Haydée Marques diz não ter responsabilidade na morte do bebê de um ano e
meio. 'Não sou pediatra, não sou neurologista, pedi à outra unidade de
ambulância para atender'
Por
Bruno Albernaz, G1 Rio
A médica Haydée
Marques, que se negou a atender um bebê de um ano e meio na semana passada
disse, após prestar depoimento na 16ª DP (Barra) nesta segunda (12), que não
tem responsabilidade na morte da criança.
"Estou triste e muito
abalada pela criança ter morrido, mas não estou arrependida porque não fiz nada
de errado do código de conduta médica. Eu pedi outra unidade, com pediatra para
atendê-lo", disse.
"Não sou
pediatra, não sou neurologista, pedi à outra unidade de ambulância para atender
esta criança. Disseram que a unidade estava indo”, relata.
Segundo ela, a
criança não corria risco de vida e tinha uma unidade de cuidados especiais em
casa (HOMECARE). De acordo com o relato da médica, a técnica em enfermagem teria informado
que o quadro era de uma gastroenteirite de uma criança de um ano com
neuropatia.
Segundo a
delegada titular da unidade, Isabelle Conti, testemunhas ainda serão ouvidas e
a médica não "trouxe elementos". Conti confirmou que a médica estava
à espera de uma nova ambulância. "Ainda não há pedido de prisão",
informou.
O advogado que
representa a família do menino Breno afirmou que eles entrarão com um processo
contra o plano de saúde Unimed, contra a médica Haydée Marques, que teria se
recusado a atender a criança, e contra a Cuidar, empresa terceirizada que faz o
serviço de ambulância.
Segundo Gilson
Moreira, ela deveria ser afastada do exercício da medicina pelos órgãos
responsáveis.
"Ela é uma
médica que deveria ter saído da ambulância, prestado auxílio, tirado a criança
daquelas condições, levado pra UTI preparada pra essa finalidade e ser
socorrida numa UTI de um hospital para que, efetivamente, ela pudesse ser
socorrida", explicou o advogado.
'Me tirou a última chance', diz mãe
Depois o
depoimento da médica, a mãe de Breno, o bebê morto, disse que acredita que a
médica lhe tirou a última chance de salvar o filho.
"Eu acho
que ela me tirou a última chance. Eu não tenho como garantir que o meu filho
estaria vivo, mas eu tinha uma chance de ir ao hospital. No momento em que ela
chegou, às 9h10 da manhã e a hora que meu filho foi a óbito, as 10h26, em 1h20
eu teria chegado hospital e meu filho teria atendimento. Ele poderia ter
vomitado sim, mas aí eu teria outros recursos que hospital me oferecia, que no
caso não tinha", disse a mãe do bebê, Rhuana Lopes Rodrigues.
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Rhuana Lopes Rodrigues acredita que havia tempo de salvar o bebê Breno (Foto: Bruno Albernaz/G1) |
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