sexta-feira, abril 28, 2017

OPINIÃO: Quem nos representa?



Eu tenho 27 anos como servidor público estadual e nesse momento turbulento em que passa o país, exatamente neste dia 28 em que foi deflagrada greve geral no país contra a Reforma da Previdência e Trabalhista, resolvi dentro desta teia de problemas provocados pelos nossos representantes republicanos, externar o meu sentimento diante de tanta adversidade que enfrentamos ao longo de nossa carreira servindo ao contribuinte. 

Quando iniciei as minhas atividades como servidor da Secretaria Estadual de Saúde quem estava no governo era o senhor Miguel Arraes Alencar, que acabara de se filiar ao Partido Socialista Brasileiro, já em fim de mandato. Praticamente recebíamos três salários e o vice-governador que assumira a vaga de Arraes (que iria postular um lugar na Câmara Federal), seguiu a mesma política de manutenção de alguns ganhos (que não eram muitos), sendo também mantidos pelo sucessor no governo estadual, Joaquim Francisco de Freitas Cavalcanti. 

Comecei a militar no Sindicato da Saúde e novamente no governo de Miguel Arraes já começamos a sentir o arrocho salarial e as teias maléficas do que viria a ser os socialistas no poder a partir do comando daquele que dizia-se defensor do trabalhador e perseguido político pela ditadura militar. Passou a seguir a mesma ordem do militarismo e em 1995 em um dos movimentos por reivindicações de melhorias salariais e condições de trabalho, Arraes ordenou que a polícia agisse de forma truculenta e violenta contra os grevistas que estavam à frente do Palácio do Campo das Princesas. Eu estava lá e vi aquele senhor déspota ao lado do seu secretário da Fazenda, o neto Eduardo Campos, fazendo a mesma coisa que disse sempre ser vítima (que não acredito). 

Parecia sina dos servidores estaduais ter no comando do governo homens, políticos, que sempre menosprezaram as classes trabalhadoras e era como se fôssemos sempre um fardo pesado para esses senhores que sentaram na cadeira do Palácio do Campo das Princesas para governar como arbitrários plenipotenciários. Jarbas de Andrade Vasconcelos (PMDB) foi uma dessas figuras ilustres que nos seus oitos anos de governo ninguém conseguia conversar para dialogar ou ao menos chegar a um consenso. Assumia o governo por um período curto José Mendonça Bezerra Filho (hoje Ministro da Educação e a época vice na chapa com Jarbas) e não foi diferente a cartilha que rezava que era a mesma de Vasconcelos. Mas o pior estava por vir...

... O pesadelo do servidor (pelo menos os das Secretaria Estadual de Saúde) começava mesmo na gestão do neto de Miguel Arraes, o senhor Eduardo Henrique Accioly Campos, ou Dudu Malvadeza, como queiram. Para sentar à mesa para “discutir” com ele só se fosse para concordar. Ele mandava em tudo no Estado, desde TJPE, TCE, MPPE, era como se tivesse um controle remoto manobrando e conduzindo os interesses de Pernambuco a seu bel-prazer e dos seus aliados políticos.

Foram dois mandatos que nem pensávamos em aumento salarial e parecia que até mesmo parte dos “sindicalistas” que diziam representar a categoria eram ludibriados pela sua magia controladora e dominadora. Morreu de forma trágica, mas deixou na cadeira do governo um dos seus afilhados políticos, não tão inteligente e sagaz como ele, mas impulsionado pelo “legado” e pela astúcia da dinastia Campos, Paulo Câmara transformou Pernambuco, em uma senzala socialista em que apenas os aliados e partidários, são os beneficiários diretos. 

O nosso plano de Saúde, o SASSEPE, mesmo cambaleante na gestão de Eduardo Campos, no governo de Paulo Câmara, foi enterrado junto com o Pacto pela Vida. Tem tudo a ver, não é mesmo?

Plano de Cargos de Carreiras para a saúde não existe e os salários dos Técnicos de Enfermagem (que muitas vezes são obrigados a fazer muitos bicos para sobreviver), Enfermeiros, Auxiliares, Assistentes, Maqueiros entre outros, é mesmo para lamentar. Salvo uma categoria ou outra e poderia citar aqui dois exemplos, mas prefiro não fazê-lo, todas as demais são humilhadas com salários medíocres, desafiadores e desanimadores.

Em 27 anos como servidor público, nunca consegui exercer minhas atividades profissionais nas gestões de prefeitos do qual não era simpatizante politicamente e do qual o direito democrático me reserva como escolha de votar livremente. No segundo mandato de Emanuel Bringel fui removido contra a minha vontade. Na gestão de Valdeir Batista da mesma forma e, no governo de Alexandre Arraes fui obrigado a exercer minhas atividades na cidade de Ouricuri. Tentei buscar o meu direito individual no Ministério Público e o próprio promotor (a quem preservo a identidade) afirmou que o prefeito é soberano. Não entendo. Se pago meus impostos no município em que vivo, criei toda a minha família, tenho residência fixa, não posso me sentir um “cidadão soberano” com um prefeito de mandato eletivo e passageiro?

O nosso dilema aumenta quando precisamos ser assistidos nos serviços de saúde e nos distanciamos daquilo que tanto fez parte do nosso trabalho. Seja na enfermagem, na Vigilância Sanitária, na Epidemiológica, no TFD, e em muitas atividades que o foco está em proteger “vidas”, quando necessitamos desses mesmos serviços, as dificuldades são muitas e posso garantir como protagonista dessa história, que sempre que preciso, tenho que enfrentar muitos obstáculos para encontrar assistência e me sentir um privilegiado em dizer que faço parte de uma área que sempre cuidou dos outros e sempre que necessitou foi cuidado. Não é verdade. 

Somos também corporativistas, defendemos apenas os nossos interesses individuais ou classistas, não nos juntamos no mesmo ideal e assistimos de camarote a nossa derrocada. 

Essa semana acredito, foi de muita reflexão para todos nós da saúde e espero que a chama de união nos envolva em um mesmo ideal, uma mesma luta, para conquistar os mesmos direitos que muitos têm conseguidos por ser representados.



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