Sexo, envelhecimento, fertilidade, músculos e tratamento hormonal do homem. Esses estão entre os principais assuntos abordados pelo urologista paulista Aguinaldo Nardi em entrevista ao site de VEJA. Nardi é autor do livro 'A Fragilidade do Sexo Forte', que acaba de ser lançado
Por: Giulia Vidale / Veja Online
Para o urologista
paulista Aguinaldo Nardi, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia e
diretor da Clínica Integra e Fertility, em Bauru (SP), ao contrário da mulher,
os homens ainda não incorporaram a prevenção e os cuidados com a saúde em seu
dia a dia. "Eles se consideram indestrutíveis e por isso não aceitam sua
própria fragilidade", disse em entrevista ao site de VEJA.
Resultado: os
homens adoecem mais. Em seu livro recém-lançado "A Fragilidade do Sexo
Forte", o especialista propõe uma reflexão sobre as principais doenças
urológicas que podem afetar o homem ao longo da vida. Nardi também esclarece
alguns mitos relacionados à saúde masculina, como andoprausa, reposição
hormonal e disfunção erétil.
Qual é o principal
ponto fraco do homem no trato da saúde? É imaginar ser o sexo forte. O
homem é mais fraco e há provas estatísticas. A cada cinco mortes no Brasil,
três são de homens. Além disso, os homens vivem 7,6 anos menos que as mulheres.
Esses dados são brasileiros, mas em relação ao mundo desenvolvido, a saúde
masculina no Brasil também deixa muito a desejar. O homem não aceita sua
própria fragilidade e, com isso, deixa de procurar ajuda. Eles vão menos aos
médicos também. Não se preocupam com prevenção.
A mulher é
fundamental no papel de levar o homem ao médico... Sem dúvida. Uma
pesquisa recente feita pela Sociedade Brasileira de Urologia com o Datafolha
mostrou que 80% dos homens que vão aos médicos, o fazem porque foram
influenciados pela família, em especial pela esposa. Por consequência, criam-se
inúmeros mitos em relação à saúde masculina.
A andropausa, de
fato, existe? Sim. Mas não existe a parada de produção do hormônio masculino,
como muitos imaginam. O que ocorre é um "distúrbio androgênico do
envelhecimento masculino ou hipogonadismo". Significa a diminuição das
taxas do hormônio masculino, a testosterona. Não há parada da produção, repito.
A partir dos 40 anos de idade, a redução é de em torno de 1% ao ano. Os
sintomas relacionados ao hipogonadismo são: perda da libido, impotência ou
disfunção erétil, irritabilidade, alterações cognitivas, diminuição da massa
muscular e óssea, aumento da gordura visceral.
A reposição
hormonal para o homem é benéfica, afinal? Quando há o conjunto dos
sintomas acima citados e a dosagem hormonal mostrar que a queda é maior que o
normal, pode haver essa possibilidade, sim. Aliás, há aqui outro mito referente
à saúde masculina: a reposição de testosterona não causa câncer de próstata,
como se imagina. O que pode acontecer o tumor de próstata já existente crescer
com a reposição. Então podemos dizer que o tratamento de reposição hormonal no
homem é muito eficaz e com pouquíssimos efeitos colaterais. É importante
lembrar que, quando os sintomas citados aparecem e estão relacionados aos
hormônios, eles surgem de maneira gradual e contínua, nunca abrupta. Quem passa
por um stress intenso também pode apresentar estes sintomas e, nesse caso, não
é suficiente para fazer reposição hormonal. O tratamento com testosterona só
deve ser feito em homens cuja baixa dosagem hormonal for comprovada por exames
laboratoriais.
O homem se torna
infértil com o passar da idade? Não. Estudos recentes mostram
que após os 40 anos há um declínio gradual dos índices de fertilidade
masculina. Mas ele produz espermatozoides a vida toda. Diferentemente do que
ocorre com as mulheres. Elas param de produzir óvulos.
A disfunção erétil
acomete todos os homens ao longo da vida? Estima-se que 50% dos homens
acima dos 40 anos sofre de disfunção erétil, em graus diferentes. A situação se
agrava com o passar do tempo. Aos 40 anos, estima-se que 5% dos homens não
consigam ter ereção. Já aos 70 anos, essa porcentagem sobre para 15%. Os
principais fatores de risco para a impotência sexual são doenças
cardiovasculares, tabagismo, vida sedentária e obesidade. Muitas vezes a
disfunção erétil é um sintoma que antecede, por exemplo, uma doença
coronariana. Isso porque a artéria que irriga o pênis tem um terço do calibre
da coronária (a artéria do coração). Então, se a coronária está por entupir, a
do pênis pode entupir antes. Por isso, homens que têm disfunção erétil devem
procurar um médico porque isso pode ser indicativo de um problema ainda mais
grave.
Em quais situações
as pílulas para disfunção erétil podem prejudicar a saúde? Os remédios
para disfunção erétil podem ser fatais para homens com problemas de angina e
que utilizam nitritos ou nitratos. Para eles, o medicamento pode levar a uma
redução abrupta da frequência cardíaca. Então, antes de qualquer tratamento
medicamentoso, é fundamental haver uma avaliação médica adequada.
É possível ganhar
massa muscular depois dos 50 anos? Sim, desde que se faça
exercícios. Os homens perdem massa muscular após os 40 anos e isso está
associado, sobretudo, aos níveis baixos de testosterona. Nestes casos, além da
massa muscular, também há perda da massa óssea. Ainda assim, é bom lembrar que,
independentemente das taxas de testosterona, o músculo precisa ser estimulado a
crescer, então aqueles homens que levam uma vida sedentária, mesmo se tiverem a
dosagem normal do hormônio, podem ter diminuição da massa muscular.
O homem, de fato,
pode consumir mais calorias que a mulher? Sim. Mas é claro que isso depende
do metabolismo individual. Homens obesos ou que têm o metabolismo baixo devem
seguir uma dieta mais rigorosa. Mas, em geral, o homem realmente precisa de
mais calorias do que a mulher porque seu metabolismo é mais rápido e ele gasta
mais energia.
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