Desde 2001, 5 bilhões de reais
obrigatórios deixaram de ser investidos pelo estado de Santa Catarina(VEJA.com/Thinkstock)
O governo de Santa Catarina deixou de investir 5 bilhões de reais
obrigatórios pela Constituição na educação desde 2001, segundo cálculos do
Ministério Público de Contas do Estado. Por causa do subfinanciamento, o
procurador de contas Diogo Ringenberg entrou com uma representação na
Procuradoria-Geral da República (PGR) em que pede a propositura de uma ação
interventiva da União no Estado, a compensação dos valores não aplicados e o
fim dos repasses voluntários para Santa Catarina.
Apesar de atuar no Tribunal de Contas do Estado (TCE), o procurador
preferiu provocar a PGR porque o descumprimento da Constituição decorre em
parte de uma omissão do próprio TCE. Uma decisão normativa do tribunal do ano
de 2008 determinou que a não aplicação do percentual mínimo de 25% da receita
de impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino acarretaria a
recomendação da rejeição de contas de prefeitos.
Apesar disso, no âmbito estadual, os conselheiros se mostram muito mais
lenientes. Ano após ano, emitem pareceres propondo a aprovação de contas do
governo e fazem apenas uma "recomendação" para que se cumpra o
investimento mínimo. Recomendações não geram quaisquer consequências jurídicas
ao não serem cumpridas. "O TCE claramente adota critérios diferentes para
situações idênticas. Não há como explicar o comportamento do tribunal. São dois
pesos e duas medidas", afirma Ringenberg.
No parecer de 2013, o TCE afirma que "a situação piorou e que pela
forma como está evoluindo não se vislumbra" uma "solução", mas
mesmo assim requisitou a aprovação de contas do governo. "Há quase duas
décadas o TCE faz de contas que fiscaliza e o poder Executivo que se submete a
esta fiscalização. Há dolo na conduta dos gestores públicos", afirma
Ringenberg.
No pedido à PGR, o procurador também requisita a apuração de
responsabilidade tanto dos chefes do Executivo que descumpriram a aplicação
mínima quanto dos conselheiros do TCE. Diferente de países Europeus, como
Portugal, onde os conselheiros são selecionados por concurso, no Brasil eles
são majoritariamente políticos aposentados já que os cargos são preenchidos por
indicação do Executivo e do Legislativo.
Postar um comentário
Blog do Paixão