quinta-feira, junho 23, 2016

Artistas locais criticam contratação de shows para o São João


Por Daniel Medeiros
Da Folha de Pernambuco

As polêmicas entre shows e o meio político pernambucano voltaram à tona ontem. Depois da denúncia sobre o custo do show de Wesley Safadão nas festividades juninas no município de Caruaru, um áudio gravado pelo Whatsapp, por um homem que se identifica como o cantor pernambucano André Rio, denuncia uma suposta cobrança de propina para contratação no São João do Governo do Estado.


O áudio divulgado faz críticas ao procedimento da Empetur e da Fundarpe na contratação de shows para artistas locais. O homem, que se identifica como André Rio, refuta o “coronelismo” instalado no meio artístico.
“Me ofereceram quatro shows na Empetur e mais dois na Fundarpe. Acontece o seguinte: eu teria que deixar metade do meu cachê de comissão (…) É um absurdo. Eles chegam de última hora, oferecem uma cidade longe, pegam o cachê e dizem que tem que deixar metade de bola para as pessoas que dirigem estes órgãos”, diz o artista no áudio, que foi repassado pelo celular da irmã do cantor, Carla, e no qual André Rio revela ter recusado a oferta.
Procurado pela Folha de Pernambuco, o músico não foi encontrado para dar mais detalhes sobre o caso. A gravação foi publicada na noite da terça-feira (22), em um grupo criado por artistas e produtores locais com o intuito de discutir a política cultural em Pernambuco.

O músico Silvério Pessoa também não está na programação junina organizada pelo Governo do Estado neste ano. De acordo com ele, denúncias como a que foi feita por André Rio são constantes no meio artístico local. “A gente fica sabendo, até por meio da Imprensa, que isso acontece há bastante tempo. Felizmente, eu e minha equipe sempre passamos longe dessas negociações escusas”, ressalta o carpinense, que se apresentará no São João do Recife, hoje, às 21h, em Campo Grande.
O forrozeiro Josildo Sá diz que foi contratado há uma semana. “Só posso falar por mim. Ninguém me pediu bola, os cachês serão meus, completamente”, conta. Ele se apresentou nesta quinta-feira, em Gravatá e Vitória do Santo Antão, pela Empetur; e ainda fará show neste sábado, em Capoeiras, pela Fundarpe.
“Tenho uma empresa, chamada Samba de Latada, e é através dela que meus shows são feitos”, completa.
Para Josildo, este ano o cenário mudou, com os forrozeiros tocando menos e a invasão das músicas de fora. “Estes artistas vêm com o poder financeiro muito forte. As Prefeituras gostam de botar mais gente na rua, os cantores que estão mais na mídia, mas não culpo o (Wesley) Safadão. Quem não queria estar no lugar dele?”, dispara o cantor, ressaltando que falta aos governos cuidar de problemas com a saúde, educação e limpeza das cidades.
De acordo com Josildo, o áudio de André Rio foi publicado no grupo de Whatsapp “Artistas Unidos por Pernambuco”. Outros artistas, como o sanfoneiro Cezzinha, também se manifestaram em áudio.
As polêmicas sobre a relação de shows com a política não são novidade no Estado. Em 2014, o pagamento de eventos a partir de emendas parlamentares, realizado pela Assembleia Legislativa em Pernambuco, acabou sendo denunciado a Justiça. O Ministério Público até abriu investigação sobre o caso. Neste ano, depois de muitas denúncias, a Casa Joaquim Nabuco promulgou projeto de lei que obriga a colocação de placas informativas sobre os gastos públicos com o evento.


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