Negócio criado por pai de Wesley e
Joesley Batista começou em açougue em Anápolis (GO) e se transformou em maior
grupo privado do país, que também tem bancos e empresa de celulose.
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Wesley (dir.) e Joesley Batista, donos da JBS, durante evento em São Paulo em agosto de 2013 (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress/Arquivo) |
De empresa familiar criada a partir de um
pequeno açougue na cidade de Anápolis (GO), a JBS, donas de marcas como Friboi
e Seara, se tornou a maior processadora de carnes do mundo e a maior empresa
privada em faturamento no Brasil, só perdendo para a Petrobras.
As revelações
dos irmãos Joesley e Wesley Batista em delação premiada trouxeram denúncias
contra o presidente Michel Temer e criou pânico nos mercados financeiros. Os
empresários viram seu negócio se expandir nos últimos anos com o apoio do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os
donos da JBS também têm negócios em outros setores, reunidos na holding J&F
Investimentos. A J&F Investimentos se anuncia como o "maior grupo
econômico privado do país", empregando mais de 260 mil pessoas em mais de
30 países. A J&F já teve como presidente do conselho o então ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles.
Os dois irmãos
se dividem na operação do grupo. Joesley é o presidente da holding e Wesley
comanda o JBS.
Crescimento exponencial
A história da JBS começou em 1953 com o açougue A
Mineira, fundado por José Batista Sobrinho (cujas iniciais formam a sigla JBS),
pai de Wesley e Joesley Batista, os atuais donos do conglomerado. A empresa
adotou o nome Friboi quando passou a atuar com frigoríficos e cresceu comprando
outras unidades na década de 90. As primeiras exportações de carne in natura
vieram somente em 1997.
O grande salto se deu a partir de 2007, quando a empresa decidiu abrir o seu
capital, mudou o nome de Friboi para JBS e deu início a um processo de
internacionalização com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES).
A JBS foi uma
das beneficiadas pela chamada política de campeões nacionais do BNDES, que
tinha como premissa financiar a internacionalização de grupos brasileiros. Além
de financiar o grupo, o BNDES comprou uma participação na JBS por meio da
BNDESpar – braço do banco estatal que compra participações em empresas. A
operação que é investigada pelo Tribunal de Contas da União. Hoje o BNDES é
dono de 21% da JBS.
Capitalizado
com crédito e dinheiro dos novos sócios, o JBS foi às compras. Em março de
2007, o grupo anunciava a compra da norte-americana Swift por US$ 1,4 bilhão,
se tornando a maior empresa do mundo de alimentos de origem bovina.
Começava a
partir daí uma trajetória de rápida expansão internacional, que incluiria a
aquisição de outras gigantes como a Pilgrim´s Pride (empresa de frangos nos
EUA) e do frigorífico brasileiro Bertin e da Seara, passando a ser também a
maior produtora global de carne de aves.
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Wesley Batista, ao lado de Roberto Carlos e Tony Ramos, durante lançamento de campanha da Friboi em 2014 (Foto: Darlan Alvarenga/G1) |
Em 2016, a
receita líquida da JBS somou R$ 170,38 bilhões, alta de 4,6% ante o registrado
no ano anterior, ficando à frente da Vale (R$ 94,6 bi), Ultrapar (R$ 77,3 bi) e
Ambev (R$ 45,6 bi), segundo dados da provedora de informações financeiras
Economatica.
Negócios além da carne
Com o crescimento acelerado dos negócios, os donos da
JBS em 2012 um holding para atuar em outras áreas de negócios, a J&F
Investimentos. A última grande aquisição foi anunciada em 2015, ao comprar da
Camargo Corrêa o controle da Alpargatas, dona de marcas como Havaianas e Osklen
por R$ 2,66 bilhões. Veja os outros negócios da JBS:
·
Vigor (produtos
lácteos)
·
Flora (produtos
de higiene e limpeza)
·
Eldorado Brasil
(celulose)
·
Banco Original
(instituição financeira)
·
Âmbar (Energia)
·
Alpargatas
(calçados e vestuário)
·
Oklahoma e
Floresta Agropecuária (setor de agronegócios)
·
Canal Rural
(emissora de televisão)
No mundo dos negócios, os irmãos Batista se cercaram de
executivos do alto escalão. Um dos principais trunfos foi a atração de Henrique
Meirelles, ex-presidente do Banco Central no governo Lula e atual ministro da
Fazenda, para o cargo de presidente do conselho consultivo da J&F em 2012
(ele renunciou à função quando voltou ao governo Temer).
Meirelles comandou
a transformar o Banco Original, até então uma pequena operação voltada para o
crédito rural, em um banco de negócios digital.
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Joesley Batista e Henrique Meirelles, em foto de 2012, quando o atual ministro presidia conselho consultivo da J&F; (Foto: Darlan Alvarenga/G1) |
Executivos como o egípcio Tarek Farahat,
um dos responsáveis pelo salto da Procter & Gamble no Brasil, assumiu o
marketing global da JBS em 2015. Outro que entrou para o grupo foi Enéas
Pestana, ex-presidente do Pão de Açúcar.
A aproximação
dos Batista com o mundo político sempre foi forte. Nas eleições de 2014, o
grupo também chamou a atenção ao contribuir com mais de R$ 300 milhões, se
tornando uma das maiores doadoras de campanha do país.
Alvo de operações da PF
A partir de 2016, o grupo passou entrar na mira também de operações da
Polícia Federal.
Em 2016, o
grupo chegou a trocar temporariamente a presidência depois que a Justiça
impediu Wesley e Josley Batista de exercer cargos executivos, como consequência
da operação Greenfield, que investiga aportes de fundos de pensão na Eldorado,
empresa de celulose do grupo.
No último dia
12, a PF deflagrou a Operação Bullish, que investiga fraudes e irregularidades
em aportes concedidos pelo BNDES à JBS.
Outro abalo foi
a operação Carne Fraca, que derrubou o valor das ações da empresa e obrigou
também o adiamento do plano de lançamento de um IPO nos EUA da subsidiária JBS
Foods International, inicialmente previsto para o 1° semestre.
Em
teleconferência para analistas no último dia 16, Wesley Batista afirmou que
ainda vê o segundo semestre como uma janela para a realização do IPO, mas
ressaltou que o negócio ocorrerá quando a avaliação da subsidiária pelos
investidores não for afetada por assuntos como as operações da PF.
De acordo com
Batista, a Carne Fraca teve um impacto relevante não apenas do ponto de vista
de volumes processados, mas também de custos (custo maior de abate, comunicação
e publicidade) e preços, o que afetou a margem do primeiro trimestre.
A JBS fechou o
primeiro trimestre de 2017 com lucro líquido de R$ 422,3 milhões, revertendo
resultado negativo de R$ 2,64 bilhões apurado um ano antes.
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