Antonio Ivan Athié
era o relator da Operação Saqueador no Tribunal Regional Federal da 2ª Região.
Na sexta-feira, ele determinou que as prisões preventivas da operação fossem
convertidas em prisões domiciliares
Veja
Fernando Cavendish, ex-presidente da
empreiteira Delta, preso na Operação Saqueador(Eduardo
Knapp/Folhapress/VEJA)
O
desembargador Antonio Ivan Athié, que converteu em
prisões domiciliares as prisões preventivas da Operação
Saqueador na sexta-feira, declarou-se suspeito para ser o
relator do caso no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), no Rio de
Janeiro. A informação foi veiculada pela GloboNews. Athié atendeu à
Procuradoria Regional da República fluminense, que nesta terça-feira pediu sua
suspeição para julgar o caso. Agora, a relatoria será
redistribuída a outro magistrado do TRF2, a quem caberá decidir sobre o recurso
do MP contra as prisões domiciliares aos detidos na operação.
O MP
enumerou decisões tomadas por Athié no passado que beneficiaram o empresário
Fernando Cavendish e destacou a amizade entre o magistrado e o advogado do
empresário, Técio Lins e Silva, que defendeu o desembargador em uma ação penal
no Superior Tribunal de Justiça (STJ). "A relação mantida entre advogado e
cliente pressupõe vínculo de confiança e fidelidade", conclui o MP.
A
peça que pede a suspeição de Athié também cita uma declaração de Técio Lins e
Silva ao jornal Folha de S. Paulo, em 2013, em que ele classifica o
desembargador como "um dos melhores profissionais que a Justiça tem.
Nenhuma suspeita pesa contra ele".
A
Operação Saqueador investiga o desvio de 370 milhões de reais em contratos da
empreiteira Delta, da qual Cavendish era dono e presidente, com
o poder público. O dinheiro sujo era posteriormente lavado por uma rede de 18
empresas de fachada do bicheiro Carlinhos Cachoeira e dos lobistas Adir Assad e
Marcelo Abbud. Segundo a denúncia do Ministério Público, os valores roubados
tinham como destinatários finais agentes públicos, inclusive políticos, e
campanhas eleitorais.
Apesar
da decisão do desembargador que beneficiou os alvos da Saqueador, Cachoeira,
Cavendish, Assad, Abbud e o ex-diretor da Delta Cláudio Abreu seguem presos em
Bangu 8, na Zona Oeste do Rio, porque o estado ainda não lhes forneceu
tornozeleiras eletrônicas. Os cinco detidos e os outros 18 denunciados pelo
Ministério Público pelos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
na Saqueador viraram réus na
Justiça Federal do Rio de Janeiro.
Recurso
contra prisões domiciliares - Além
do pedido de suspeição contra Antonio Ivan Athié, a Procuradoria Regional da
República do Rio de janeiro recorreu contra
a decisão que concedeu prisão domiciliar a Cavendish, Cachoeira e companhia.
O
Ministério Público afirma que prisões preventivas são admitidas "para fins
de desarticulação definitiva da organização criminosa, de grande poder
econômico". "A ocultação de aproximadamente quatrocentos milhões de
reais até a presente data configura situação de flagrância do delito de lavagem
de dinheiro, crime de natureza permanente, fato suficiente para justificar a
manutenção da prisão", reafirma a procuradora Mônica de Ré, que também
cita "reiteração criminosa" dos cinco presos na operação.
(da
redação)
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