Delator entrega aos
investigadores as cópias dos cheques usados para pagar propina ao parlamentar
petista que traficou influência no Banco do Nordeste
Por: Robson Bonin / Veja
O
líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães, discursa durante sessão que
analisa o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff - 15/04/2016(Ananda Borges/Câmara dos Deputados)
Quando prenderam o ex-vereador petista Alexandre Romano, no ano passado,
os investigadores da Operação Lava Jato chegaram ao topo de um intrincado
esquema de corrupção disseminado em diferentes áreas do governo federal. Como
um autêntico lobista, Romano usava a proximidade com integrantes da cúpula do
PT para abrir caminhos na burocracia estatal a empresários dispostos a pagar
generosas "comissões" por contratos e privilégios na máquina pública.
O negócio era bom para os empresários, que não precisavam lidar
diretamente com os corruptos nas repartições públicas para defender seus
interesses. Era bom para os políticos corruptos, que não precisavam lidar
diretamente com os empresários corruptores para receber seus pixulecos. A
mágica toda era feita pelo "consultor". Investido nesse papel, Romano
fazia propina virar dinheiro limpo, disfarçado a partir de contratos fajutos de
consultoria jurídica. O ex-vereador recebia o dinheiro, tirava sua parte, e repassava
o restante aos "padrinhos" políticos - um deles o deputado petista
José Guimarães. As provas dessa relação criminosa começaram a aparecer.
Líder do governo da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o petista José
Guimarães também lucrou bastante ajudando os corruptos. Para desgraça de
Guimarães e de seus colegas petistas que se locupletaram do dinheiro público,
Romano, logo depois de preso, fechou um acordo de delação premiada. Uma das
suas qualidades, agora se sabe, era a organização. Romano guardava notas
fiscais, minutas de contratos e até cópias dos cheques que repassava aos
corruptos a título de propina.
Romano
contou aos procuradores do Ministério Público que o deputado José Guimarães
havia usado sua influência política junto ao Banco do Nordeste para destravar
um negócio milionário. Em troca, recebeu 95.000 reais de propina em dois
cheques - um de 30.000 reais e outro de 65.000. Além de descrever o golpe e a
participação de Guimarães, Romano apresentou a cópia do cheque. No canhoto do
talão, ele registrou a natureza do gasto: "despesas gerais JG", de
José Guimarães. O deputado petista preferiu não embolsar a propina. Usou o
cheque para pagar os honorários de seus advogados. Sem saber da origem do
dinheiro, o escritório Bottini & Tamasauskas Advogados confirmou a VEJA o
recebimento do dinheiro, informou que declarou a operação e já prestou todas as
informações à Justiça. No auge do esquema do mensalão, Guimarães teve um
assessor preso com dólares escondidos na cueca. Era a defesa dos advogados
desse caso que Guimarães pagou com o cheque da propina. Outro tremendo
"batom na cueca" do parlamentar petista, que pode custar a ele um
processo por crime de corrupção e a até cassação de seu mandato.
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