Quinze dias após uma camareira encontrar o corpo do
empresário Paulo Cezar de Barros Morato, 48 anos, no motel Tititi, em Olinda, a
reportagem do portal FolhaPE esteve no local e reproduziu os
últimos passos que Morato teria dado na tarde do último dia 21. A reportagem
constatou que 16 câmeras fazem o monitoramento de segurança do local e que pelo
menos seis delas – incluindo duas na área externa do estabelecimento – podem
ter registrado o momento em que o empresário entra no motel, solicita um quarto
e se dirige à suíte onde foi encontrado morto no dia seguinte.
Ao chegar ao motel, a reportagem, sem se
identificar, solicitou a suíte de número dois, onde o corpo foi encontrado, mas
ela não estava disponível. A reportagem foi encaminhada para a outra suíte
oferecida. Quando o carro com os repórteres se aproximou do quarto, o portão da
garagem já estava sendo aberto – há apenas duas formas de abrir e fechar o
portão: por meio de um botão dentro da garagem que o próprio cliente pode
acionar ou no controle manuseado por funcionários. São também duas as maneiras
de entrar na suíte, ambas monitoradas por câmeras: pela garagem ou por uma
porta de serviço, que não pode ser aberta por dentro do quarto, e é utilizada
pelas camareiras para realizar a limpeza dos cômodos.
O corredor que dá acesso às portas de serviço dos
quartos também é supervisionado por câmeras. Dentro do cômodo e na garagem, no
entanto, não há filmagem. As imagens colhidas no dia em que o corpo de Morato
foi encontrado, que já foram entregues ao Instituto de Criminalística (IC) do
Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), devem mostrar se o
empresário entrou sozinho ou acompanhado ou se alguém entrou no quarto durante
a estadia dele.
Na saída, monitor mostra câmeras do
circuito
“O perito do IC da parte de informática já está com
todas as imagens. A gente vai saber quem entrou e quem saiu durante todo o
intervalo do meio-dia do dia 21 até as 18h do dia 22, que foi o período do
fato. Então, ele vai dizer se teve descontinuidade das gravações e verificar a
autenticidade das imagens. Ele [o perito] vai analisar tudo e nos enviar em
forma de laudo”, comentou a delegada Gleide Ângelo, durante uma coletiva de
imprensa realizada, no último sábado (2), na sede do DHPP.
Na ocasião, a responsável pelas investigações do caso
afirmou que o inquérito deverá ser concluído em até duas semanas. Procurada
pela reportagem nesta quinta-feira (7), Gleide não atendeu às ligações. O
veículo que foi encontrado com Morato, um Jeep Renegade, já foi examinado pela
perícia. Dentro do carro, foram encontradas roupas. O veículo está no
estacionamento do DHPP, no bairro do Cordeiro, na Zona Sul do Recife, e a
reportagem não conseguiu confirmar se o Jeep passará por novas perícias ou se
será entregue para a Polícia Federal. Os bens de Paulo Cezar seguem
confiscados.
Carro usado por Morato foi periciado e
segue no DHPP
Frascos de chumbinho
Estavam dentro da lixeira do banheiro da suíte dois
do motel os frascos contendo organofosfato, a substância popularmente conhecida
como chumbinho, que causou a morte de Morato, segundo o atestado de óbito do
Instituto Médico Legal (IML). Os dois vidrinhos – semelhantes aos de colírio,
de 2,5 ml – estão sendo analisadas pela Polícia Científica. Os frascos podem indicar
a presença de impressões digitais. Um dos recipientes, inclusive, ainda
continha organofosfato. Falta agora a Polícia Civil concluir se ele ingeriu o
material por conta própria ou se foi vítima de homicídio.
Operação Turbulência
A Operação Turbulência foi deflagrada, pela PF, no
dia 21 de junho, para desarticular uma organização investigada por lavagem de
dinheiro, que movimentou R$ 600 milhões desde 2010. O empresário Paulo Cezar de
Barros Morato, que era foragido da operação, era considerado “testa de ferro”
no esquema. O dinheiro teria sido usado para financiar campanhas eleitorais e a
compra do jatinho utilizado pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em
um acidente aéreo em 2014.
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