segunda-feira, junho 27, 2016

Giro Saúde : Zika pode causar problemas oculares / Pesquisadores descobrem anticorpos que 'neutralizam' o zika / Butantan fecha parceria para vacina contra a zika

Zika pode causar problemas oculares em adultos, diz pesquisa
Pesquisa mostra pela primeira vez que o vírus da zika está associado a uma inflamação intraocular em adultos, e não apenas em bebês
Por Da redação


No caso estudado, um homem de cerca de 40 anos, atendido em janeiro deste ano em Ribeirão Preto, apresentou sintomas compatíveis com a zika, associados a olhos vermelhos (Reprodução)
Um grupo de cientistas brasileiros identificou pela primeira vez problemas oculares causados pelo vírus da zika em adultos. Em estudo publicado na última quarta-feira, na revista especializada The New England Journal of Medicine, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descreveram o caso de um homem de cerca de 40 anos que teve sintomas de zika associados a uma inflamação no interior dos olhos conhecida como uveíte.


O novo estudo, liderado por João Marcello Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, mostra pela primeira vez que o vírus da zika está associado a uma inflamação intraocular em adultos. Segundo Furtado, até agora a comunidade científica pensava que a zika adquirida causava apenas conjuntivite, embora a zika congênita causasse problemas oculares mais graves.
Em estudo anterior, outro grupo de cientistas brasileiros já havia mostrado que um terço dos bebês com microcefalia causada pela zika tem problemas oculares. O mesmo grupo, liderado por Rubens Belfort Júnior, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicou, no fim de maio, estudo que comprovou definitivamente a relação entre a infecção pelo vírus e uma série de distúrbios graves nos olhos dos bebês.
“Essa é uma manifestação nova e potencialmente mais grave do quadro ocular. Pela primeira vez na literatura científica, está descrita a zika adquirida em associação com inflamação dentro do olho. Eram conhecidas somente as alterações oculares causadas pela zika congênita, aquela em que os bebês podem desenvolver lesões graves e permanentes”, disse Furtado.
De acordo com Furtado, o estudo também marca a primeira vez em que o material genético do vírus foi isolado a partir de amostras de líquido do interior do olho – o chamado humor aquoso, que fica na câmara anterior do olho. “Essa é uma demonstração de que o vírus pode ultrapassar as barreiras que protegem o olho contra infecções”, afirmou o cientista.
Olhos vermelhos – No caso estudado, um homem de cerca de 40 anos, atendido em janeiro deste ano em Ribeirão Preto, apresentou sintomas compatíveis com a zika, associados a olhos vermelhos. Inicialmente, os médicos – e também o paciente – acreditaram que se tratava de uma conjuntivite. Mas a avaliação oftalmológica mostrou a presença de uveíte. Além de Furtado, participaram da pesquisa Benedito Antonio Lopes da Fonseca, Tomás Teixeira Pinto, Taline Klein e Danillo Espósito, todos ligados à FMRP.
Furtado afirma que as uveítes podem ser causadas por agentes infecciosos – como vírus, bactérias ou protozoários – ou por doenças autoimunes. Pela suspeita de que essa inflamação era causada pelo vírus da zika, foi coletada uma amostra do humor aquoso. “Os exames de sangue do paciente deram positivos para zika e, para nossa surpresa, a amostra do material intraocular também continha material genético do vírus”.
Segundo o cientista, o olho direito do paciente tinha uma inflamação leve oito dias após o início dos sintomas. Na semana seguinte, verificaram inflamação moderada no olho esquerdo, mais intensa do que a do olho direito. No momento em que a inflamação no olho esquerdo foi detectada, a visão desse lado piorou 50%, segundo Furtado. “A visão do olho esquerdo já era pior desde criança. A inflamação deste olho rebaixou a visão temporariamente. Mas, após tratamento, voltou ao que ele considerava normal para este olho. O olho direito ficou com acuidade visual sem alterações”, disse o cientista.
O paciente foi tratado com colírio à base de corticoide, tratamento padrão para os casos de uveítes. Segundo Furtado, a inflamação dentro do olho, na parte anterior, tem como possíveis complicações o desenvolvimento de catarata e aumento da pressão do olho. Caso essas complicações ocorram de maneira prolongada, podem levar ao desenvolvimento de glaucoma, por isso a necessidade de tratamento imediato e adequado.
(Com Estadão Conteúdo)

Pesquisadores descobrem anticorpos que ‘neutralizam’ o zika
Segundo os cientistas, a descoberta abre caminho para o desenvolvimento de uma vacina contra o zika e a dengue
Por Da redação


