A recente nomeação de Armando Reis Peixoto Filho, primo legítimo de Miguel Coelho, para um cargo estratégico na diretoria do Porto de Suape, movimentou os bastidores da política em Pernambuco. Discreto à primeira vista, o gesto foi interpretado como um aceno político de alto valor simbólico: o possível início de uma reaproximação entre o grupo Coelho e o governo Raquel Lyra (PSD).
Armando é filho da irmã de Fernando Bezerra Coelho e figura influente no núcleo duro da família. Sua chegada a um dos postos mais relevantes do Estado — com peso direto sobre decisões logísticas e bilionários investimentos — dificilmente pode ser vista como uma escolha meramente técnica. Em política, gestos assim têm endereço certo.
Desde o rompimento com Raquel Lyra após as eleições de 2022, Miguel Coelho enfrenta um cenário cada vez mais estreito. Sem controle da federação União Brasil + PP em Pernambuco — hoje comandada por Eduardo da Fonte, aliado direto da governadora — e sem espaço junto ao grupo de João Campos (PSB), o ex-prefeito de Petrolina tem poucas opções viáveis no atual tabuleiro político. A avaliação nos bastidores é de que resta a Miguel negociar seu retorno ao palanque de quem ainda detém o poder.
A nomeação de Armando reforça essa leitura. Em entrevista recente à Rádio Folha, Miguel evitou se comprometer com um dos lados na disputa entre Raquel Lyra e João Campos, mas ao mesmo tempo conseguiu emplacar um aliado direto no coração do governo. O gesto foi visto como um recado claro: Miguel está disponível.
Esse movimento, descrito como um “posicionamento calculado” — sem romper completamente, mas também sem declarar adesão explícita — pode estar abrindo caminho para uma reintegração gradual à base do governo estadual.
Em Pernambuco, Suape é mais do que um cargo: é um símbolo de poder. E neste jogo de xadrez, cada peça movimentada tem impacto. Até as entrelinhas têm sotaque político.
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