Logo após a morte trágica de Eduardo Campos na queda do
avião, as pessoas muito bem informadas deste Estado comentavam que a elucidação
do caso passaria por uma factoring que operava no Pina, controlada justamente
por um dos empresários presos na Operação Turbulência, no dia 21 de junho
último. O que não se imaginava é que as engrenagens do esquema de desvios de
verbas públicas tivesse tentáculos internacionais.
De acordo com dados da investigação
policial, a Polícia Federal achou um elo entre esquema local da Operação
Turbulência e um operador uruguaio Oscar Enrique Algorta Rachet, já condenado
na Lava Jato, por Sérgio Moro, por prestar serviços ao ex-diretor Internacional
da Petrobras, Nestor Cerveró, também condenado na Lava Jato e um dos delatores
da investigação nacional.
Como a Polícia Federal chegou ao
operador uruguaio?
Para o público, a pista foi dada no
mesmo dia em que a operação foi deflagrada. No meio da infinidade de empresas
laranjas locais (18), cujas contas foram esmiuçadas pelas diligências em campo,
a PF citou o nome da empresa West Pneus, com sede em Goiás. Era a única fora da
Região Metropolitana do Recife (RMR). E isto chamava a atenção.
A despeito de estar sediada em Goiás, a
empresa West Pneus tinha a maior parte dos seus títulos de crédito negociados
pela empresa pernambucana Negocial Factoring Fomento Mercantil, que funcionava
na capital pernambucana, mais especificamente no bairro do Pina.
Nas operações com esses títulos, os
terceiros beneficiados com as diversas operações suspeitas foram vários
investigados, como João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, Eduardo Freire
Bezerra Leite e Apolo Santana Vieira. Nestas operações, Apolo Vieira usava
também a empresa Bandeirantes Comércio e Renovação de Pneus, que desde 2009 já
havia sido denunciada pelo Ministério Público Federal por formação de quadrilha
e sonegação de impostos, no montante de R$ 100 milhões, a partir de Suape.
Os três empresários locais foram presos
na operação da Policia Federal e apontados como cabeças do esquema, que teria
desviado mais de R$ 600 milhões em verbas públicas, tanto das obras da
Transposição do São Francisco como das obras da Refinaria Abreu e Lima.
Também nas operações com os títulos da
West Pneus, feitos pela Negocial, estava o testa de ferro Paulo César de Barros
Morato, proprietário de empresas de fachada como Lagoa Indústria e Comércio e
Câmara e Vasconcelos Terraplenagem. Paulo César Morato apareceu morto por
envenenamento em um motel em Olinda, um dia depois de decretada a sua prisão.
Ele estava foragido da Polícia Federal.
A exemplo de Paulo César Morato, entre
os beneficiários dos títulos aparecia ainda o italiano Matteo Bologna, sócio de
Apolo Santana Vieira em várias empresas e também incluído pelo Ministério
Público Federal na quadrilha denunciada há sete anos, a partir de importação de
pneus em Suape.
Homem de Nestor Cerveró
A empresa West Pneus tinha endereço
formal no Estado de Goiás, mas os agentes da Polícia Federal constataram que
ele não estava operando.
No papel, ela tinha como sócios
Cledeilson Nogueira de Souza, de Goiás, e uma empresa estrangeira, a Coralfink
S. A., com sede em Montevidéu, no Uruguai. A Coralfink tinha como acionista o
advogado uruguaio Oscar Enrique Algorta Rachet.
A PF descobriu que, no mesmo endereço
declarado da Coralfink S. A. ficavam várias outras empresas, entre elas o
Estúdio Algorta e Associados, escritório pertencente a Oscar Algorta. O
escritório apresenta-se como especializado em assuntos jurídicos, notariais,
contábeis, fiduciários e investimentos.
Não era só isto. Nas investigações, a PF
registrou que Oscar Algorta já foi denunciado e condenado na operação Lava
jato, por Sérgio Moro, na 13ª Vara Federal do Paraná.
Oscar Algorta foi o operador que criou a
empresa Jolmey S.A., uma off-shore, localizada no mesmo endereço da Coralfink.
A Jolmey teria lavado dinheiro para encobrir as vantagens indevidas por Nestor
Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras.
Paraíso fiscal e lavagem de recursos
internacionais
Nas investigações da Operação
Turbulência, as autoridades policiais em Pernambuco ressaltam que a Jolmey não
está sendo investigada e não guarda relação com os fatos apurados na presente investigação.
“No entanto, diante do modus operandi a
ela relacionado na Lava Jato e, dada a grande quantidade de Off Shore que tem
sede declarada no mesmo local do escritório de Oscar Algorta, seria razoável
concluir que este se trata de um grande operador de lavagem de dinheiro com
atuação no Uruguai, que é um conhecido paraíso fiscal”, descrevem.
“Assim, o fato de a Coralfink ser uma
Siafi ( ) e integrar, no Brasil, o quadro societário da West Pneus Ltda,
uma empresa de fachada, apenas reforça a tese de que as movimentações
financeiras realizadas pela West Pneus seria uma forma de lavagem de recursos
mantidos indevidamente no exterior”, afirmam a Policia Federal e o Ministério
Público.
Do Blog do Jamildo
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