de
segurança pública, e que ele promoveu leis para melhorar o acesso a serviços
essenciais, como educação e saúde, especialmente em regiões remotas.
Poucas horas antes do ataque,
Uribe afirmou em um vídeo publicado no X que processaria os ministros que
assinaram o decreto com o qual Petro pretende lançar uma consulta popular na
Colômbia sobre seu projeto de reforma trabalhista que busca ampliar direitos
dos trabalhadores.
Um projeto de lei da reforma não
passou no Congresso em abril, e a proposta de que seja feita uma consulta
popular foi rechaçada no mês seguinte.
Uma hora antes, o presidente
havia dito na mesma rede social que "qualquer ministro que não assinar o
decreto presidencial sairá imediatamente".
Diversos juristas e membros da
oposição acreditam que fazer uma consulta por decreto, com o qual Petro espera
demonstrar que há apoio às suas reformas, poderia criar uma crise
constitucional no país.
O chamado "decretaço"
foi o tema principal de uma semana tensa na Colômbia, que terminou com o ataque
a um candidato presidencial.
É um ato bárbaro que, para muitos, sinalizou um tempo que já passou. Até agora.
Blog do Paixão