Agnelo Queiroz, José Arruda e Tadeu Filipelli estariam por trás de desvios de 900 milhões de reais das obras do estádio Mané Garrincha
Por Da redação![]() |
O ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda , chega à sede da Polícia Federal, em Brasília após ser preso na a Operação Panatenaico - 23/05/2017 (Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo) |
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira a Operação Panatenaico, que investiga uma organização criminosa suspeita de desviar até 900 milhões de reais em recursos das obras do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, para a Copa do Mundo de 2014, informou a PF em comunicado.
Entre os alvos de operação estão, segundo a PF, agentes públicos e ex-agentes públicos, construtoras e operadores das propinas ao longo de três gestões do governo do Distrito Federal. São alvos de mandados de prisão como parte da operação os ex-governadores do DF Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (PR) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), que atualmente é assessor especial do presidente Michel Temer (PMDB). Os três já foram detidos pela Polícia Federal.
Orçadas inicialmente em 600 milhões de reais, as obras de reforma no estádio de Brasília para o Mundial custaram 1,575 bilhão de reais, fazendo da arena a mais cara da Copa do Mundo de 2014, de acordo com a PF.
Em razão da obra de o Mané Garrincha ter sido realizada sem prévios estudos de viabilidade econômica, a Terracap, companhia estatal do DF com 49% de participação da União, encontra-se em estado de iminente insolvência. O nome da operação diz respeito ao Stadium Panatenaico, “sede dos jogos panatenaicos, competições realizadas na Grécia Antiga que foram anteriores aos jogos olímpicos”, segundo a Polícia Federal.
Para recolher elementos que detalhem como operou o esquema criminoso que superfaturou a obra e lesou os cofres do GDF e da União, os cerca 80 policias envolvidos na operação foram divididos em 16 equipes. Devem ser cumpridos, no total, 15 mandados de busca de apreensão, 10 mandados de prisão temporária além de 3 conduções coercitivas.
(com Estadão Conteúdo)
Polícia Federal prende 2 ex-governadores do Distrito Federal
Polícia Federal prende 2 ex-governadores do Distrito Federal
Alvos são José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz, além do ex-vice Tadeu
Fillppelli, assessor de Temer. Operação investiga fraudes em obras do estádio
Mané Garrincha.
Por
Ana Paula Andreolla, Graziele Frederico e Luiza Garonce, TV Globo, G1 DF
A Polícia
Federal prendeu na manhã desta terça-feira (23) os ex-governadores do Distrito
Federal José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz e o ex-vice-governador Tadeu
Filippelli, atual assessor do presidente Michel Temer. Eles são alvos de uma
operação que investiga um esquema de corrupção na reforma do estádio Nacional
Mané Garrincha, em Brasília.
Às 11h55, a Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da República informou que
Filipelli será exonerado. Ele foi nomeado em 22 de setembro de 2016, ficando
portanto exatos 8 meses no cargo.
Também foram
levados em prisão temporária, o ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz,
Francisco Cláudio Monteiro, o ex-presidente da Novacap Nilson Martorelli, o
presidente do grupo Via Engenharia Fernando Márcio Queiroz e o suposto operador
de Agnelo, Jorge Luiz Salomão.
As
investigações apontam que o deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) também recebeu dinheiro
desviado das obras.
Entenda a operação
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A PF suspeita
que a reforma do Mané Garrincha foi superfaturada em R$ 900 milhões
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2
ex-governadores do DF e 1 ex-vice foram presos, suspeitos de receber propina do
esquema
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O ex-governador
José Roberto Arruda é apontado como quem bolou a fraude à licitação
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O ex-governador
Agnelo Queiroz atuou "retirando obstáculos" às obras, segundo a
Justiça
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O ex-vice Tadeu
Filippelli, assessor de Temer, é suspeito de receber propina para o PMDB
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A Justiça bloqueou R$ 26 milhões
dos três
A operação,
batizada de Panatenaico, é baseada em delação premiada de executivos da Andrade
Gutierrez sobre um esquema de corrupção na reforma do Mané Garrincha. A PF diz
que as obras podem ter sido superfaturadas em cerca de R$ 900 milhões, visto
que estavam orçadas em R$ 600 milhões mas custou R$ 1,575 bilhão.
Agnelo, Arruda
e Filippelli são alvos de mandados de prisão temporária, que tem duração de cinco
dias. Além deles, a PF prendeu Maruska Lima, ex-presidente da Terracap, empresa
do governo do Distrito Federal. Há ainda 3 mandados de condução coercitiva
(quando alguém é levado a depor) e 15 de busca e apreensão, todos expedidos
pela 10ª Vara da Justiça Federal no DF.
Segundo a decisão do juiz
Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF, José
Roberto Arruda enquanto governador do DF em 2009 e 2010, foi quem "tramou
a fraude licitatória" ao articular a saída de outras construtoras e
determinar a vitória do consórcio formado pelas Construtoras AG e Via
Engenharia em troca do recebimento de propinas.
De acordo com
as investigações, Agnelo teve o papel de "retirar os obstáculos" que
ainda houvessem para a construção do estádio e articular com a Terracap para
que a estatal do DF fosse a executora da obra, "a qualquer custo".
