Meia era um andarilho do futebol do
Nordeste. Tricampeão paraibano e testemunha do épico jogo entre Náutico e
Grêmio em 2005, atleta foi morto com vários tiros
Por Phelipe CaldasJoão Pessoa
Miltinho em 2010, campeão estadual
pelo Treze
(Foto: Nicolau de Castro / Jornal da Paraíba)
(Foto: Nicolau de Castro / Jornal da Paraíba)
Um meia rápido, ágil, bom de bola. Driblador e passador. Tricampeão
paraibano em 2003, 2009 e 2010, por Botafogo-PB, Sousa e Treze respectivamente.
Personagem da épica Batalha dos Aflitos, em 2005, quando defendia o Náutico. Um
cearense que se tornou um verdadeiro andarilho do futebol nordestino e que teve
o seu ápice na Paraíba, onde é respeitado e querido pela maioria das torcidas.
Pois no Estado jogou ainda por Auto Esporte, Esporte de Patos, Nacional de
Patos, Miramar e Campinense. Este era Miltinho. Mais um jogador que era
sinônimo de alegria quando jogava e acabou sucumbido após a aposentadoria. Pois
na noite deste sábado o jogador de 39 anos foi assassinado em Fortaleza, sua
cidade natal.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Governo do Ceará
informou à reportagem que o crime aconteceu no bairro Jardim Guanabara, na
capital cearense. Ele foi atingido por vários tiros, mas os autores dos
disparos não foram identificados. Miltinho ainda chegou a ser socorrido para um
hospital das proximidades, mas acabou morrendo durante o atendimento. A Divisão
de Homicídios e Proteção à Pessoa investiga o caso, mas preferiu não divulgar
nenhuma possível motivação para o crime.
Miltinho bom de bola
Apesar de cearense, Miltinho foi revelado pelo Náutico. Mas rapidamente
ganhou o Nordeste. Jogou em vários clubes pernambucanos e cearenses até que
chegou pela primeira vez ao futebol paraibano em 2003, quando conquistou o seu
primeiro título estadual, defendendo as cores do Botafogo-PB. Já em 2004 e
2005, jogou por Treze e Campinense respectivamente. No mesmo ano em que
defendeu a Raposa, foi para o Náutico, e participou do elenco que quase ascende
para a elite do Campeonato Brasileiro, perdendo a vaga para a Série A na épica
partida contra o Grêmio, naquela que ficou conhecida como a Batalha dos
Aflitos.
Baixinho e veloz: Miltinho jogou por
todos os três grandes clubes da Paraíba e ainda foi campeão por Botafogo, Sousa
e por Treze (Foto: Francisco França / Jornal da Paraíba)
No duelo decisivo, inclusive, ele era reserva. Mas entrou em campo aos
19 minutos do segundo tempo e viu de perto a tragédia que se seguiu, quando o
Náutico perdeu o pênalti da classificação nos acréscimos e ainda sofreu um gol
quando os gaúchos tinham três jogadores a menos em campo (10 do Timbu, contra 7
do Tricolor).
Após mais um giro pelo Nordeste, quando passou por Botafogo-PB,
Flamengo-PI e Tiradentes, ele voltou para o que seria a sua maior e mais
vencedora passagem pela Paraíba. Defendeu Esporte e Auto Esporte até chegar ao
Sousa. Virou herói no Dinossauro. Foi um dos maestros do clube sertanejo que
foi campeão paraibano em 2009, ao vencer o Treze dentro de um Estádio Amigão -
a casa do rival - completamente lotado. Era apenas o segundo e até agora último
título da história do Sousa.
Miltinho ao fundo acompanha de perto
lance do atacante Edmundo na final do Campeonato Paraibano de 2009, quando o
Sousa venceu o Treze dentro da casa do rival (Foto: Leonardo Silva / Jornal da
Paraíba)
Miltinho fez tanto sucesso no Dinossauro que acabou sendo contratado
pelo Treze. E de algoz, virou campeão. Voltando a conquistar o Campeonato
Paraibano em 2010, desta vez pelo mesmo Galo que derrotara no ano anterior (o
seu terceiro e último título paraibano da carreira). Hoje ele é lembrado por
ambas as torcidas, mas é inegável que faz mais sucesso no Sousa, até pelo fato
do título sousense ter sido uma conquista mais rara.
Em 2011, teve mais uma passagem pelo
Belo e depois disto terminou sua carreira jogando a 2ª divisão do Paraibano,
primeiro pelo Miramar e depois pelo Nacional de Patos. Desde 2013 estava
aposentado, sem clube.
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