Por: Eduardo Gonçalves
Presidente interino Michel Temer(Ueslei
Marcelino/Reuters)
Em pronunciamento à imprensa nesta segunda-feira, o presidente da
República em exercício, Michel Temer (PMDB), afirmou que não vai fazer nenhuma
nomeação para cargos de empresas do governo enquanto não for aprovada a chamada
Lei de Responsabilidade das Estatais. O projeto, que foi aprovado no Senado em
março deste ano e agora deve ser apreciado pela Câmara, estabelece regras de
transparência na administração de estatais e fundos de pensão, como Petrobras,
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petros, Funcef e Casa da Moeda.
"Mandamos paralisar qualquer nomeação de empresa estatal ou fundo
de pensão enquanto não for aprovado o PL que dispões sobre estatais. De maneira
muito objetiva, só serão indicados e nomeados pessoas com alta qualificação
técnica", afirmou Temer. O anúncio da medida é uma tentativa de impor uma
agenda positiva ao governo interino que, nos últimos dias, tem sido alvo de
críticas por ter ministros investigados em casos de corrupção.
Nesta segunda-feira, reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelou
o teor do despacho em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao
Supremo Tribunal Federal, pede a abertura de inquérito para apurar a
participação do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, no petrolão. Nele,
Janot afirma que Alves atuou em favor
da OAS em troca de recursos para a campanha do Rio Grande
do Norte, em 2014, da qual saiu derrotado. Em menos de um mês de governo, Temer
já teve duas baixas em seu primeiro escalão: Romero Jucá (Planejamento) e
Fabiano Silveira (Transparência), que apareceram em gravações do ex-presidente
da Transpetro Sergio Machado.
Além de melhorar a política de governança das estatais, um dos objetivos
do projeto é dificultar o aparelhamento das empresas por partidos políticos. Em
uma das cláusulas, o texto veta a indicação para os conselhos de administração
de pessoas que exerceram atividade político partidária nos dois anos anteriores
à nomeação e até 12 meses após deixar o cargo.
Transporte de órgãos - O
presidente interino também aproveitou a ocasião para anunciar que a Força Aérea
Brasileira (FAB) terá um avião reservado exclusivamente para o transporte de
órgãos. "Para nossa tristeza cívica, nós verificamos que a notícia
registrava que não havia avião. Publicaremos amanhã um decreto que determina à
Aeronáutica que se mantenha permanentemente um avião no solo à disposição para
qualquer chamado para o transporte destes órgãos. Portanto, não haverá mais
essa deficiência", disse Temer.
A fala acontece um dia depois de o jornal O Globo revelar
que a FAB se recusou a transportar 153 órgãos para transplante, entre 2013 e
2015. Nessas mesmas datas, a reportagem verificou que a Aeronáutica atendeu 716
requisições de voos de ministros e de presidentes do Supremo Tribunal Federal,
Senado e Câmara. "O número era muito significativo e preocupante",
comentou ele. Pacientes terminais que precisavam de um transplante com urgência
chegaram a morrer devido à falta de aeronaves.
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