Planilha apresentada ao Ministério Público por Benedicto Barbosa da
Silva Junior mostra 642 pagamentos sem declaração à Justiça Eleitoral; tabela
descreve propósito dos repasses.
Por
G1, Brasília
Tabela detalha pagamentos milionários
da Odebrecht a políticos
Uma tabela
apresentada ao Ministério Público pelo ex-executivo da Odebrecht Benedicto
Barbosa da Silva Junior, mais conhecido como "BJ", detalha pagamentos
que teriam sido feitos via caixa dois a 179 políticos. Entre 2008 e 2014, há
registro de R$ 246 milhões em repasses ilegais só da área de infraestrutura da
Odebrecht no Brasil.
Entre os nomes
citados, se destaca o do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que
lidera a lista com quase R$ 62 milhões em caixa dois. O atual governador, Luiz
Fernando Pezão, aparece como receptor de R$ 20,3 milhões (veja abaixo os 10 políticos que mais receberam dinheiro,
segundo a planilha).
1.
Sérgio Cabral
(PMDB), ex-governador do RJ (codinome Proximus): R$ 61,9 milhões
2.
Gilberto Kassab
(PSD), ministro de Ciência e Tecnologia (Kibe): R$ 21,2
milhões
3.
Luiz Fernando
Pezão (PMDB), governador do RJ (Proximus): R$ 20,3 milhões
4.
Eduardo Paes
(PMDB), ex-prefeito do Rio de Janeiro (Nervosinho): R$ 16,1 milhões
5.
Julio Lopes
(PP-RJ), deputado federal (Bonitinho): R$ 15,6 milhões
6.
Anthony
Garotinho (PR), ex-governador do RJ (Bolinha): R$ 13
milhões
7.
Geraldo Alckmin
(PSDB), governador de SP (Belém): R$ 9,6 milhões
8.
Eliseu Padilha
(PMDB), ministro da Casa Civil (Primo): R$ 7,2 milhões
9.
Antonio
Anastasia (PSDB-MG), senador e ex-governador de MG (Dengo): R$ 5,4 milhões
10.
Lindbergh
Farias (PT-RJ), senador (Lindinho): R$ 5,3 milhões
O ministro da
Ciência e Tecnologia do governo Temer, Gilberto Kassab (PSD), que foi ministro
das Cidades de Dilma e também prefeito de São Paulo, consta na lista do delator
como beneficiário de R$ 21,2 milhões em recursos não declarados à Justiça
Eleitoral. No documento, Kassab aparece com os codinomes "Kibe",
"Chefe Turco" e "Projeto".
Conforme consta
no documento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), teria recebido
R$ 9,6 milhões em pagamentos via caixa dois em 2010 e 2014. No detalhamento do
propósito do repasse, o documento informa que o tucano é defensor de concessões
e privatizações.
O deputado
federal Julio Lopes (PP-RJ) aperece na lista com 91 pagamentos, totalizando R$
15,6 milhões. No documento, o parlamentar é apelidado de "Pavão",
"Bonitão", "Bonitinho", "Casa de Doido" e
"Velho".
Entre os
motivos que mais aperecem na lista para justificar os pagamentos ilegais, está
a disposição dos políticos para apresentarem emendas ou defenderem projetos de
interesse da empreiteira. Foram 60 doações desse tipo.
Na planilha
apresentada ao Ministério Público, há ainda 111 repasses a políticos que sequer
estavam concorrendo a cargos públicos nas eleições.
Em outro
documento, Silva Junior afirma que “todos os pagamentos constantes da planilha
anexa, realizados por pessoas ligadas diretamente a mim, só puderam ser
efetuados a partir da minha autorização, ainda que a definição de candidato e a
negociação dos valores tenha ficado a cargo de executivos da minha equipe”.
Benedicto
Júnior é um dos ex-dirigentes da empreiteira que fecharam acordo de delação
premiada no âmbito da Operação Lava Jato. As delações foram homologadas pelo
Supremo Tribunal Federal (STF).
O que dizem os políticos
Em sua defesa,
o ministro Gilberto Kassab emitiu um comunicado no qual diz que “confia na
Justiça, ressalta que não teve acesso oficialmente às informações e que é
necessário ter cautela com depoimentos de colaboradores, que não são provas.
Reafirma que os atos praticados em suas campanhas foram realizados conforme a
legislação."
O governador
Luiz Fernando Pezão afirma que nunca recebeu recursos ilícitos e que nunca teve
conta no exterior. “As doações de campanha foram feitas de acordo com a Justiça
Eleitoral”, informou, por meio de nota.
Alckmin negou
as acusações. “Jamais pedi recursos irregulares em minha vida política, nem
autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da
mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei”,
disse.
O deputado
Julio Lopes disse que confia no trabalho das instituições e se coloca à
disposição da Justiça para colabrar com informações "que vão esclarecer
todos os fatos". O parlamentar ressaltou que todas as suas contas
eleitorais foram aprovadas pela Justiça.
O G1 não conseguiu falar com a defesa do
ex-governador Sérgio Cabral.
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