O novo estudo foi baseado em dados do surto do vírus na Polinésia Francesa. Não é possível, contudo, saber se estimativas podem ser aplicadas ao Brasil
De acordo com o estudo, o risco de microcefalia associada ao zika é bem menor do que o risco associado a outras causas como citomegalovírus (13%) ou rubéola (de 38% a 100%). O problema é que o potencial de propagação do zika é bem maior do que o de outras infecções(Líbia Florentino/Leia Já Imagens/Estadão Conteúdo)
O risco de grávidas
infectadas por zika no primeiro trimestre da gestação terem um bebê com
microcefalia é de aproximadamente 1%. A conclusão é de um estudo publicado
terça-feira, na revista científica The Lancet, com base em dados do
surto do vírus na Polinésia Francesa entre 2013 e 2014.
"Estimamos que
o risco de microcefalia foi de 1 a cada 100 mulheres infectadas com o vírus da
zika durante o primeiro trimestre da gravidez. Os achados são da epidemia de
2013 e 2014 na Polinésia Francesa e ainda será preciso observar se nossas descobertas
se aplicam da mesma forma a outros países", disse Simon Cauchemez,
pesquisador do Instituto Pasteur de Paris, na França, e um dos autores do
estudo.
De acordo com o
pesquisador, o risco de microcefalia associada ao zika é bem menor do que o
risco da malformação associada a outras infecções. Por exemplo, uma grávida com
citomegalovírus no primeiro trimestre tem uma probabilidade 13% maior de ter um
filho com o problema. A síndrome da rubéola congênita, por sua vez, afeta de
38% a 100% dos bebês cujas mães foram infectadas no mesmo período.
O problema é que o
potencial de propagação do zika é muito maior do que as outras possíveis causas
da microcefalia, o que faz com que ela possa atingir um número muito maior de
mulheres.
Cauchemez e sua
equipe chegaram a esta estimativa tomando como base o número de nascimentos
durante o surto, a quantidade de bebês diagnosticados com microcefalia, os
casos positivos para o zika vírus e o número de casos suspeitos da infecção. O
surto de zika na Polinésia Francesa (território francês localizado no Pacífico
Sul) atingiu mais de 31 mil pessoas (66% da população) entre outubro de 2013 e
abril de 2014.
"As
informações da Polinésia Francesa são particularmente importantes, já que o
surto já acabou. Isso nos dá um conjunto de dados pequeno, mas muito mais
completo do que aquele disponível em uma epidemia em curso. Muitas outras
pesquisas são necessárias para entender como o vírus da zika pode causar
microcefalia. Nossos achados apoiam as recomendações da OMS para mulheres
grávidas se protegerem das picadas dos mosquitos", disse Arnaud Fontanet,
coautor do estudo.
Em um editorial que
acompanhou o estudo, a pesquisadora brasileira Laura Rodrigues, da London
School of Hygiene and Tropical Medicine, na Grã-Bretanha, ressalta que são
necessárias mais pesquisas para se chegar a uma conclusão sobre a relação entre
microcefalia e o vírus da zika.
Os autores
ressaltam que, apesar dos resultados, são necessários mais estudos tanto para
entender melhor a relação entre o vírus e a microcefalia quanto para observar
se essa estimativa se aplica em outros países, como o Brasil.
CDC - Na
terça-feira o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos
(CDC, na sigla em inglês), pediu que aos milhares de universitários que viajam
durante as férias para países afetados pelo zika vírus que redobrem as medidas
de prevenção para evitar a contaminação.
Em mensagem
publicada nas redes sociais, o CDC recomendou que os jovens usem roupa
adequada, repelente e preservativo para reduzir as chances de contrair a
doença. Muitos dos destinos procurados pelos universitários durante o
"spring break" estão na América Latina e registraram surtos da
doença.
"Muitos
destinos no Caribe, na América Central e na América do Sul reportaram zika.
Faça uma mala 'inteligente' para as férias para prevenir o zika", dizia a
mensagem dos CDC dirigida aos jovens.
Cuba - Cuba anunciou
o primeiro caso de zika vírus transmitido dentro do país. De acordo com a
imprensa local, a paciente é uma jovem de 21 anos, moradora de Havana, que não
viajou para o exterior e foi diagnosticada com a doença após relatar sintomas
como dores de cabeça, fadiga, entre outros. O país já havia relatado diversos
casos da doença em pessoas que tinham viajado para destinos com surtos do
vírus, mas até então, nenhum autóctone.
(Da redação)
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