Governo
desistiu de emplacar um nome de consenso; PMDB tem pelo menos cinco
pré-candidatos ao pleito previsto para acontecer nesta quarta-feira
Às vésperas da votação para eleger o sucessor de Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto
desistiu da ideia de tentar um candidato de consenso para pacificar a base
aliada e se convenceu de que um segundo turno será inevitável. A contabilidade
que chegou ao governo na noite desta segunda-feira indicava que o líder do PSD
e um dos nomes do Centrão, deputado Rogério Rosso (DF), liderava a disputa, com
o dobro de votos de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia ficou praticamente sem o apoio
do PT.
A votação está marcada para esta quarta-feira. A
estimativa é de que Rosso teria cerca de 200 votos contabilizados. Fernando
Giacobo (PR-PR), também do Centrão, grupo formado por 13 partidos, estaria em
terceiro lugar nas intenções de votos.
Com a experiência de ter ocupado a presidência da Câmara
por três vezes, o presidente em exercício Michel Temer abriu espaço na agenda
para exercer o "papel de ouvinte". Com alguns candidatos, conversou
pessoalmente no Planalto ou no Jaburu e, com outros, por telefone. No domingo,
o presidente em exercício recebeu para jantar o presidente do PSDB, senador
Aécio Neves (MG), e o líder do partido na Câmara, Antônio Imbassahy (BA). Ouviu
sobre as dificuldades dos tucanos em apoiar um nome do Centrão e disse que não
iria interferir.
Os
tucanos aguardam um nome que unifique a antiga oposição. Terceiro maior partido
da Casa, o PSDB decidiu não lançar um nome em troca do apoio do Planalto na
disputa pela Mesa Diretora em 2017. O partido deverá escolher entre Maia - que
na noite de ontem foi confirmado como candidato do DEM - e Julio Delgado, que
venceu a disputa com Heráclito Fortes (PI) como candidato do PSB.
O novo presidente da Câmara ficará no posto por um
mandato-tampão, até fevereiro de 2017, e será o responsável por conduzir a votação
das principais propostas de interesse do governo neste segundo semestre, quando
deverá ser concluído o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
Na tentativa de assegurar a vitória de Rosso, líderes do
Centrão tentavam reduzir ao máximo o número de candidatos. Oficialmente, eram
10, podendo chegar a 17. A estratégia do grupo foi traçada em almoço realizado
na residência do líder do PTB, Jovair Arantes (GO), logo após Rosso confirmar
que iria entrar na briga pela sucessão de Cunha. Ele protocolou sua candidatura
ontem à noite.
O Centrão também está dividido. Já foram registradas as
candidaturas de Giacobo, Cristiane Brasil (PTB-RJ), Carlos Manato (SD-ES) e
Fausto Pinato (PP-SP). Além deles, também já protocolaram suas candidaturas os
deputados Carlos Gaguim (PTN-TO), Fabio Ramalho (PMDB-MG) e Marcelo Castro
(PMDB-PI).
Apesar de o PMDB ter pelo menos cinco pré-candidatos, o
partido poderá ser o fiel da balança neste processo. Neste caso, Temer teria
papel fundamental, mesmo dizendo que não entrará na disputa. Segundo o líder do
partido, deputado Baleia Rossi (SP), somente hoje o PMDB fará uma reunião para
discutir o assunto. No Twitter, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse
que a "orientação do governo é uma só: a base unida pós-eleição".
"Não tem preferido nem vetado." O Palácio do Planalto receia apoiar
um nome que acabe derrotado e provoque um racha na base.
(Com Estadão Conteúdo)
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