tem algumas suspeitas (Foto: Taisa Alencar / G1)
violentado em Petrolina. (Foto: Taisa Alencar / G1)
Polícia suspeita que os
agressores façam parte de um grupo articulado.
Agressão foi registrada na segunda-feira (2), em Petrolina, no Sertão de PE.
Taisa AlencarDo G1 Petrolina
Um jovem de 21 anos,
estudante de Psicologia, foi sequestrado quando caminhava pela Rua Tupinambás,
no bairro Maria Auxiliadora, Zona Central de Petrolina, no Sertão de Pernambuco. O caso
ocorreu no sábado (30), mas só foi registrado pela polícia nesta segunda-feira
(2). O universitário afirma que também foi agredido e violentado sexualmente
por três homens. O jovem será ouvido oficialmente nesta terça-feira (3), pela
Polícia Civil, que investiga o caso. Até o momento nenhum suspeito foi preso.
Segundo o relato do estudante
Anderson Veloso Leal à polícia, a abordagem foi feita por três homens armados
em um carro preto, quando passava pela Universidade Federal do Vale do São
Francisco (Univasf), onde estuda. “Eles pararam o carro, o cara colocou a arma
e me mandou entrar. Disseram para não falar nada e me levaram para um lugar
deserto, onde tinha muita areia e mato. Não lembro bem o lugar. Pensei que ia
morrer”, conta.
O universitário disse que
todos os homens estavam encapuzados e dois deles armados. “Um que era mais
agressivo começou a me xingar, me chamando de 'viadinho', dizendo que era para
eu ir embora que em Petrolina já tinha muito gay, se não eu ia morrer. Eles
bateram muito na minha cabeça até que cai no chão e começaram a me chutar. Eu
coloquei os braços e tentei me defender. A todo momento eles falavam que isso
era só o começo, que isso iria se repetir, que eles já tinham me avisado”,
falou.
Antes da agressão do último
sábado, Anderson já tinha sofrido ameaças. Uma delas, em 2015, foi por
telefone. Ele estava assistindo uma aula quando recebeu a ligação de uma pessoa
que sabia detalhes da vida dele. Na ocasião, um Boletim de Ocorrência (BO) foi
registrado. No mês de março de 2016, o estudante voltou a ser ameaçado.
“Um cara passou por mim e
perguntou se eu não estava reconhecendo a voz dele. Ele falou que sabia onde
meu ex-namorado morava. Fiquei assustado e comecei a correr. No outro dia vi
novamente esse cara. Eu estava no ponto de ônibus e ele estava me observando.
Na última vez, dois homens me fecharam em uma rua, mas eu consegui fugir”,
detalha.
Depois que foi espancado,
Anderson foi deixado na Avenida 7 de Setembro e foi andando até o bairro Maria
Auxiliadora, onde pediu ajuda a um amigo. “Estava descalço, com a roupa rasgada
e em prantos. Eles levaram meu celular, a chave de casa e meu dinheiro. Mesmo
assim ninguém parou para me ajudar. Só quando cheguei na casa do meu amigo, que
chegaram outros colegas, é que fui levado para o Hospital Universitário”. Ao
prestar depoimento na delegacia, na segunda (2), o jovem foi submetido a exame
de corpo delito.
O delegado responsável pelo
caso, Daniel Moreira, esclareceu que tudo indica que o crime tenha sido
praticado por um grupo e que a polícia já tem algumas suspeitas.
“É um caso grave porque teve
a questão do sequestro e do estupro. Esse caso recente está relacionado a
homofobia. Um segundo caso anterior, a gente ainda não tem indícios, mas vamos
entrar em contato com a vítima para confirmar. As investigações estão em
andamento e as primeiras diligências já estamos fazendo. Provavelmente é um
grupo que tenha conhecimento dessas vítimas e pode ser alguém da própria
universidade, que sabe da rotina da vítima”, garantiu.
O segundo caso de violência
que o delegado se refere foi uma sofrida por outro estudante (Univasf). No dia
21 de abril, o aluno do curso de Farmácia da instiuição também foi espancado
quando saia de uma aula. Ele foi abordado por dois homens que desceram de um
carro e o agrediram com chutes e socos.
Mesmo após toda a ameaça,
Anderson Veloso, que é natural de Picos, no Piauí, disse que pretende ficar em
Petrolina. “Minha mãe quer que eu vá embora, assim como toda a minha família.
Mas, eu não penso em ir embora. Tem todo um laço que eu construí. Muita coisa
que não quero deixar, como o meu curso. Não quero abandonar o meu sonho de
cursar Psicologia”, desabafa.
Na segunda (2), a Univasf
divulgou uma nota de repúdio à homofobia. Na nota, a universidade diz que a
homofobia é um mal que tem que ser banido da sociedade e o respeito ao ser
humano, em toda a sua diversidade, precisa ser preservado acima de tudo. A
instituição ressalta ainda que não admite que membros da comunidade externa ou
da comunidade acadêmica sejam vítimas de atrocidades como a que atingiu o
estudante Anderson Veloso. A reitoria informou ainda que está em contato com a
Secretaria de Defesa Social de Pernambuco e com os comandos das Polícias Civil
e Militar para solicitar que sejam adotadas as medidas necessárias para
prevenir e proteger a sociedade de condutas homofóbicas.
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