Dyogo
Oliveira, secretário-executivo do Planejamento e sucessor de Romero Jucá(Jefferson Rudy/VEJA)
O secretário executivo do Planejamento, Dyogo Henrique Oliveira, que
substitui a partir desta terça-feira o peemedebista Romero Jucá à frente da
pasta, é um dos alvos da Operação Zelotes, investigação que apura a existência
de um esquema de compra de medidas provisórias e benefícios fiscais nos
governos Lula e Dilma. Ele foi citado por lobistas como um dos contatos dentro
do governo para as negociações de MPs.
Em outubro do ano passado, o Ministério
Público Federal pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Oliveira, que
também foi o número 2 do ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa. Entre 2009 e
2011, ele foi secretário adjunto de Direito Econômico do Ministério da Fazenda,
quando foram editadas e aprovadas as medidas provisórias que os investigadores
dizem terem sido comercializadas para ampliar a vigência de incentivos fiscais
dados a montadoras de veículos. Dyogo Oliveira nega ter cometido irregularidades.
(Laryssa Borges, de Brasília)
Novos áudios
mostram que Jucá não falava sobre economia ao citar "sangria"
No contexto em que
as gravações foram feitas, o ex-presidente da Transpetro e o ministro do
Planejamento discutiam formas de evitar que o caso envolvendo Sergio Machado
fosse parar nas mãos do juiz Sergio Moro
Ministro
do Planejamento Romero Jucá participa de coletiva de imprensa em Brasília -
23/05/2016(Adriano Machado/Reuters)
Novos áudios da
conversa gravada entre o ministro do Planejamento, Romero
Jucá, e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, revelados pelo jornal Folha
de S. Paulo, mostram que o peemedebista não estava falando sobre a economia
brasileira quando disse que era preciso "mudar o governo para poder
estancar essa sangria", conforme ele mesmo alardeou ao justificar as
gravações bombásticas nesta segunda-feira.
O diálogo sugere que Machado e Jucá discutem formas de impedir que o
caso do ex-presidente da subsidiária da Petrobras "desça" para as
mãos do juiz federal Sergio Moro. Na visão de Machado, o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, não teria encontrado "nada" contra ele e,
por isso, remeteria o caso a Moro na tentativa de que o juiz conseguisse alguma
"conexão".
"Não encontrou nada, não tem nada. O que é que faz? Como tem aquela
delação do Paulo Roberto [dirigente da Petrobras] dos 500.000 e tem a delação
do Ricardo [Pessoa, da UTC], que é uma coisa solta, ele quer pegar essas duas
coisas. Não tem nada contra os senadores, joga ele para baixo. Tem que
encontrar uma maneira", diz Machado no áudio.
Nesse contexto, Jucá responde: "Você tem que ver com seu advogado
como é que a gente pode ajudar. [...] Tem que ser política, advogado não
encontra.... Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra...
Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria". A continuação da
conversa reforça ainda mais a tese de que o ministro não falava sobre a crise
econômica: "Tem que ser uma coisa política e rápida. Eu acho que ele está
querendo... o PMDB. Prende e bota lá embaixo. Imaginou?", completa Machado.
Nesta manhã, ao ser confrontado com os trechos, Jucá explicou que estava
se referindo a "estancar a paralisia do Brasil, a sangria da economia e do
desemprego". Presidente do PMDB e um dos maiores aliados do presidente
interino Michel Temer, Jucá anunciou que se licenciará do cargo amanhã para
aguardar manifestação do Ministério Público Federal sobre o caso.
A conversa entre o peemedebista e Machado ocorreram semanas antes da
votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. O
diálogo, que tem mais de uma hora de duração, está em posse da
Procuradoria-Geral da República, que investiga Jucá por suposto recebimento de
propina no petrolão. Segundo o Radar On-line,
a gravação faz parte de um acordo de delação premiada que o ex-presidente da
Transpetro negocia com o MPF.
Machado foi indicado ao cargo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e a cúpula do PMDB da Casa bancou a sua permanência no cargo por
cerca de dez anos.
O advogado do ministro, Antonio Carlos de Almeida Castro, afirmou à Folha que
Jucá "jamais pensaria em fazer qualquer interferência" na Lava Jato
"porque essa não é a postura dele".
Nos áudios, Jucá e Machado ainda são flagrados comentando sobre a prisão
do ex-senador Delcídio do Amaral, que estava preso na época sob acusação de
obstruir os desdobramentos da Operação Lava Jato. Os dois classificam a
detenção do ex-líder do governo Dilma como uma "cagada geral", junto
com a mudança da jurisprudência do STF de determinar o começo do cumprimento de
pena após condenação em segunda instância.
Jucá diz: "Não adianta soltar o Delcídio, aí o PT dá uma manobra,
tira o cara, diz que o cara é culpado, como é que você segura uma porra dentro
do plenário". Machado, então, comenta, criticando aparentemente a decisão
do STF de prender Delcídio: "Mas o cara não foi preso em flagrante, tem
que respeitar a lei. Respeito à lei...". Jucá responde: "Pois então.
Ali não teve jeito, não. A hora que o PT veio, entendeu, puxou o tapete dele, o
Rui [Falcão, presidente do PT], a imprensa toda, os caras não seguraram,
não", ao que Machado responde: "Eu sei disso, foi uma cagada".
"Foi uma cagada geral", conclui Jucá.
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