O primeiro turno das eleições
municipais, no próximo domingo (2/10), terá a participação de milhares de
candidatos cujos registros foram negados ou cancelados pela Justiça Eleitoral,
mas seguem na disputa apoiados em recursos ainda não analisados. Até o momento,
13.856 postulantes a prefeito, vice-prefeito e vereador estão nessa situação.
Eles até poderão receber votos para vencer, mas não é certo que exercerão os
mandatos para os quais foram eleitos.
Em todos os casos, os candidatos foram rejeitados por alguma
irregularidade que, em tese, os impediria de concorrer. Juízes eleitorais de
primeira instância invalidaram os registros de candidatura, mas eles aguardam
que seus recursos sejam julgados nos tribunais regionais eleitorais (TREs) e no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sem uma decisão definitiva, todos aparecerão
com a votação zerada no sistema de apuração na noite de 2 de outubro. No
entanto, saberão os votos que receberam porque o número é divulgado em
paralelo.
Essa situação já ocorria em pleitos anteriores, mas ficou mais
crítica com a reforma eleitoral que diminuiu o tempo de campanha de 90 para 45
dias. Com isso, encurtou-se também o tempo para o julgamento definitivo. Até
agora, só 91 recursos estão no TSE, sendo que outros 13 mil ainda podem chegar
à Corte. Na eleição passada, no mesmo período, mais de cinco mil recursos desse
tipo já tinham chegado ao TSE, última instância da Justiça Eleitoral. Essa
diferença se dá justamente porque, em 2012, nessa mesma época, os juízes
eleitorais e os TREs tiveram mais 45 dias para julgar os casos.
“Agora que estamos
começando a receber os recursos sobre os registros de candidatura no TSE. Vai
ser difícil até a diplomação (dos candidatos) ter tudo isso resolvido”,
afirmou o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes.
Mudança
Ter o registro aprovado é condição para que o candidato seja
diplomado em meados de dezembro e, consequentemente, possa assumir em janeiro.
Os ministros do TSE terão que correr para julgar os recursos até a diplomação.
Sem esse julgamento, o candidato que foi barrado nas instâncias anteriores pode
até ter recebido mais votos, mas não será empossado no cargo.
Nas eleições municipais passadas, o número de candidatos
barrados a uma semana da votação era semelhante ao de agora. O que mudou é que
esses processos estão chegando a Brasília mais perto da diplomação, diminuindo
ainda mais o tempo para a Corte decidir.
De acordo com o sistema do tribunal, 699 candidatos a prefeito
estão com o registro indeferido, cassado ou cancelado e dependem de julgamento
definitivo. Nessa situação, há ainda quase 12,6 mil candidatos a vereador e 585
a vice-prefeito. No caso de vereadores, a falta de julgamento complica ainda
mais a situação porque interfere nos quocientes eleitoral e partidário, que
define o número de vagas e os eleitos em cada um dos partidos.
O presidente do TSE afirmou que poderão ocorrer situações em que
o candidato mais votado para uma prefeitura não assuma porque não teve o
registro julgado a tempo. Ou que alguns assumam com base numa liminar. Mendes
disse que haverá sessões extras no TSE para julgar os recursos, se necessário.
Ele vai sugerir ao Congresso mudanças na legislação eleitoral.
“Estamos discutindo
sugerir ao Congresso que abra o prazo de registro antes do período eleitoral.
Esse prazo curto tem como resultado um juiz que não tem tempo e aprecia tudo às
pressas. Até agora não houve pronunciamento do TSE (sobre os registros)”, disse Mendes, explicando que o
encurtamento da campanha foi positivo porque diminuiu os gastos; no entanto, o
prazo para analisar o registro foi reduzido. (Fonte/ilustração: O Globo)
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