Um estudo publicado na Nature Immunology sugere que a exposição prévia à dengue pode potencializar os efeitos da infecção por zika
Pesquisadores europeus anunciaram que encontraram anticorpos capazes de “neutralizar” o zika vírus. A descoberta, publicada nesta quinta-feira na revista científica Nature, abre caminho para o desenvolvimento de uma vacina contra esse patógeno que está relacionado a uma série de problemas de saúde.
Cientistas do Instituto Pasteur de Paris, do Centro Nacional para a Pesquisa Científica (CNRS) da França e da Imperial College London, na Inglaterra, que já estudavam os anticorpos capazes de combater a dengue, passaram a analisar estes anticorpos para o zika vírus. Em laboratório, eles selecionaram dois anticorpos EDE capazes de deter a dengue e descobriram que um deles era particularmente eficaz para neutralizar o zika em células humanas.
A partir daí, com diversas técnicas, os cientistas conseguiram reconstituir o local preciso onde este anticorpo se fixa sobre a proteína que envolve o zika vírus e descobriram que o local de fixação era o mesmo do vírus da dengue. “Esta descoberta permite trabalhar na produção de uma vacina de proteção contra todos os vírus do grupo”, afirmam os pesquisadores no estudo.
A descoberta coincide com outro estudo que sugere que a recente explosão de casos de zika vírus na América Latina pode ter sido favorecida por uma pré-exposição destas populações à dengue. O estudo, realizado por pesquisadores do Imperial College London, do Instituto Pasteur de Paris, e da Universidade Mahidol de Bangkok, Na Tailândia e também publicado nesta quinta-feira na Nature Immunology, revela que a maioria dos anticorpos produzidos por pessoas infectadas pela dengue podem aumentar a potência do zika.
Isso acontece por causa das similaridades dos vírus (ambos são da família dos flavivírus) e assim como no caso de quem pega dengue pela segunda vez – o risco de dengue hemorrágica na segunda infecção é sempre maior do que na primeira -, uma exposição anterior ao vírus da dengue pode acentuar a infecção pelo zika. “Este pode ser o motivo pelo qual o surto atual é tão severo, e porque ele aconteceu em áreas onde a dengue é prevalente”, disse Gavin Screaton, da Imperial College London e um dos autores do estudo.
Segundo ele, a descoberta mostra a importância de uma futura vacina contra o zika utilizar os anticorpos corretos. No entanto, ressalta o pesquisador, ainda há muito trabalho por diante, como a realização de uma pesquisa clínica, que pode levar muito tempo.
Para Jeremy Farrar, diretor da organização britânica Wellcome Trust, que apoiou financeiramente ambos os estudos, ainda “há mais perguntas que respostas” sobre o zika e o grupo de vírus que inclui a dengue. Resta saber, por exemplo, porque o vírus da zika no sudeste asiático e na África, onde está presente há muito tempo, não se desenvolveu da mesma forma que na América do Sul.
Até o momento não existe nenhuma vacina contra o zika, ao contrário da dengue, que já dispõe de uma vacina desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi. Em relação à possibilidade do uso dessa vacina para combater o zika, Rey afirma que ela “teria que ser modificada para poder ser utilizada contra o vírus”.
Instituto Butantan fecha parceria para vacina contra zika
A expectativa é que a vacina esteja disponível para os primeiros testes em humanos já no primeiro semestre de 2017
Por Da redação


O acordo prevê investimentos e cooperação técnica entre cientistas brasileiros e americanos para pesquisas contra a doença. A expectativa é que a vacina esteja pronta para testes em humanos no primeiro semestre de 2017. (Thinkstock/VEJA/VEJA)
O Instituto Butantan fechou na sexta-feira uma parceria com autoridades de saúde dos Estados Unidos para o desenvolvimento de uma vacina de zika. O acordo prevê investimentos de mais de R$ 10 milhões para pesquisas contra a doença, além de cooperação técnica entre os especialistas em vacinas da Autoridade de Desenvolvimento e Pesquisa Biomédica Avançada dos Estados Unidos (Barda, na sigla em inglês) e os pesquisadores brasileiros.
A instituição brasileira receberá 3 milhões de dólares (cerca de 10,5 milhões de reais) do Barda, órgão ligado ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês), o equivalente ao Ministério da Saúde dos EUA, para pesquisas de uma vacina com vírus inativado, incapaz de transmitir a doença. Os recursos serão investidos em equipamentos e insumos para o desenvolvimento de um imunizante contra a infecção.
“O Butantan já vem trabalhando no desenvolvimento de uma vacina de vírus inativado. Este tipo de vacina tem desenvolvimento científico e tecnológico mais rápidos e, por usar vírus não infectante, tem a aprovação pelos órgãos reguladores, como Anvisa, facilitada”, destaca o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.
Nos últimos meses, os pesquisadores do Instituto trabalharam no processo de cultura, rendimento, purificação e inativação do vírus em laboratório. Atualmente, a instituição está no estágio de imunização do vírus inativado em roedores. Os próximos passos envolvem testes de toxidade do produto em animais e análise de uma área industrial para a produção do imunobiológico. A expectativa é que a vacina esteja disponível para os primeiros testes em humanos já no primeiro semestre de 2017.
 “O investimento reconhece a excelência do Instituto Butantan na pesquisa e produção de novos imunobiológicos. A parceria permitirá que a instituição prossiga na produção de uma vacina contra o Zika vírus, contribuindo para o avanço das pesquisas científicas no país”, afirma Kalil.
O repasse financeiro se dará por meio de acordo entre a Barda e a Organização Mundial de Saúde (OMS) para a expansão da capacidade de pesquisa e produção de vacinas no Brasil. Além dos recursos provenientes do órgão americano, a OMS também destinará doações de outros países e organizações privadas para expandir a capacidade de produção de vacinas do Instituto Butantan.


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