Tadeu Filippelli e Sandro Mabel foram as baixas mais recentes do Palácio
do Planalto. Ao todo, presidente já viu quatro assessores políticos terem de se
afastar do governo nos últimos meses.
Por
G1 e TV Globo, Brasília
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Homens de confiança de Michel Temer caem ante denúncias de escândalo e corrupção |
Em menos de 24
horas, o presidente Michel Temer perdeu dois assessores importantes do seu
núcleo mais próximo no Palácio do Planalto. Tadeu Filippelli foi exonerado nesta
terça-feira (23) após ser preso pela Polícia Federal (PF)
acusado de envolvimento no esquema de superfaturamento das obras do estádio
Mané Garrincha, em Brasília. No mesmo dia, o empresário e ex-deputado Sandro
Mabel (PMDB-GO) – importante articulador do presidente no Congresso Nacional – entregou uma carta a
Temer pedindo demissão.
Os dois
assessores despachavam no terceiro andar do Palácio do Planalto, mesmo
pavimento do gabinete presidencial.
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Assessor do presidente, Tadeu Filippelli, e dois ex-governadores do DF são presos |
Fillipelli foi preso pela Operação
Panatenaico para não atrapalhar as investigações sobre o
suposto pagamento de propina e superfaturamento na construção do Mané
Garrincha. A operação se baseou nas delações premiadas dos executivos da
Andrade Gutierrez à Lava Jato.
Segundo os
delatores, Filippelli teria sido um dos beneficiados pelo esquema de corrupção
que desviou dinheiro da reforma da arena de Brasília.
Construído para
a Copa do Mundo de 2014, o estádio foi orçado, inicialmente, em R$ 600 milhões.
No fim das contas, a obra acabou custando R$ 1,7 bilhão. Segundo os
investigadores, o superfaturamento nas obras pode ter chegado a R$ 900 milhões.
Já Mabel é
investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de ter recebido caixa
2 da construtora Odebrecht. Na carta de demissão entregue a Temer nesta terça,
ele agradeceu por ter passado dois anos participando das decisões do governo e
lembrou que trabalhava como colaborador, sem remuneração, e que tinha pedido
para se afastar do cargo algumas vezes para se dedicar à família.
Segundo a
colunista do G1 Andréia Sadi, a
Procuradoria da República em Goiás – estado que é a base eleitoral do agora
ex-deputado de Temer – requisitou, na semana passada, a instauração de um
inquérito policial para apurar supostos pagamentos ilícitos
feitos, nas eleições de 2010, por ex-executivos da construtora a Mabel.
Outras baixas no Planalto
Além de
Filippelli e Mabel, Temer perdeu, nos últimos meses, o amigo e assessor José
Yunes – citado na delação de um dos ex-dirigentes da Odebrecht – e, mais
recentemente, o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
Afastado da
Câmara por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), Rocha Loures ocupava, nos
primeiros meses do governo Temer, uma sala no Palácio do Planalto ao lado de
Tadeu Filippelli. Em março, ele assumiu mandato de deputado na vaga do atual
ministro da Justiça, Osmar Serraglio, e agora foi citado na delação do dono da
JBS Joesley Batista.
Rocha Loures
foi filmado pela Polícia Federal carregando, no dia 28 de abril, uma mala com
R$ 500 mil entregue por um executivo do grupo J&F, holding que controla o
frigorífico JBS. De acordo com as investigações, era dinheiro de propina. o que
ninguém explicou ainda é onde foram parar os 35 mil reais que estavam na mala,
mas desapareceram agora na hora da devolução.
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Rocha Loures devolve mala faltando R$ 35 mil da propina |
Nesta terça, o
deputado afastado entregou à PF a mala com R$ 465 mil reais, além do
passaporte.
À época em que
despachavam no Planalto, Filippelli e Rocha Loures eram atendidos pela mesma
secretária. Depois, ganharam salas maiores, na outra ponta do terceiro andar do
palácio, onde ficaram próximos de José Yunes, amigo de Temer que também pediu
demissão após ser citado na delação da Odebrecht. As salas eram muito próximas
do gabinete do presidente da república.
E essas não
foram as únicas baixas de nomes importantes ligados a Temer. O ex-ministro da
Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima teve que deixar o cargo depois que foi
acusado de pressionar outro ministro, o da Cultura, a liberar uma obra que
estava embargada em um prédio em Salvador. Geddel também foi citado por Joesley
Batista.
Já o ministro
da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o da Secretaria Geral, Moreira Franco, estão
respondendo a inquéritos na Lava Jato. Os dois foram acusados por delatores da
Odebrecht de terem recedido propina da empreiteira.
A sequência de
quedas e escandâlos envolvendo gente da confiança do presidente da República
está deixando até parlamentar governista incomodado.
"Ninguém
tem dúvida de que um governo não se sustenta em uma sucessão de escândalos e de
pessoas que vão caindo a sua volta", afirmou à TV Globo o deputado Marcos
Rogério (DEM-RO).
O que disseram os auxiliares de Temer
Ao Blog da
Andréia Sadi o ex-assessor Sandro Mabel Mabel disse que tem "zero
preocupação" com a informação prestada pelos delatores da Odebrecht à Lava
Jato envolvendo o nome dele.
Mabel afirmou
ainda que não recebeu dinheiro por fora em sua campanha a deputado em 2010. Ele
negou que sua saída do Palácio do Planalto tenha a ver com a instauração do
inquérito e ressaltou que, por ele, não sairia do governo.
"Mas a
família falou mais alto. Saía de casa angustiado, sofrendo. Eu vi que não tinha
mais suporte familiar para ficar. Eu tinha prometido que sairia em setembro, eu
sou guerreiro. Mas, neste caso, prometi à família que sairia".
A defesa de
Rocha Loures disse que, no momento oportuno, vai prestar todos os
esclarecimentos.
O advogado de
Tadeu Filippelli informou que vai pedir a revogação da prisão, por entender que
as diligências já foram feitas.
O ex-ministro
Geddel Vieira Lima disse não ter declarações a fazer.
Os ministros
Eliseu Padilha e Moreira Franco disseram que só vão se manifestar nos autos.
A TV Globo e o G1 não tiveram retorno de José Yunes.
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