sexta-feira, julho 22, 2016

Turbulência: delações de Trombeta e Morales denunciaram ‘delivery’ de dinheiro de João Carlos Lyra, no Recife

Do blog do jamildo

Provas compartilhadas pelo ministro Teori Zavascki, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), com o Ministério Público de Pernambuco e Polícia Federal no Estado mostram que o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho operava uma espécie de ‘delivery’ de dinheiro na capital pernambucana, a serviço de operadores ligados ao doleiro Alberto Youssef, do Paraná.

No dia 21 de junho passado, no dia da deflagração da Operação Turbulência, no Recife, a Polícia Federal já havia acusado o empresário, ao lado dos também empresários Eduardo Freire Bezerra Leite e Apolo Santana Vieira, como os “cabeças” de um esquema de desvios de recursos públicos de obras como transposição e refinarias da Petrobras. Os três estão presos no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.
No processo da Turbulência, uma das principais evidências contra o empresário João Carlos Lyra são duas representações criminais que estavam tramitando na Justiça do Paraná. Tratam-se de homologações de acordos de colaborações premiadas firmadas pelos procuradores do Paraná, com dois operadores nacionais do doleiro Alberto Youssef, de nomes Roberto Trombeta e Rodrigo Morales.
Até o começo do mês de julho, eles não eram conhecidos do público em Pernambuco.
No dia 9 de julho, o Blog de Jamildo noticiou, também com base em informações da Polícia Federal e Ministério Público Federal, que o esquema criminoso da Operação Turbulência foi desbaratado com ajuda de doleiros ligados a Alberto Youssef.
De acordo com o que foi apurado no Paraná, os operadores financeiros se valiam das contas bancárias de suas empresas, especialmente o grupo Manwin, pertencente aos dois operadores, para realizar retiradas em espécie a mando de diversas empreiteiras.
“Nas delações, restou explicado que, com o passar do tempo, começaram aqueles dois (Trombeta e Morales) a utilizar pessoas que atuam no mercado financeiro com a venda de dinheiro em espécie, de modo que esses vendedores entregavam o dinheiro vivo aos compradores, que faziam as transferências dos valores correspondentes para as contas das pessoas físicas e jurídicas indicadas pelos “vendedores”, simulando um contrato fictício para justificar tais repasses”, descrevem as autoridades policiais.
“… eles (Trombeta e Morales) indicaram que uma das pessoas que atuaria com a venda de dinheiro em espécie, nos moldes acima expostos, era justamente o investigado joão Carlos Lyra Pessoa de Melo”.
De acordo com dados dos inquéritos, para comprovar as informações, os colaboradores entregaram à Justiça Federal do Paraná diversos comprovantes de transferências realizadas a mando de João Carlos Lyra como pagamento pelo montante em espécie adquirido.
Esses valores remontariam a mais de R$ 14 milhões, entre os anos de 2010 e 2014.
A Polícia Federal ressalta ser relevante que, dentre os beneficiários dos recursos indicados por João Carlos Lyra, estejam diversas pessoas físicas e jurídicas investigadas no bojo do referido inquérito policial.
Além das próprias pessoas físicas de João Carlos Lyra e Eduardo Freire Bezerra Leite, são citados como beneficiárias empresas como Câmara e Vasconcelos Terraplenagem, Câmboa Cerãmica Ltda, Cibell Cred Factoring (atualmente, Mm Administradora e Gestora de Bens0, CRM Materiais de Construção, JAVC Comércio de Cosméticos Ltda, Lalot Comércio de Combustíveis e Lagoa Indústria e Comércio Ltda.
No inquérito, as autoridades policiais explicam que as ponderações são mais que viáveis porque João Carlos Lyra é proprietário atualmente de uma factoring (JCL Factoring Fomento Mercantil) e já foi sócio de outra (Stone Consultoria e Serviços). De acordo com as investigações, essas empresas lhe possibilitavam retirar altas somas em espécie sem chamar a atenção dos órgãos de controle ou setores de compliance.
Um dos trechos dos inquéritos da PF é bastante elucidativos da situação.
 “Era João Carlos Lyra quem costumeiramente oferecia dinheiro em espécie aqueles colaboradores, seja ligando, seja comparecendo pessoalmente em seus escritórios, invertendo completamente a lógica da atividade própria de uma factoring, em que a pessoa interessada em obter capital de forma imediata é que procura esse tipo de empresa e não vice-versa”.
“Além disto… os valores devidos deveriam ter sido depositados nas contas das empresas de fomento mercantil pertencentes a João Carlos Lyra e não nas empresas de terceiros”.
Não é só. Pelas informações dos colaboradores, depois Joao Carlos Lyra passou a oferecer este “serviço” diretamente à construtora OAS, sem necessidade de intermediário.
Não por acaso, era da OAS também uma das principais obras declaradas pela empresa fantasma Câmara e Vasconcelos, de acordo com depoimento prestado pelo empresário Paulo César Morato, na PF de Brasília, em maio de 2015, um ano antes da deflagração da operação Turbulência.
Até aqui, o que sabia oficialmente é que uma das ligações da suposta quadrilha local com os operadores de Youssef seria por meio da West Pneus, de Goiás. No dia da deflagração da operação, a Polícia Federal informou que ela estava envolvida no esquema.
No total da Operação Turbulência, dezessete contas são registradas em Pernambuco, a maioria na Região Metropolitana do Recife, e algumas com o mesmo endereço. Apenas uma das contas é do Estado de Goiás, pertencente à empresa West Pneus.

Foto: Reprodução
Quem se beneficiou?
De acordo com os dados dos inquéritos, a hipótese investigativa levantada inicialmente pela autoridade policial era a possibilidade de os repasses feitos às empresas utilizadas pela ‘organização criminosa’ terem o propósito de ‘dissimular’ o custeio de dívidas de campanha política do ex-candidato à presidência da República, Eduardo Campos, por parte da Construtora OAS, inclusive para viabilizar a aquisição da aeronave a ser usada na campanha. Como se sabe, o avião Cessna Citation que o socialista usava caiu em Santos, São Paulo, em agosto de 2014. O grupo local que apresentou-se como comprador do avião é justamente o trio preso na Operação Turbulência, João Carlos Lyra, Eduardo Ventola e apolo Santana.
 “Depois de mais diligências terem sido feitas, a tese se reforçou, no sentido de uma possível atuação dos investigados, há pelo menos seus anos, em transações financeiras que objetivavam dissimular a origem espúria de ativos financeiros provenientes, notadamente, da prática de corrupção e desvios de recursos públicos”, descrevem as autoridades policiais.
Tuta Rosal também
Além dos dois cabeças do esquema, os documentos da PF também relacionam o laranja Arthur Roberto Lapa Rosal, apontado como sacador do esquema, como tendo sido favorecido com R$ 100 mil transferidos pelas empresas pertencentes a Roberto Trombeta e Rodrigo Morales.
Além deste, relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), repassados à PF e reproduzidos no inquérito, comunicavam operações relacionadas ao grupo Manwin, de Trombeta e Morales, com as contas de Eduardo Ventola.
Políticos do PP de Alagoas e empréstimo que passou por Pernambuco

Como outro exemplo da ligação do grupo local com os esquemas nacionais, os investigadores citam ainda, no processo relativo à Operação Turbulência, delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, dando conta do envio de dinheiro para Arthur lira e Bendito Lira, do PP de Alagoas, por meio de empresas de fachada de Youssef, com a ajuda dos operadores pernambucanos.

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