Arquivo Tivinanet
A nossa Majestosa Igreja Matriz, que está atualmente passando
por reformas, que era cercada por coloridas rosas, violetas e outras
belezas da espécie, complementavam a
magnitude desse nosso histórico monumento. Hoje vive cercada de bancas que
exalam o odor de óleo saturado, de lixo descartado ao seu redor, e tantos
outros que provocam a poluição ambiental.
São os frutos do progresso meus caros. Progresso expandido,
mas sem entender que cultura, ambiente e outros benefícios podem
harmoniosamente progredir na mesma proporção, inclusive a educação da população
para se atentar aos problemas tão salutares para a nossa convivência em
sociedade.
E do que mais poderíamos sentir saudade. Das canções em que
quando ouvíamos lembrávamos-nos da namorada, das cartas escritas com linhas mal
traçadas, da paquera? Aí eu me pergunto? Como um jovem moderno pode se
apaixonar se tudo é tão efêmero, se não existe mais canções com melodia e
letras que possam tocar o coração?
Eu sinto muita saudade da outrora Araripina, das tertúlias
dos finais de semanas, Cê Que Sabe, Cacto’s Bar, o velho e saudoso Bar
Colegial, os shows de calouros no Cine Capri, os desfiles esplendorosos do
carnaval. E a paz? Varávamos a noite sem ser incomodados com tanta violência do
progresso atual.
E o São João e o São Pedro? Naquela época comemorávamos os
dois com a mesma alegria. Forró nas salas das casas, ruas enfeitadas (não com
esses enfeites carnavalescos que têm transformado as roupas juninas), fogueira,
bombas, tracks, chuvinhas, batizado à beira da fogueira, batata frita, muito
arrasta pé e o velho som do gonzagão: “aproveita gente, danado de bom,
casamento da rosa”, eita nós.
Aqui não se investe mais em cultura. Quadrilhas são até
formadas, mas não é para dar brilho aos velhos festejos juninos, mas para
usurpar o dinheiro público. Ou tempo “bão” para essa farra. Superfaturam tudo.
Araripina cresceu e junto como crescimento econômico, social
e político, veio o desmantelo de um projeto desorganizado, que ao invés de
transformar em bela, virou esse modelo horroroso de cidade maltratada por
políticos incompetentes que deixou de ostentar o título de a “Princesa do
Sertão”.
Não está satisfeito? Mude-se, vá embora. E não teria esse
privilégio de poder me dar ao luxo de arrumar as malas e partir, fugir deste
lugar, em busca de outro, onde pelos menos tenhamos assistência em saúde. O nosso lugar está sendo transformando pela incompetência política em pocilga.
Araripina recebeu nessas últimas gestões mais de 500 milhões
de reais e não temos sequer um Hospital Municipal. Aliás, que tipo de saúde
para assistir a população nós temos. Esses postinhos que servem apenas como
paliativos. Nós precisamos de algo maior que atenda as necessidades mais
urgentes.
Não temos políticos compromissados que atualmente digamos que
enalteçam esta terra, porque tudo que necessitamos fazer de urgente é preciso
recorrer aos nossos vizinhos.
Somos o iceberg do polo gesseiro e uma cidade economicamente
pujante e desenvolvimentista na Região do Araripe, mas não temos os
investimentos que nos torne humanamente um município que prima pelo o seu bem
maior: o seu povo.
Enquanto isso, os medíocres, os xenófobos, os pseudos-democratas,
os míopes, os sensacionalistas, os enganadores, os oportunistas, os
aventureiros, querem transformar esta terra que é de todos, nos seus mundinhos
particulares.
Se existe esperança para o futuro, é preciso repensar uma
nova ideia, uma nova gestão, um novo compromisso, uma nova política (sem demagogias)
e um engajamento de todos, ou então nunca seremos ou teremos a Araripina que
tanto sonhamos. Para todos.
Everaldo Paixão
Blog do Paixão