sábado, julho 09, 2016

ENTRETENIMENTO: A música ‘Faixa Amarela’ de Zeca Pagodinho é um retrato real do machismo que tem tornado comum à agressão verbalizada à figura feminina

Aviões do Forró. Foto: Internet

P
rimeiro ele na letra da música retrata que vai presentear a sua linda donzela, que vai comprar uma faixa amarela bordada com o nome dela, que vai pendurar na entrada da favela. Ele vai mais longe com os pseudos-afagos garantindo que vai fazer dela rainha do desfile da Portela, que ele vai ser filho do rei e ela a Cinderela.


Zeca Pagodinho Foto: Internet

Tudo isso que ele promete para sua “donzela” vem carregado de um compromisso de que ela precisa ser escrava e submissa, caso contrário, todas as promessas cheias de bondades vêm munidas de uma prova violenta de machismo. Veja o refrão que segue o que diz:

Mas se ela vacilar vou dar um castigo nela,
Vou lhe dar uma banda de frente,
Quebrar cinco dentes e quatro costelas

E segue a violência retratada numa música que tem como coro duas mulheres que entoam o refrão, talvez ou por ofício da profissão, por ingenuidade, ou porque para elas não existe maldade na letra melodiosa.

Vou pegar a tal faixa amarela
Gravada com o nome dela
E mandar incendiar
Na entrada da favela

Mas não se enganem meus caros leitores, não é só o tal Pagodeiro que samba e faz sucesso atingindo de forma acintosa e violenta as nossas queridas mulheres, que têm sido frequentes nos noticiários quando se fala em maus-tratos e agressões àquelas que são as nossas companheiras de luta cotidiana, nos fracassos e nas glórias.

Esse Cara Sou Eu, de Roberto Carlos, traduz uma gentileza disfarçada de machismo tal qual o seu compositor.

"O cara que pega você pelo braço/ Esbarra em quem for que interrompa seus passos/ Está do seu lado pro que der e vier/ O herói esperado por toda mulher"

A letra remete a uma suposta dependência da mulher diante da figura masculina e reforça a ideia de que "toda mulher espera um herói", escreveu o Portal Brasil Post.

"Antes mal acompanhada do que só/ Você precisa de um homem pra chamar de seu/ Mesmo que esse homem seja eu"

O homem aparece como uma figura protetora, aquele que vai ser o eterno provedor de indefesas donzelas, que não são ninguém sozinhas, sintetizou o Portal.

E podemos aterrissar aqui no Nordeste terra do Forró, que aí sim, a figura da mulher é escancaradamente estereotipada nas formas mais bizarras sem nenhum pudor e nem respeito, pelas barulhentas formas musicais eletrônicas com letras preconceituosas e violentas contra a mulher.

Jogaram uma bomba, no cabaré...
Voou pra todo canto pedaço de mulher...
Foi tanto caco de puta voando pra todo lado
Dava pra apanhar de pá, de enxada e de colher!

No meio da rua tava os braços de Teresa, 
No meio fio tava as “perna” de Rache, 
Em cima das telha os “cabelo” de Maria,
No terraço de uma casa tava os peito de isabé!

Aí eu juntei tudo e colei bem direitinho
fiz uma rapariga mista, agora todo homem quer!

A genialidade acima, que tem o título: ‘Bomba no Cabaré’, é interpretada pela Banda de Forró Mastruz com Leite e, traduz o que tem de pior na nossa música nordestina.
Segue a saga infame musical...

Caminhão de Raparigas, se posso chamar essa deformação musical de ‘música’, é interpretada pela banda de “sucesso” Aviões do Forró, e trata o personagem principal do “enredo” como mulherengo, másculo, que submete a mulher “rapariga” aos seus caprichos e deixa claro que a mulher é apenas um objeto para saciar os seus desejos.

Eu vou parar meu carro
Na frente do cabaré
Vai ter muita mulher
Vai ter muita birita
Todo puteiro me conhece
Eu sou o cara
Que alugou um caminhão
Pra encher de rapariga

O tema “violência contra a mulher” voltou agora mais intenso nos noticiários, depois que a ex-modelo Luiza Brunet denunciou seu marido. Sabemos que além de denunciar à justiça, de enfrentar com altivez os preconceitos, de lutar pelos seus direitos, aquela que não pode mais se esconder por trás do homem, precisa também ela própria aprender a se valorizar.

As bandas de forró do nordeste em sua maioria têm como vocalistas mulheres que aceitam com naturalidade cantar as letras das músicas que denigrem sua imagem, agridem de forma preconceituosa a sua figura e, incitam a violência de forma natural.

Em 2008 a 7ª Vara Federal de Porto Alegre, condenou uma produtora musical a pagar R$ 500 mil por danos moral difuso à mulher, decorrente da letra da canção “TAPINHA”, da qual o autor afirma que vai dar “um tapinha” porque “Um tapinha não dói”.

Os Zeca, os Aviões do Forró, e outros tantos “artistas musicais” ganham milhões retratando a mulher, de forma preconceituosa, violenta e jocosa. 


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