Por Sérgio Montenegro
ENTREVISTA / Geraldo Julio
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Geraldo Julio afirma que seu desafio,no momento, é manter todos os serviços funcionando (Foto: Divulgação) |
Nesta segunda parte da entrevista que concedeu ao Blog do Diario com exclusividade, o prefeito Geraldo Julio admite com todas as letras a possibilidade de reabrir o diálogo com partidos como o PSDB e o DEM, que chegaram a participar da base do governador Paulo Câmara, mas na campanha do ano passado – por conta da candidatura à reeleição do próprio prefeito – passaram para a oposição. No entanto, avalia que nesse momento conturbado do país, não é hora de conversar essas questões. Geraldo também minimiza os ataques que a gestão Paulo Câmara já começou a enfrentar, com vistas à disputa estadual do próximo ano, e repete o insistente bordão criado pelo ex-governador Eduardo Campos, de “só discutir eleição na época da eleição”. O prefeito fala ainda dos índices insatisfatórios de popularidade do governo, e arremata reconhecendo os problemas que a crise econômica gerou para a sua própria gestão, dificultando o cumprimento de todas as promessas de campanha. Leia a entrevista:
Blog do Diario – Como o PSB está se preparando para os ataques ao governador Paulo Câmara e à sua gestão, decorrentes da campanha, que já começou? Quem está no poder é sempre “vitrine”...
Geraldo Julio – Desde que chegamos ao governo em 2006, adotamos uma postura de só discutir eleição no período estabelecido pela lei para a campanha eleitoral. Exatamente porque, como estamos governando, temos uma responsabilidade muito grande com a população, sobretudo em um momento como esse que o país está passando. Crise econômica, desemprego, muita dificuldade. Temos um aumento na demanda nos serviços de saúde, de pessoas que perdem o emprego e perdem o plano de saúde. Demandas na educação, de pessoas que saem das escolas particulares. Então, os serviços públicos oferecidos pela prefeitura e pelo Governo do Estado têm tido um aumento da demanda e temos a responsabilidade de cuidar disso. E tenho certeza que Paulo, liderando a Frente Popular, vai colocar o debate da eleição apenas no período da campanha, que hoje, pela lei, dura 45 dias. Essa antecipação que a oposição vem tentando provocar, nós não vamos entrar nela. A pauta da eleição de 2018 vai ser tratada pela Frente Popular em 2018.
Blog – O governador não atingiu os índices de popularidade que o PSB gostaria. Quem herdou o governo de Eduardo Campos, cuja aprovação era alta, teria a expectativa de ao menos manter-se próximo, mas as pesquisas têm mostrado índices diferentes…
Geraldo – Paulo tem andado muito pelo Estado, não só com o (programa) Pernambuco em Ação, mas com visitas a obras, assinaturas de ordens de serviço. Ele inaugurou recentemente nove estradas no interior, abriu 12 escolas técnicas estaduais, acabou de inaugurar uma UPA especialidades em Ouricuri, inaugurou outra aqui Recife (Arruda), com a gente, inaugurou o Compaz Ariano Suassuna, no Cordeiro. Em todos os lugares, ele é sempre bem recebido pela população.
Blog – Mas isso não tem se refletido nas pesquisas…
Geraldo – É, mas a gente nunca se pauta por pesquisa.
Blog – O tempo todo, prefeito. Todo político deve se pautar por pesquisas, não?
Geraldo – A gente não. A gente tem o sentimento da população, faz a leitura diretamente com ela. Pesquisas que eventualmente tenham sido publicadas não interferem no nosso planejamento, que é nesse momento foco total na população, e cuidar da eleição na hora certa. Paulo lidera hoje não só o PSB, mas uma frente política muito ampla de partidos importantes, que está ajudando nesse momento, em que governar é uma tarefa desafiadora. A gente está vendo governos, como o do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, quebrados. E a frente formada por esses partidos, junto com o PSB, tem ajudado Pernambuco e o Recife a superar esse momento de dificuldades.
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Paulo Câmara e Geraldo, na campanha: Índice de popularidade não preocupa (Foto: Divulgação) |
Blog – Até o ano passado, Paulo Câmara contava com alguma simpatia por parte do PSDB e do DEM. Mas por conta da candidatura do senhor à reeleição, houve um racha. É possível que esses partidos sejam convocados para retornar à base? Tem como trazer de volta o DEM e o PSDB, ou mesmo tentar uma reaproximação com o PT?
Geraldo – A frente é ampla. Mas a aliança que hoje governa Pernambuco e o Recife está sempre aberta ao diálogo. Esses partidos que hoje estão na oposição, se desejarem abrir uma pauta de conversas, de diálogo sobre o futuro do Estado, tenho certeza que o governador estará aberto a isso. E a possibilidade de esses partidos virem a fazer parte da aliança pode ser uma coisa viável, desde que as partes tenham interesse.
Blog – O PSB vai esperar que esses partidos sinalizem ou pode acenar para um diálogo?
Geraldo – Nesse momento conturbado que o Brasil está passando não há nem clima de conversa. Os canais estão sempre abertos, as pessoas conversam sempre, mas essa discussão específica fica mais para frente, por conta do cenário atual do país.
Blog – No seu primeiro mandato, quando a crise econômica começou a se abater sobre o país, o senhor deixou de cumprir algumas promessas de campanha. Neste segundo governo, com o agravamento da instabilidade política e do cenário de aperto dos cofres públicos, vai dar para cumprir todos os compromissos assumidos com o eleitor?
Geraldo – A situação dos municípios no país é muito dura. A gente tem um grande desafio em 2017, que já era grande antes da crise (política) da semana passada, que é manter todos os serviços funcionando. Acho que essa é a meta de todo prefeito no Brasil. Manter a creche aberta, a escola funcionando bem, a merenda chegando, o posto de saúde com o médico, a limpeza da cidade, a iluminação.
Blog – E esquecer os investimentos?
Geraldo – Poucos municípios estão fazendo investimentos. A gente tem o dever de chegar ao final de junho com cerca de três mil pessoas trabalhando nas obras da Prefeitura. Claro que a gente está priorizando as obras que já estão em andamento e algumas que estavam paralisadas e que retomamos. Essa é a meta. Vamos fazer alguns investimentos, o que é coisa rara hoje no país, até gerando empregos com isso. Cerca de 300 milhões de reais em investimentos.
Blog – E a questão dos recursos que viriam do Banco Mundial? Ainda conta com isso?
Geraldo – Em 2013, no início da gestão, a gente negociou com o Banco Mundial um empréstimo de 220 milhões de dólares. Infelizmente o governo federal travou essa negociação durante dois anos, até que em 2015 tivemos a aprovação da operação. Mas em 2016, o Brasil perdeu o grau de investimento, e quando isso acontece, o Banco Mundial é obrigado a trocar as modalidades de empréstimo. Naquele momento a operação voltou para a “casa um”. Desde lá, estamos tratando com o Banco Mundial outra operação, que está bastante adiantada. Esperamos concluir em 2018, para fazer investimentos na cidade e gerar empregos.
Blog – Se a crise deixar, não?
Geraldo – Do ponto de vista de capacidade de endividamento, o Recife é cidade menos endividada do país entre as capitais, e o governo federal tem que abrir os olhos para que as operações internacionais com os municípios e estados realmente aconteçam, para gerar emprego e dinâmica econômica para a população.
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