Ainda que tenha
sido pequeno, de 16,1% para 16,2% do PIB, aumento interrompeu série de 11 anos
consecutivos de redução; crise explica o declínio
Veja
Economia
informal representa 16,2% do PIB brasileiro(Fernando
Cavalcanti/VEJA)
A crise econômica fez a participação da economia informal no Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro voltar a crescer em 2015, depois de onze anos de
quedas consecutivas. No ano passado, a informalidade correspondeu a 16,2% de
toda a riqueza nacional, segundo o Índice de Economia Subterrânea (IES),
apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas
(FGV), em parceria com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO). Em
número absolutos, 956,8 bilhões de reais de riqueza foram gerados na
informalidade no ano passado.
Em 2003, quando o indicador começou a ser apurado, a economia informal
respondia por 21% do PIB. De lá para cá, o IES caiu ano a ano e atingiu 16,1%
em 2014. No ano passado, por causa da crise, houve uma reversão da queda: a
informalidade avançou levemente, 0,1 ponto porcentual, na comparação com 2014.
"O vigor da crise atingiu toda a economia, inclusive a economia
subterrânea, que registrou crescimento", afirma Fernando de Holanda
Barbosa Filho, pesquisador do Ibre/FGV e responsável pelo indicador.
O economista diz que esperava uma alta maior do índice, que, segundo
ele, foi atenuada por uma certa resistência no mercado de trabalho. O IES é
calculado a partir de dois grupos de indicadores. Um deles é a demanda da
população por dinheiro vivo, que normalmente cresce quando a informalidade
aumenta, já que essa é uma forma de burlar o fisco. O outro grupo é o indicador
do trabalho informal. De acordo com a FGV, a economia informal inclui a
produção de bens e serviços não declarada ao governo para sonegar impostos e
contribuições.
Barbosa Filho explica que a demanda por dinheiro vivo cresceu de 2014
para 2015, mas a informalidade do trabalho ficou praticamente estabilizada.
"Como demorou para o mercado de trabalho piorar, o aumento da participação
da economia informal no PIB foi de apenas 0,1 ponto porcentual", afirma o
economista.
Para este ano, ele espera uma avanço maior da parcela da economia
informal no PIB brasileiro. De toda forma, passada a crise, Barbosa Filho
acredita que a fatia da informalidade no PIB deve voltar a cair, porque, na sua
avaliação, as instituições para reduzir as tentativas de sonegação têm se
fortalecido.
Simples - O presidente executivo do ETCO,
Evandro Guimarães, faz uma análise diferente. Ele observa, por exemplo, que
desde 2012 o indicador de economia informal gira em torno de 16% do PIB, o que,
acredita ele, sinaliza uma certa estabilização.
"O ritmo de queda da economia subterrânea, que vinha
sistematicamente apontando redução significativa, parou de cair como ocorria
anteriormente", afirma. Entre 2003 e 2012, a redução da fatia da economia
informal no PIB foi de cinco pontos porcentuais. O presidente do ETCO destaca
que alguns mecanismos institucionais que ajudaram nessa redução estão ficando
"vencidos".
Entre esses mecanismos, ele aponta a implementação do Simples e da
microempresa individual. "Também outros esforços do emprego e de renda que
perderam a eficácia relativa neste momento", diz.
Para Guimarães, o Simples não é mais um instrumento vigoroso de
formalização. "O fato de a empresa estar no Simples não quer dizer que ela
tenha 100% da operação formalizada. Sempre temos visto no noticiário e na vida
real que empresas que são aderentes ao Simples também têm uma cota de
informalidade nas suas operações." O presidente do ETCO defende uma
reavaliação dos instrumentos de fiscalização.
(Com Estadão Conteúdo)
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