A Polícia Federal e o Ministério Público Federal
encontraram um elo entre os esquemas de desvio de recursos
públicos na Refinaria Abreu e Lima (em Suape, no litoral Sul
de Pernambuco) e a Operação Turbulência, deflagrada no dia 21 de junho e que
também apura desvios de obras públicas no Estado.
A Operação
Turbulência evidenciou o uso da empresa de terraplenagem Câmara e Vasconcelos,
que era usada pela construtora OAS para desviar recursos das obras da
transposição do São Francisco e outras obras.
A interligação
entre o esquema da Turbulência e a Lava Jato se dá por meio da descoberta das
operações da empresa Master terraplenagem, que atuava nas obras da refinaria,
por meio da construtora Camargo Corrêa.
A chave para a
elucidação do esquema aparece em provas compartilhadas pelo STF no inquérito.
Trata-se de um dos vários outros braços da Lava Jato.
No caso, como já de
conhecimento em Pernambuco, a investigação foi aberta para apurar uma possível
doação não declarada de R$ 20 milhões à campanha eleitoral da então reeleição
do falecido ex-governador Eduardo Campos, em 2010.
A investigação
apura a prática de sobrepreço em contratos bilionários firmados para a
implantação da refinaria do Nordeste (Rnest), pela Camargo Corrêa, por meio da
simulação da contratação da empresa Master Terraplenagem, para a suposta
“locação de equipamentos, em março de 2011.
Em agosto de 2014,
logo após a queda do avião de Eduardo Campos, pessoas muito bem informadas da
política local já citavam que o esquema de desvios da Petrobrás ocorria por
meio de uma empresa de terraplenagem e citavam o nome de pessoas ligadas à área
de factoring e agiotagem. Já se citava o nome de Eduardo Ventola, também um dos
presos da Turbulência.
No processo do STF,
os investigadores sustentam que esses contratos da Master teriam sido
constituídos em nome de ‘laranjas’ como o intermediário José Gomes de Oliveira.
O caso está em
investigação no STF por conta da possível interferência do então secretário de
Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho,
atualmente ocupando o cargo de senador da República por Pernambuco. Senadores
detém foro privilegiado no STF. Só podem ser julgados nesta esfera judiciária.
De acordo com os
dados do processo, no STF, na apuração do caso, os engenheiros da construtora
foram inquiridos e admitiram que a Master de fato não executou qualquer serviço
para a Camargo Corrêa.
Eles informaram ao MPF
e a PF que, após os saques realizados da conta da construtora Master pelo
intermediário “Zé Gomes”, o numerário era remetido para João Carlos Lyra Pessoa
de Melo, apontado pela PF de Pernambuco como um dos cabeças do esquema na
Operação Turbulência, com a ajuda da empresa fantasma Câmara e Vasconcelos
Terraplenagem.
Imagem de terraplenagem na Refinaria Abreu e Lima (Foto: Eudes
Santana/Banco de Imagens da Petrobras)
“A despeito de o
objeto apurado na aludida investigação em curso no STF ser específico e diverso
do ora investigado (na Turbulência, operação independente da PF em Pernambuco),
mais amplo, buscou-se o compartilhamento de provas ali reunidas justamente para
se robustecer o cenário que neste feito vinha se revelando, da atuação da
organização criminosa ora sob investigação neste caderno investigatório, através
do investigado João Carlos Lyra, no evidente intuito de desvincular o dinheiro
ilícito de sua origem criminosa”, descreve o desembargador federal Iran Lira de
Carvalho, relator do caso da Turbulência no Tribunal Regional Federal da 5ª
Região.
Nesta sexta-feira,
o Blog
de jamildo informou que provas compartilhadas pelo ministro
Teori Zavascki, relator da operação Lava Jato no STF, com o Ministério Público
de Pernambuco e Polícia Federal no Estado mostravam que o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho operava uma espécie de
‘delivery’ de dinheiro na capital pernambucana, a serviço de
operadores ligados ao doleiro Alberto Youssef, do Paraná.
Postar um comentário
Blog do Paixão