Por: Laryssa Borges e Thiago Bronzatto, de Brasília
Movimentação na sede da Polícia Federal em Curitiba(Vagner
Rosário/VEJA.com)
A Polícia Federal realiza na manhã desta segunda-feira a 29ª fase da
Operação Lava Jato. Estão sendo cumpridos seis mandados de busca e apreensão,
um mandado de prisão preventiva e dois mandados de prisão temporária. Os
agentes cumprem mandados em Brasília, Pernambuco e no Rio de Janeiro. Os
investigadores encontraram indícios de formação de quadrilha, lavagem de
dinheiro e corrupção passiva envolvendo contratos em obras da Petrobras.
O alvo principal da 29ª fase, batizada de Repescagem, é o ex-assessor
João Claudio Genu, braço direito do ex-deputado federal José Janene, morto em
2010 e um dos nomes já julgados no escândalo do mensalão. Ele foi detido em
Brasília. Também é alvo dos policiais Lucas Amorim, apontado como responsável
por receber propina do doleiro Alberto Youssef em nome de Genu.
Nas investigações, os delatores Youssef, Carlos Rocha (operador de
Youssef conhecido como Ceará) e o lobista Fernando Baiano indicaram Genu como
um dos beneficiários da propina do petrolão e responsável por repassar dinheiro
sujo ao ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. O
ex-assessor do PP também recebia 5% da propina que irrigava a diretoria de
Costa.
Em julho de 2015, João Cláudio Genu já havia sido alvo de um mandado de
busca e apreensão na Operação Politeia, fase da Lava Jato que atingiu políticos
com mandatos suspeitos de embolsar dinheiro desviado de contratos com a
Petrobras. Agora, as evidências acumuladas incluem registros de entrada no
escritório de Youssef, anotações do nome de Genu na contabilidade paralela do
doleiro, mensagens instantâneas de celular que acusam recebimentos de dinheiro
e compras de bens com valores em espécie.
"João Cláudio de Carvalho Genu teria recebido propinas e
participado de forma relevante no esquema criminoso da Petrobras ao mesmo tempo
em que estava sendo processado criminalmente perante o Egrégio Supremo Tribunal
Federal por crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro no âmbito da
Ação Penal 470", resumiu o juiz Sergio Moro ao determinar a prisão do
operador do Partido Progressista (PP).
No esquema de compra de deputados federais para a formação da base
aliada do então recém-eleito governo Lula, em 2003 e 2004, João Cláudio Genu,
que atuava como assessor do PP era o encarregado oficial da legenda para
receber a propina do valerioduto. Na época, o Ministério Público imputou ao
ex-asssessor a suspeita de ter sacado 1,1 milhão de reais em dinheiro vivo da
SMP&B, agência de publicidade controlada por Marcos Valério. Na Operação
Lava Jato, os indícios são de que Genu continuou recebendo propina durante o
julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal e também pelo menos até
2013, quando já estava condenado.
Em março de 2014, por seis votos a quatro, o plenário do Supremo anulou
a condenação do ex-assessor pelo crime de lavagem de dinheiro ao julgar
embargos infringentes. Ao contrário de políticos e empresários apenados no
mensalão, ele conseguiu se livrar de todas as acusações no primeiro grande
esquema de corrupção do governo Lula: além de ter revertido a condenação por
lavagem na fase de recursos, a pena de um ano e quatro meses imposta a ele por
corrupção passiva prescreveu.
Postar um comentário
Blog do Paixão