Polícia Federal
apreendeu quase R$ 1 milhão durante operação 'For All'.
Cantores do Aviões do Forró foram levados para depoimento na PF.
Cantores do Aviões do Forró foram levados para depoimento na PF.
Valdir AlmeidaDo G1 CE
Xand e
Solange Almeida foram levados para prestar esclarecimentos na sede da PF (Foto:
Érico Andrade/G1)
A Polícia
Federal apontou nesta quinta-feira (20) que as fraudes no Imposto de Renda
supostamente cometidas pela empresa A3 Entretenimento, que administra a
banda Aviões do Forró, envolvia, além das bandas, todos os empreendimentos do
grupo, como bares, restaurantes, gravadoras e casas de shows. Além dos
proprietários da empresa, o esquema envolvia empresários contratantes dos shows
e pessoas ligadas aos outros segmentos do grupo no Cearáe
em mais estados do país.
Durante a operação "For All", realizada na
terça-feira (18), empresários da A3 e os vocalistas da Aviões do Forró, Xand e
Solange Almeida, foram conduzidos coercitivamente à sede da
Superintendência da Polícia Federal, em Fortaleza.
Conforme a
delegada Dora Lúcia Oliveira de Souza, titular da Delegacia de Repressão a
Crimes Fazendários, foram apreendidos "quase R$ 1 milhão" em espécie
(o valor não foi precisado) em cumprimento a 44 mandados de busca e apreensão
na sede da A3 Entretenimentos, nas casas dos investigados e em empresas ligadas
ao grupo. O valor é analisado pela Receita Federal e será periciado pelos
policiais federais. Além do montante em dinheiro, os investigadores analisam
informações contidas nas mídias apreendidas durante a operação.
"Estamos
realizando uma triagem do material que estava nas empresas e nas casas dos
sócios. A partir daí, deverão surgir novas informações importantes para o curso
das investigações. Temos que analisar o material para chegar ao conjunto de
ações e identificar a participação de cada pessoa no esquema", detalhou a
delegada, em entrevista ao G1.
Ao G1,
a banda Aviões do Forró informou "que está à disposição da Polícia Federal
e da Justiça e que colaborará com todos os questionamentos em relação à
operação". Um dos advogados da banda, Rubens Martins, afirmou que
irá se pronunciar nos autos. Ele nega os crimes apontados pela Polícia Federal.
Chegamos nas
pessoas que queríamos, mas ainda tem muita gente a ser ouvida"
Dora Lúcia Oliveira, delegada da PF
A investigadora
federal apontou que o grupo é proprietário de empresas em ramos variados, como
casas de shows e gravadoras de CDs. Ao que tudo indica, conforme a delegada,
“tudo que estava envolvido (com a A3 Entretenimentos) apresentava algum tipo
irregularidade”.
"Investigamos
o grupo por completo e é possível apontar existem condutas típicas da pessoa
jurídica em crimes como sonegação de impostos, lavagem de dinheiro, e outros
crimes. Ainda não dá para detalhar a participação de cada pessoa no esquema. Se
for necessário, chamaremos para prestar novos depoimentos e indiciamentos, que
podem ser deferidos ou não pelo judiciário. Chegamos nas pessoas que queríamos,
mas ainda tem muita gente a ser ouvida", ressaltou.
Shows públicos
investigados
O suposto esquema de sonegação de impostos é investigado pela Polícia Federal e pela Receita Federal desde 2012. A investigação foi aprofundada a partir de 2014, com a parceria do Ministério Público. A investigação apontou que bandas ligadas ao grupo A3 chegavam a realizar, em média, mais de 200 shows por mês. Dentre os contratantes estão prefeituras e órgãos públicos de governos estaduais.
