Estadão Conteúdo
O estupro coletivo que aconteceu no Rio nesta semana é “o caso mais
grave já ocorrido no Brasil”, afirmou Samira Bueno, cientista social e diretora
executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), organização não
governamental (ONG) que formula análises e pesquisa as estatísticas sobre a
violência no País.
A especialista lembra que, até então, o episódio mais chocante havia
sido o das quatro meninas do Piauí. No caso carioca, disse Samira, além da
quantidade de agressores, choca o fato de nenhum dos envolvidos ter tentado
impedir a violência e “ainda terem postado o vídeo nas redes, se orgulhando do
que fizeram”.
“O que chama a atenção é a brutalidade em pensar que mais de 30 homens
estupraram a adolescente e nenhum deles, em momento algum, tentou impedir”,
disse ela, que ressalta ainda o aspecto cultural da violência. “O estupro está
vinculado à cultura machista e misógina, que entende que os homens têm direito
de ferir a mulher.”
As estatísticas das Secretarias de Segurança Pública de todo País, reunidas
pelo FBSP, mostram que mulheres de diferentes classes e raças são violentadas,
“embora as negras sejam as principais vítimas letais”, segundo a cientista
social. A vítima do estupro coletivo não é negra.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão vinculado à
Secretaria de Segurança do Estado, revelam 507 queixas de estupro na cidade do
Rio, neste ano. O número é 24% inferior ao de igual período (janeiro a maio) de
2015, quando houve 670 registros. Na região da 28.ª Delegacia de Polícia, que
inclui a Praça Seca, onde aconteceu o estupro coletivo, foram registrados 20
casos em 2016.
Redes
Na quinta-feira, 26, as redes sociais foram inundadas de campanhas
contra a violência sexual contra mulheres. Fotos de perfis foram cobertas com
as frases “Precisamos falar sobre a cultura do estupro” e “Eu luto pelo fim da
cultura do estupro”. Em outra campanha, a imagem de uma mulher sangrando,
pendurada como Jesus à cruz, era disseminada nas redes. Usuários ainda
compartilharam mensagens como “Não foram 30 contra 1, foram 30 contra todas.
Exigimos justiça!”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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