Medida foi condição de Felix Fischer para revogar prisões temporárias de
cinco conselheiros suspeitos de envolvimento em esquema de corrupção.
Magistrado também mandou bloquear R$ 7 milhões.
Por
Mariana Oliveira, TV Globo, Brasília
O
ministro do STJ Felix Fischer (Foto: Assessoria Superior Tribunal de Justiça)
O ministro
Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), revogou as prisões
temporárias de cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio de
janeiro (TCE-RJ) e determinou o afastamento deles do cargo por 180 dias. Além
disso, o magistrado mandou afastar da Corte de fiscalização o conselheiro Jonas
Lopes, delator do esquema de corrupção
investigado pela Operação Quinto do Ouro.
A íntegra do
despacho não foi divulgada porque o caso está sob segredo de Justiça.
Pela decisão do
ministro do STJ, ficam afastados do TCE-RJ os conselheiros:
·
Aloysio Neves,
atual presidente do TCE-RJ;
·
Domingos
Brazão, vice-presidente do TCE-RJ;
·
José Gomes
Graciosa, conselheiro;
·
Marco Antônio
Alencar, conselheiro;
·
José Maurício
Nolasco, conselheiro;
·
Jonas Lopes,
conselheiro;
Os cinco
conselheiros beneficiados pela ordem de soltura haviam sido presos em 29
de março. Na deflagração da Operação Quinta do Ouro, a Polícia
Federal também prendeu o ex-conselheiro Aluísio Gama de Souza.
Os integrantes
do TCE-RJ afastados das funções são suspeitos de fazer parte de um esquema de
cobrança de propina que pode ter desviado até 20% de contratos com órgãos públicos
para autoridades públicas, especialmente integrantes do tribunal de contas e da
Assembleia Legislativa do Rio durante o governo Sérgio Cabral.
A PF aponta
duas suspeitas principais sobre os alvos da operação. A primeira é que
integrantes do TCE-RJ tenham recebido pagamentos indevidos em troca da análise
de contas e contratos. Todos são suspeitos de receber propina para fazerem
“vista grossa” em contratos entre empreiteiras e o governo.
A outra é que
agentes públicos tenham recebido valores indevidos envolvendo a viabilização do
uso do fundo especial do TCE-RJ para pagamentos de contratos do ramo
alimentício atrasados junto ao governo do RJ.
O Tribunal de
Contas é responsável por fiscalizar a gestão de recursos públicos do estado e
dar transparência às ações do governo. Braço de apoio da Assembleia
Legislativa, a Corte não é vinculada à Justiça. Os conselheiros do TCE são
nomeados pelo governador do estado.
Estrutura do TCE
TCE-RJ
tem primeira sessão plenária após prisão de cinco conselheiros (Foto: Henrique
Coelho / G1)
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa
do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). Eles informaram que ainda não haviam
recebido a notificação oficial do STJ e acreditam que a estrutura do tribunal
será a mesma que viabilizou a volta das sessões plenárias após a prisão dos
conselheiros.
A conselheira
Marianna Montebello Willemann, que exerce interinamente a direção do órgão,
convocou os substitutos Marcelo Verdini Maia e Andrea Siqueira Martins. O
auditor substituto Rodrigo Melo do Nascinento já vinha participando das sessões
há cerca de três meses, desde a licença do então presidente Jonas Lopes. Com
quatro conselheiros, o TCE-RJ atinge o quórum mínimo previsto no Regimento
Interno.
A operação foi
batizada de Quinto do Ouro em referência ao Quinto da Coroa, um imposto
correspondente a 20% que a Coroa Portuguesa cobrava dos mineradores de ouro no
período do Brasil Colônia, e que acabava desviado.
Prisões temporárias
As prisões
temporárias de Aloysio Neves, Domingos Brazão, José Gomes Graciosa, Marco Antônio
Alencar e José Maurício Nolasco iriam expirar nesta sexta-feira, ao final do
dia. Porém, como avaliou que não havia mais necessidade de renovar por mais
cinco dias as prisões dos conselheiros, o ministro do STJ mandou regovar as
ordens de prisão, o que possibilitará que eles sejam soltos assim que as
autoridades policiais forem notificadas da decisão judicial.
O despacho de
Felix Fischer tem efeito imediato, mas ainda terá que ser referendado pelo
plenário da Corte Especial do STJ em sessão que será realizada em 19 de abril.
No último
domingo (2), o magistrado havia renovado por mais cinco
dias as prisões dos conselheiros a pedido do
vice-procurador-geral da República, José Bonifácio de Andrada, que está à
frente do caso no Ministério Público.
No despacho
desta sexta, Felix Fischer explicou que decidiu mandar soltar os conselheiros
porque a Polícia Federal (PF) já concluiu um relatório parcial com base em
diligências feitas para coletar provas. Segundo o relator, como não houve novos
pedidos de diligências, ele entendeu que a prisão provisória não seria mais
necessária.
Condições para soltura
No entanto,
para autorizar a soltura dos cinco conselheiros, Felix Fischer estipulou uma
série de condições, entre as quais o afastamento temporário do TCE-RJ para
evitar que eles atrapalhem as investigações.
Os cinco
conselheiros que estavam presos terão de entregar os passaportes em até 24
horas. Eles também estão proibidos de entrar nas dependências do TCE, de usar
recursos do tribunal e de ter contato com funcionários da Corte.
Ex-conselheiro
do TCE-RJ, Aluísio Gama de Souza também terá de cumprir restrições judiciais
impostas pelo ministro do STJ, como não ter contato com funcionários do
tribunal e entregar passaporte.
Felix Fischer
afirmou ainda que o descumprimento das cautelares poderá resultar em um novo
mandado de prisão contra os conselheiros.
Bloqueio de contas
Além de determinar
condições para libertar os conselheiros, o relator da Quinto do Ouro no STJ
mandou bloquear mais de R$ 7 milhões que estavam em contas de três
conselheiros: José Maurício Nolasco (R$ 2,43 milhões), Marco Antônio Alencar
(R$ 3,653 milhões) e Domingos Brazão (R$ 1,376 milhão).
Em razão do
segredo de Justiça, o STJ não informou se os conselheiros continuarão recebendo
salários e benefícios durante o período em que estiverem afastados de suas
atividades no tribunal.
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