Acusações como peculato e
exploração de trabalho escravo fazem parte da "ficha" de deputados
que tentam liderar a Casa; eleição ocorre na quarta-feira
Dos seis candidatos favoritos à sucessão do deputado afastado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara, quatro enfrentam algum tipo
de processo judicial, um apareceu na Operação Lava Jato e o sexto não responde
mais a ações porque os crimes dos quais era acusado prescreveram. Entre os que
ainda respondem, há acusações como peculato (desvios de recursos públicos) e
até por submeter empregados a condições de trabalho análogas à escravidão.
A eleição do próximo presidente da Câmara, prevista
para quarta-feira, vai definir uma figura central para os próximos passos do
governo. Além de ser o primeiro na linha sucessória do presidente em exercício
Michel Temer, o substituto de Cunha terá poder para acelerar ou atrapalhar o
processo de cassação do peemedebista e as votações de projetos importantes para
o ajuste fiscal do governo.
Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo checou as pendências dos 16 nomes até
agora cotados para a disputa nos bancos de dados públicos dos tribunais de
Justiça, nas cortes superiores e eleitorais. Em nove deles, encontrou algum
tipo de procedimento. Iniciada após a renúncia de Cunha, na quinta-feira, a
disputa pelo cargo tem número recorde de concorrentes e promete movimentar a
semana que antecede o recesso parlamentar do meio do ano.
Favoritos. Entre os mais cotados na disputa e
possível candidato do Centrão (bloco que reúne 13 partidos), o deputado Rogério
Rosso (PSD-DF) é investigado por peculato e indiciado por corrupção. Os crimes
são relacionados ao mandato-tampão como governador do Distrito Federal, em
2010, após um escândalo de corrupção que prendeu o então governador José
Roberto Arruda e obrigou o vice, Paulo Octávio, a renunciar.
O possível adversário direto de Rosso, Beto Mansur
(PRB-SP), primeiro-secretário da Câmara, é o que tem a maior lista de
pendências judiciais entre os 16 pesquisados. Ele já foi condenado e responde a
um processo por exploração de trabalho análogo à escravidão em uma fazenda no
interior de Goiás. O caso envolve 46 trabalhadores, sete dos quais eram menores
de idade na época.
Em outra ação penal no Supremo Tribunal Federal,
Mansur responde por crime de responsabilidade relacionado ao período em que foi
prefeito de Santos (1997-2004). Ele também é alvo de dois inquéritos na Corte
por crimes contra a administração pública. Na Justiça paulista, o deputado
ainda foi condenado por improbidade administrativa e é alvo de uma segunda ação
por dano ambiental.
Outro candidato que aparece com boas chances, o
deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) não responde a processo, mas teve seu nome
envolvido na Operação Lava Jato após aparecer em troca de mensagem de Léo
Pinheiro, da OAS, pedindo doações. Maia é alvo de um pedido de inquérito da
Procuradoria-Geral da República.
Já Fernando Giacobo (PR-PR), graças à prescrição,
não responde a processo atualmente, mas escapou de duas ações penais no STF por
formação de quadrilha e crime tributário.
Também no páreo, Heráclito Fortes (PSB-PI) teve as
contas das últimas eleições reprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE)
do seu Estado. O deputado ainda pode recorrer na ação em que o Ministério
Público Eleitoral pede a cassação do mandato. Antes, foi condenado por
improbidade administrativa quando era prefeito de Teresina, entre 1989 e 1993,
por usar publicidade institucional para fazer promoção pessoal.
A Justiça determinou ressarcimento aos cofres
públicos.
Do PTB, o goiano Jovair Arantes foi condenado pelo
TRE por utilizar funcionário público em seu comitê de campanha em 2014. Ele foi
multado em R$ 25 mil. Ainda cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Correndo por fora na disputa, Hugo Leal (PSB-RJ) foi
condenado no Rio por violações administrativas em licitações quando foi
presidente do Detran no Estado. Ainda cabe recurso.
No PP, os dois possíveis candidatos também respondem
a processos. Esperidião Amim (SC) responde por improbidade administrativa e
dano ao erário e Fausto Pinato (SP) é réu em ação no STF acusado de falso
testemunho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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