O Axé Baiano com nomes importantes como Luiz Caldas, Ivete Sangalo, Banda Cheiro de Amor, Chiclete com Banana, Asa de Águia faziam todos se envolverem nas discotecas, nas tertúlias e naquela sensação eclética que trazia para dentro das casas de shows para o delírio de uma geração que hoje beira os sessenta, como o autor desta pauta.
E
vou aqui viajar num flashback (no sentido da palavra) para também informar que
éramos doidos por música internacional da melhor qualidade. Michael Jackson, Queen,
Guns N' Roses, Billy Idol, Cyndi Lauper, Rick
Astley, Elton John, Survivor, Madonna, Roxette, Whitney Houston, Alphaville, se for citar toda aquela loucura – no bom sentido
– que vivemos nos anos 80 dava para escrever um livro só contando os momentos
célebres que vivenciamos numa década brilhante. Óbvio, que podemos definir
aquela geração, aquele decênio como a pior no sentido de moda (no meu
entendimento leigo de moda). Vestíamos roupas coloridas e vibrantes, ombreiras,
calças de cintura alta e minissaias, jaqueta de couro ou jeans, brincos grandes
e chamativos, pulseiras e cintos largos, além do corte de cabelo que foi considerado
o mais estravagante e que para muitos tem virado tendência para um visual moderno
e atual. Desfiados, repicados, desconectados, bagunçados, os
cabelos nesta época viveram em total liberdade sendo o mullet, que era curto na
frente e com um rabona parte de trás, o mais usado. Particularmente nunca aderi
ao estilo, mas as roupas da época, juro que não tenho um pingo de saudade e segui
no mesmo embalo.
E juntamos tudo isso que foi descrito de forma minuciosa, o clube de festa “kactu´s Bar” – que ficava ali na rua Vereador Antônio Braz Sobrinho e que da quinta-feira ao domingo funcionava para receber toda essa geração libertária, que fazia acontecer toda essa mistura de coisas que transformavam aquela juventude na mais cultural em termos de musicalidade, moda, arte de todos os tempos.
As ruas no entorno, como Pio XII, Vereador José Barreto Alencar e outras ficavam repletas de uma multidão jovem que adorava discoteca, tertúlia e cuba libre. Dentro do clube um espaço chamado danceteria, um balcão para aqueles que gostavam de sentar nos bancos de madeira para beber montilla, coca, gelo e limão e o reservado com uma divisória de corda e bambu para garantir lugar para aqueles jovens que gostavam de ficar sentados conversados com suas paqueras.
O globo espelhado deixava o ambiente mais propício para quem era tímido (como eu) e que gostava de ficar livre quando a música baiana e o rock de Paralamas do Sucesso e RPM começavam a tocar para explodir a timidez e ocupar lugar toda aquela expressão de liberdade e de explosão interior.
Nos dias de festas no kactu´s Bar, quando o ingresso era cobrado, teríamos duas opções: ou ficar ouvindo o som do lado de fora, porque a grana só dava para uma coisa, ou íamos tomar alguma coisa em qualquer outro lugar. Quem sabe no “Cê Que Sabe” – aí entra outra história que deixaremos para outro momento.
O Clube de Festa Cactu´s Bar teve muitos donos, entre eles Serginho Batista. O prédio foi construído pelo senhor Eunício Bezerra, mas pertencia a Antônio Lacerda e no início era chamado de “Palhoça Bambu”. O auge do famoso bar que podemos relacionar como histórico, juntamente como Tio Patinhas, Bar Recanto, Bar Colegial, Usina Rithmus (Foto), Cê Que Sabe, Aconchego Bar, Bar do Chico, Bar Araripe, foi mesmo nos anos 80.
Atualmente no local está instalada a Igreja Luterana, que se tornou também um prédio imponente pela delicadeza de sua arquitetura, com seus vitrais em estilo milenar e com uma cobertura com duas superfícies inclinadas que se encontram numa linha horizontal chamada cumeeira.
Não posso evidente comparar uma atividade que foi tão exageradamente vivida por uma geração ansiosa com a atual, que declina para uma reflexão religiosa e mais centrada na condução de uma doutrina cristã, mas também naquele ponto, uma geração viveu intensamente a vida, sem precisa de droga nenhuma por entender que queríamos apenas a liberdade de expressão.
E
nós vivemos.
Blog do Paixão