Segundo os colaboradores, o ex-governador recebeu para esta função
"propina milionária" por meio do operador Jorge Luiz Salomão,
sobretudo para custear eventos.
No documento, o
ex-vice-governador Tadeu Filippelli é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro
e de ter pedido propina "diversas vezes" para a empresa Andrade
Gutierrez. As investigações apontam há indícios de que o político recebeu
propina para seu partido, o PMDB, entre 2013 e 2014, tendo recebido valores
ilícitos também da Construtora Via Engenharia em razão do contrato para as
obras de reforma do estádio Mané Garrincha.
O Ministério
Público Federal informou que Maruska Lima, ex-presidente da Terracap, foi
integrante da Comissão de Licitação para as reformas do estádio. Segundo o
depoimento de um funcionário do consórcio vencedor, Maruska recebeu valores
ilicitos tanto da Via Engenharia como da Andrade Gutierrez. A ex-presidente é
acusada de corrupção, fraudes à licitação, associação ou organização criminosa
e lavagem de dinheiro.
De acordo com o
mesmo depoimento, o Ministério Público Federal informou que Nílson Martorelli,
presidente da Novacap na época, recebeu propina durante as emendas que foram
feitas no contrato da obra, sendo acusado dos mesmos delitos de Maruska.
Cerca de 80
policiais divididos em 16 equipes participam da operação. O nome é referência
ao Stadium Panatenaico, sede dos jogos panatenaicos, competições realizadas na
Grécia Antiga que foram anteriores aos jogos olímpicos.
Outro Lado
Ao G1, o deputado Rogério Rosso disse que ainda
não foi informado de que é investigado na operação. "Deve ser um
equívoco", afirmou. O advogado de Arruda, Paulo Emílio, disse que ainda
está "tomando pé das circunstâncias", mas que vai tentar revogar o
mandado prisão.
A defesa de
Agnelo Queiroz disse que no momento está acompanhando a busca e apreensão. E
que só após conhecer o inteiro teor do Inquérito e da cautelar, será possível
emitir algum comentário.
A defesa de
Tadeu Filippelli informou que está acompanhando a diligência e espera ter o
acesso à decisão e às cópias dos autos liberado "para saber quais
providências tomar". Procuradas, as advogadas da ex-presidente da Terracap
Maruska Lima, não atenderam.
Em nota, a
Terracap informou que absorveu, em seu balanço de 2016, o prejuízo aproximado
de R$ 1,3 bilhão e que a ausência do teste de viabilidade econômica já tinha
sido apontada por auditoria independente. A empresa afirmou ainda ter
encaminhado a documentação relacionada ao teste de recuperabilidade ao Tribunal
de Contas do Distrito Federal, ao Ministério Público do Distrito Federal e à
Controladoria-Geral do Distrito Federal e estar colaborando com a Polícia
Federal.
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Foto do estádio Mane Garrincha em Brasilia antes do jogo Brasil x África do Sul (Foto: Felipe Schmidt/GloboEsporte.com) |
As suspeitas
Além dos
políticos, a operação desta terça tem como alvo agentes públicos, construtoras
e operadores das propinas que atuaram na época. Segundo a PF, a suspeita é de
que com a intermediação dos operadores, os agentes públicos tenham simulado
etapas da licitação. O Mané Garrincha não recebeu financiamento do BNDES, mas
da Terracap, empresa do governo do Distrito Federal que não tinha este tipo de
operação prevista entre suas atividades.
Agnelo, que foi
governador do DF de 2011 a 2015, foi condenado a ficar inelegível por oito anos
em 2016. O Tribunal Regional Eleitoral entendeu que ele e seu vice, Filippelli,
usaram a publicidade do governo para se favorecer a campanha de 2014.Em
fevereiro passsado, o Tribunal Superior Eleitoral manteve a punição ao
ex-governador, mas absolveu o ex-vice.
Filippelli foi
nomeado assessor especial do gabinete pessoal de Temer em setembro de 2016.
Antes, integrava, desde 2015, a assessoria parlamentar da vice-presidência da
República. Segundo blog da Andréia Sadi,
Filippelli despacha no 3º andar, onde fica o presidente, e é um dos assessores
que faz a interlocução de bastidor com o Congresso e empresários.
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O governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), ao lado do vice-governador Tadeu Filippelli, em pronunciamento em hotel de Brasília. (Foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo) |
Em julho de
2014, Arruda foi condenado pelo Tribunal de Justiça do DF por improbidade
administrativa e pelo suposto envolvimento no esquema de corrupção conhecido
por mensalão do DEM. No mesmo ano, ele teve o registro barrado no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa e renunciou a
candidatura para governador do DF.
O ministro Luiz
Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
encaminhou à Justiça Federal do Distrito Federal as citações feitas por delatores
da Odebrecht e relacionadas a obras na capital federal, em abril deste ano. As
supostas irregularidades se referem às obras do estádio Mané Garrincha, do novo
Centro Administrativo, em Taguatinga, e do condomínio Jardins Mangueiral.
Duas das petições
citam o ex-governador do DF José Roberto Arruda. O ex-governador Agnelo Queiroz
(PT) é alvo de outra petição.
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