Costumeiramente sou ouvinte de rádio e acredito que ainda é o meio de comunicação mais utilizado pelos brasileiros. O que me deixa mais descontente é que o rádio que tem a função de transmitir a informação com credibilidade (coisa que raramente tem feito), e tem mais ainda a função de educar, e quando falo educar refiro-me à boa comunicação usando uma linguagem culta para que aprendamos a lidar com a nossa língua em sua forma mais elegante, não tem cumprido esse papel da forma como gostaríamos que o fizesse.
Posso afirmar categoricamente que atualmente a maioria dos radialistas que são oriundos de uma ‘formação informal’, aquela em que o profissional é contratado para tal função, meramente porque tem uma facilidade de comunicação e em suas afinidades desinibidas se sobressai quando faz o uso do microfone (assunto que muitos têm até pavor só em pensar), lida naturalmente com o público e é expansivo quando se propõe a externar suas opiniões e pontos de vista (mesmo com dubiedade).
O tema que quero tratar tem relacionamento com a postura adotada pelo profissional radialista. Evidente que tem os que fazem uso da profissão para atrair benefícios: os chamados ‘chapas branca” – estão sempre defendendo os que estão no poder para ascender financeiramente. O que quero relatar são os absurdos radiofonizados e que constantemente ouvimos, num assassínio cruel da nossa língua portuguesa. Deixo claro que falo apenas dos “erros mais comuns” – que são usados frequentemente, e não das formas gramaticais complicadas que tem na nossa língua.
Ele acabou usando termo de baixo escalão – ouvi outro dia de um radialista local e fiquei pensando: “será se existe uma diferença de palavrões de um escalão para outro”? Agente tamos, o povo tão preocupado – são outros termos repetidos de forma absurda que são usados por nossos profissionais.
E o a nível de Brasil, a nível de Município – é considerada uma expressão inútil e que jamais devia ser pronunciada e sim, apenas substituída.
Não raro ouvimos protocolou ao invés de protocolizar e estada ao invés de estadia (termos que estudiosos já declaram corretos nas situações ambas), apesar de que muitos acreditam não ser uma forma errada de escrever ou se pronunciar. É só dar uma olhada no dicionário e perceberá a diferença.
Falar bem e não só ter a intimidade com o microfone e com o público, deve ser ossos do ofício de quem é comunicador. Indiretamente eles são propagadores de nossa língua em sua mais perfeita expressão. A capacidade intelectual do profissional de rádio e também de televisão deve estar em sintonia com a linguagem bem falada e deve ser direcionada ao público da forma mais inteligível e elegante possível.
O “aterrizou” no Caldeirão do Huck – pode bem ser trocado por aterrissou – pelo apresentador de televisão Luciano Huck – afinal ele apresenta o soletrando e alguém já podia dar um toque de como usar a palavra correta. Mesmo assim, o termo com "Z" já é considerado por muitos como correto. Vai entender a nossa língua...
O termo – “venho” através deste” – usado principalmente em ofícios encaminhados – deve ser suprimido urgentemente. Venho quer dizer que o emissor seguirá junto com o documento. E não raro ouvimos dos nossos profissionais do rádio o uso constante do gerúndio. Virou hábito o “vou estar fazendo”, “vou estar providenciando”, “vou estar repassando”, “vou estar acompanhando”, "vou estar cobrando", é o repetitivo e enfadonho gerundismo desnecessário.
Daqui a pouco adotaremos o Presidenta, só para sermos conivente com os erros constantes de um partido que tenta a todo custo mudar nossos hábitos e costumes. Iremos então nos dirigir a gerente do banco e tratá-la como gerenta. Até a palavra "Presidenta" já é considerada correta (rsrsrs).
A simples leitura corriqueira, o grifo de palavras com marca texto, o aperfeiçoamento do nosso vocabulário aproveitando a riqueza dos nossos sinônimos e adjetivos, a pesquisa na internet, hoje nos traz uma imensa fonte de informação que pode nos dar respaldo para uma melhor comunicação e interação com o ouvinte.
O homem se agiganta quando usa do argumento e da elegância de se expressar bem, respeitando as normas cultas de sua língua de origem. Quem dera o simplório autor deste ponto de vista tivesse a familiaridade e os conhecimentos de alguns autores da nossa encantada e complicada língua portuguesa.
Araripina, 28 de novembro de 2012
Everaldo Paixão e Silva
Blog do Paixão