O suposto esquema de sonegação de impostos é investigado pela Polícia Federal e pela Receita Federal desde 2012. A investigação foi aprofundada a partir de 2014, com a parceria do Ministério Público. A investigação apontou que bandas ligadas ao grupo A3 chegavam a realizar, em média, mais de 200 shows por mês. Dentre os contratantes estão prefeituras e órgãos públicos de governos estaduais.
A delegada Dora
Lúcia não descartou a participação de entes públicos no esquema de sonegação de
impostos na contratação dos shows. Contudo, a delegada Dora Lúcia Oliveira apontou
que as informações colhidas a partir das prestações de contas dos órgãos
públicos auxiliaram a identificar irregularidades nos valores dos shows
declarados por contratantes particulares das bandas da A3.
Há indícios de
que os integrantes da organização forneciam dados falsos ou omitiam dados nas
suas declarações de Imposto de Renda de pessoas física e jurídica, para
eximir-se da cobrança de tributos. A Polícia Federal acredita que o valor
da sonegação dos impostos pode passar de R$ 500 milhões.
"As bandas
foram contratadas para inúmeros festejos de cidades e inauguração de obras
neste tempo. As prefeituras declaravam os valores reais dos shows, como R$ 1
milhão, por exemplo. Mas quando checamos os valores dos outros contratantes
vimos preços bem abaixo, como R$ 200 mil. A partir daí tiramos uma média.
Então, nesse sentido, as informações dos municípios foram muito
importantes."
É fácil
perceber disparidade do que está sendo declarado e o padrão que eles
demonstram"
Dora Lúcia Oliveira, delegada da PF
Esquema em
outras bandas
A Polícia Federal acredita que o crescimento do mercado musical no país, em especial do forró, é uma das portas para as irregularidades referentes à sonegação de impostos. Deste modo, é possível, conforme a PF, que outras empresas do ramo possam estar ligadas a fraudes desta natureza.
A Polícia Federal acredita que o crescimento do mercado musical no país, em especial do forró, é uma das portas para as irregularidades referentes à sonegação de impostos. Deste modo, é possível, conforme a PF, que outras empresas do ramo possam estar ligadas a fraudes desta natureza.
"Essas
pessoas que atuam nesse ramo estão na mídia e é muito fácil perceber a
disparidade do que está sendo declarado e o padrão que elas demonstram. Há uma
incongruência com o ramo. É um ramo que cresceu de forma desordenada e sem
controle. São pessoas que trabalham com dinheiro vivo e que realizam muitos
shows todo mês", apontou a delegada Dora Lúcia.
Operação For
All
Ao todo, foram cumpridos 76 mandados judiciais, sendo 32 de condução coercitiva e 44 de busca e apreensão em Fortaleza, Russas (CE) e Sousa (PB). Não houve prisões. Os mandados foram cumpridos por cerca de 260 policiais federais e 35 auditores da Receita Federal.
Ao todo, foram cumpridos 76 mandados judiciais, sendo 32 de condução coercitiva e 44 de busca e apreensão em Fortaleza, Russas (CE) e Sousa (PB). Não houve prisões. Os mandados foram cumpridos por cerca de 260 policiais federais e 35 auditores da Receita Federal.
Além dos
cantores Xand e Solange Almeida, o vocalista Zé Cantor, da banda Solteirões do
Forró, e os empresários Isaías Duarte e Carlos Aristides também foram levados
para prestar esclarecimentos. A Justiça Federal também decretou o bloqueio de
imóveis e a apreensão de veículos pertencentes a pessoas ligadas ao grupo.
Segundo a PF, o
nome da operação faz referência à expressão da língua inglesa "For
All", que significa "para todos" em português. Há notícias de
que no início do século XX, engenheiros britânicos instalados em Pernambuco
para construir uma ferrovia promoviam bailes abertos ao público, "para
todos". O termo passou a ser pronunciado "forró". "O nome
da operação veio dessa origem popular da palavra forró, principal ramo de
atividade do grupo investigado", diz a polícia.
Postar um comentário
Blog do Paixão